ABN Amro 1 treina para a regata (foto: Divulgação/ VOR)
Direto da Cidade do Cabo, África do Sul – A região de Carrara na Toscana, Itália, é conhecida no mundo todo pelo mármore que suas montanhas produzem. O conhecido como ‘statutario’, branco e brilhante foi usado para fazer monumentos e esculturas por diversos gênios. O mais importante deles o escultor, arquiteto e pintor da Renascença, o também toscano Michelangelo Buonarotti, ia a Carrara encontrar os blocos de ‘statutario’ para fazer obras primas como “Davi” e “Pietá”.
Na simplicidade que têm as mentes iluminadas Michelangelo costumava dizer que: “Cada bloco de pedra tem uma estátua dentro e é tarefa do escultor descobrí-la, tirando as partes que não fazem parte da estátua” Poucas coisas na vida poderiam ser mais facilmente explicadas ao mesmo tempo em que parecem mais impossíveis de serem alcançadas. Mas a importância não está apenas n que Michelangelo disse, mas sim no exemplo que deixou, um exemplo que ajudou a formar um país único como a Itália.
Convidativo beira mar – A região da Toscana, além da sua fértil história cultural tem também uma costa privilegiada, banhada pelos mares da Ligúria e Tirreno, além de milhares de anos de histórias do mar e do comércio. E lar também de diversas atividades ligadas à vela que dão espaço para que a arte da indústria naval italiana apareça.
Foi nesse cenário que cresceu Tommaso Chieffi o novo tático a bordo do ABN AMRO 1 na regata in port da Cidade do cabo. Um italiano de 44 anos de idade com uma longa história e abundantes resultados desde seus tempos em barcos pequenos até os dias de glória na America’s Cup, vencendo a Louis Vuitton Cup como tático a bordo do Il Moro di Venezia em 1992.
Tommaso começou a velejar quando tinha apenas 5 anos de idade e foi convidado para se juntar ao Team ABN Amro apenas no dia 21 de dezembro. “Estava em casa era o meu aniversário e recebi um telefonema do Roy Heiner, o Diretor de Vela do Team ABN Amro e um amigo de longa data, me convidando para vir a Cidade do Cabo e fazer a in por trace. Não pensei duas vezes e aqui estou, na equipe do Mike Sanderson ele também um amigo e fantástico velejador com quem velejei na America’s Cup”.
E ele prosseguiu: Quanto mais velho fico, mais gosto de ser tático. Não tenho que me concentrar em manejar o barco e posso prestar mais e mais atenção na prova, ter tempo pra prestar atenção no percurso e nas dicas do tempo, cores da água, nuvens e no trabalho intenso que faço com os meteorologistas. Estando livre de qualquer outra incumbência posso estudar melhor o percurso e prestar atenção também na seleção das velas e em todos os aspectos que compõem uma regata. Gosto cada vez mais de tudo isso.
“Os skippers têm a tendência de serem bastante tensos, na largada de uma regata, quando não têm retorno do tático. Tentar transmitir a eles calma e assegurar que as decisões que estão tomando são as decisões certas, você precisa ser um pouco psicólogo também.” Não muito longe daquilo que fazia o seu conterrâneo tirando esculturas de dentro de blocos de pedra, Tommaso está ajudando a fazer aparecer o vencedor que existe dentro de cada velejador.
A prova in port com a previsão de ventos de mais de 20 nós é a oportunidade que o Team ABN Amro está esperando para provar o conceito de seus barcos e a qualidade de suas tripulações, dois aspectos que impressionaram Chieffi nos dois teste que fez junto com eles. “Acredito que seremos muito fortes, mas sou italiano e supersticioso e não vou fazer nenhum comentário adiantado.”
Este texto foi escrito por: Carlos Lua, correspondente do Team ABN Amro