Semana de Vela (foto: Carlos Lua)
Lição Nº1
Como em qualquer esporte de alta competitividade, a vela também vive de talento, investimento e treinamento. Talento que é matéria prima insubstituível, investimento que é combustível múltiplo (tem o de dinheiro, como tem o de tempo, como ainda o de sacrifício) e treinamento que é diferença definitiva. O talento é algo abençoado, sempre bem vindo, mas incontrolável; já o investimento tem que ser criativamente procurado, dosado e empregado. Por fim o treinamento tem que ser usado sem economia, como se não houvesse um amanhã, respeitando apenas os limites físicos e de regulamento. Vale, como já foi mencionado, para vela, automobilismo, vôlei, futebol, tênis, basquete, ginástica de solo e assim por diante.
Lição Nº2
A segunda aula mostra como é importante um planejamento, uma definição bem precisa dos objetivos. Acertar o equilíbrio entre os diferentes esforços separando de forma bem precisa as estratégias das táticas. Enquanto as primeiras cuidam de colocar em foco os alvos pretendidos as segundas se concentram em aplicar as melhores e mais práticas alternativas. Tudo muito bem balanceado, fruto acumulado de experiência, vivência e discernimento. Lição que, curiosamente também, vale para ser aplicada além dos limites da vela.
Lição Nº3
A terceira aula tem contornos muito mais comportamentais já que atenta para a convivência. Comunicação, respeito, hierarquia, comportamento, sociabilidade e uma mentalidade de equipe forte, à prova de intempéries de toda sorte. Uma coesão que começa ao saber entender e aplicar um exercício mental que ganha força quanto mais é praticado e respeitado pelos seus integrantes. Gente convivendo e cuidando de gente, mostrando a todo instante que do outro lado estão outros seres humanos, tão preocupados quanto em promover o mesmo espírito de equipe, tão dedicados como em entender como aproveitar melhor as condições da natureza que os cerca e embala.
Um curso, composto das 3 lições acima, muito bem programado e supervisionado está em andamento desde o início de 2005. Primeira, Segunda e Terceira Lições balanceadas e vividas com intensidade dentro e fora das competições. Assim é que tanto os velejadores do ABN AMRO 1, como aqueles do ABN AMRO 2 estão percorrendo uma verdadeira maratona de treinamentos e competições.
Já levaram barcos para os Estados Unidos e Inglaterra, já trouxeram (ou estão trazendo) esses barcos de volta. Já deram a volta nas Ilhas Britânicas, já venceram a prova em torno da Ilha de Wight. Já foram de Portugal para o sul da França, já venceram a prova de Marselha até o Congo, já venceram a prova e quebraram o recorde centenário da Rolex Transatlantic Challenge.
Agora, enquanto uns atravessam o Atlântico (dos estados unidos até a nova base da equipe na Espanha) com o ABN AMRO 2, outros se preparam para Transpac (Los Angeles – Honolulu) e outros estão competindo na Semana de Vela de Ilhabela. Uma prova definitiva de que a logística do TEAM ABN AMRO poderia muito bem ser mais uma das Lições a serem seguidas por quem quiser fazer bem feito uma Volvo Ocean Race.
Este texto foi escrito por: Carlos Lua, correspondente do TEAM ABN AMRO