Carlos Lua (o primeiro da esquerda) na primeira vez a bordo do ABN AMRO 1 (foto: Jon Nash)
Direto de Sanxenxo (Espanha) – A Espanha amanheceu na 2ª feira comemorando o nascimento da pequena Leonor, filha do Príncipe e Princesa de Astúrias. Dom Felipe, seu pai, é o primeiro na linha de sucessão ao trono espanhol e a recém nascida Leonor passa a ocupar o segundo lugar como herdeira da coroa da Espanha. Paralelamente o país não parou ainda de comemorar o primeiro título mundial na F1 conquistado por Fernando Alonso, começa a se motivar com o campeonato nacional de futebol e está aquecendo as turbinas para a largada da Volvo Ocean Race que acontece sábado dia 5.
Uma 2ª feira chuvosa de cara amarrada, de nuvens baixas, carregadas, mas de vento forte, convidativo para os barcos do TEAM ABN AMRO saírem em mais uma sessão de testes. Mas o que é um dia normal para eles, velejadores, nem sempre é um dia normal para nós, a tripulação dos laptops que vai seguir os barcos nessa volta ao mundo.
É claro que sim, obrigado – Foi a resposta desse seu correspondente ABN AMRO quando convidado pelo skipper Mike Sanderson para estar a bordo do ABN AMRO ONE nos treinos da tarde. Depois de um simples e direto Venha velejar com a gente hoje à tarde do Mike e da resposta rápida E claro que sim, obrigado ficou o exercíco de fazer uma lista mental dos procedimentos para aproveitar a ocasião da melhor maneira possível.
Não é toda hora que faltando apenas 5 dias para o começo de um Volvo Ocena Race se tem a oportunidade de velejar em um barco desses. E lá fomos nós, transformados agora em uma tripulação de 11 pessoas, 10 trabalhando e um prestando atenção. Em tudo, tirando fotos virtuais de tudo, aproveitando cada instante dessa primeira vez.
Não adianta ficar procurando adjetivos, o V70 é um barco impressionantemente rápido e pronto. Acelera muito e mostra toda a sua força assim que as velas começam o seu trabalho. A chuva serviu para aumentar ainda essa impressão de velocidade com as gotas batendo no rosto enquanto o velocímetro ao pé do mastro mostrava a velocidade subindo rapidamente até chegar aos 20 nós. Nada mal para um vento que não era daqueles mais fortes. E lá fomos nós fazendo testes de vela após vela para ventos de popa, proa e través.
Atravessando toda a ría (baía) de Pontevedra, desde sua boca entre Ponta Miranda e Ponta Couso semi-fechada pelas ilhas de Ons e Onza, cambando para o lado da praia de Silgar em Sanxenxo, rumando para a margem oposta a da cidade de Bueu ou entrando em direção à desembocadura do Rio Lérez. Aliás a ría de Pontevedra vale um capítulo a parte por sua riqueza biológica e altissima prodção de peixes, moluscos e crustáceos. Mas isso fica para outra vez, aqui e agora o assunto é o ABN AMRO ONE.
Preciso, muito preciso – Por seu lado a tripulação trabalha com tamanha precisão e tão bem engrenada que dá impressão que está em câmera lenta, que tudo é fácil de fazer. Com o passar do tempo, a chuva deu lugar a um belissimo final de tarde com sol e vento constante, aumentando o prazer de velejar em um dos mais rápidos monocascos existentes. Para finalizar o dia um match race contra o ABN AMRO TWO, com procedimentos de largada e três pernas completas do circuito triangular que vai ser usado na inshore race. Hora de adrenalina ao máximo, hora de colocar em prática os meses de treinamento, hora de competir com a mesma intensidade que vão usar durante os próximos 200 dias e 32.000 milhas.
Já acabou? – Depois de quase 5 horas no mar, que mais pareceram 5 minutos, era hora de voltar ao real Clube Nautico de Sanxenxo. Sorrisos de satisfação, por motivos tão diversos nos 11 rostos a bordo e na cabeça de um deles (eu mesmo, lá na popa do barco na foto do Jon Nash) já tinha forma a simples pergunta que as primeiras vezes sabem tão bem fazer aparecer: Quando é que vou velejar de novo no ABN AMRO ONE?
Este texto foi escrito por: Carlos Lua, correspondente do Team ABN AMRO