Seletiva Portugal – Condições de mar que as equipes enfrentarão nas próximas 48 horas (foto: Mark Van Allen)
Direto de Portimão, em Portugal – O Domingo de Ramos serviu como um descanso bem vindo para todos. Depois das emoções e privações da semana inteira que culminaram com a eliminação de alguns candidatos (nota do editor: dentre eles dois brasileiros), a esperança voltou a tomar conta dos 12 velejadores buscando pelas 8 vagas disponíveis.
Novos grupos definidos e novas funções a bordo na maratona que começou na segunda-feira ao meio dia quando o Pindar zarpou da Marina de Portimão. Segundo Murice Herrevoets, um dos integrantes da comissão julgadora : “é a hora de ver quem consegue entrar módulo de piloto automático e funcionar no leme e nas diversas posições a bordo automaticamente sem precisar pensar”, explicou antes de entrar a bordo do Pindar para observar as primeiras 6 horas de navegação. “É aqui no barco que tudo vai se decidir” a oportunidade é igual para todos.
Navegação – A preocupação maior de todos era acertar com seus companheiros o esquema de navegação, restrito ao uso do GPS, carta náutica e precisão do tempo. O brasileiro Lucas Brun, sempre acompanhado de seu inseparável caderninho onde anota tudo, junto com Edgardo Vieytes, sempre à vontade por sua experiência internacional, foi convidado para sair velejando no Pindar com Emma Richards, Sèbastien Josse (Jojo), Sidney Fischer (SiFi) e Justin Slattery, proeiro do Dream Team no ABN Amro.
Foi uma saída domingueira, com vento de 4 nós e mar de almirante que serviu para relaxar e dar oportunidade à mídia (entre eles o correspondente que vos fala) de viver um pouco da emoção, andando mais rápido que o vento, em um barco da classe Open 60 com uma tripulação que, somada, já deu 6 voltas ao mundo.
André Mirsky, com a experiência de comandante de seu próprio barco em regatas longas no Brasil e no Caribe, se preocupou principalmente em orientar os companheiros que não têm experiência em navegação noturna. “Para nós é fácil mas tem gente aqui que nunca navegou à noite, vamos ter que dar uma ajuda” completou o brasileiro com a sua habitual calma.
Já Sèbastien Josse, Jojo para os franceses, ou Seb para os anglo-saxões, antes de começar a maratona na segunda-feira (ele vai passar 12 horas seguidas a bordo, revezando com Emma Richards) deu a sua contribuição analisando aquilo que vai observar à bordo.
Já tive a oportunidade de velejar com todos os candidatos e me parecem muito bons, quero ver como se saem à noite quando o que vale é a sensibilidade, já que não é possível ver as velas e nem ler o mar” explicou o francês, que fez ainda uma observação interessante: “em um veleiro é importante a antecipação, pensar antes o que vai acontecer e tomar a decisão em tempo, um pouco como dirigir na auto-estrada, não se pode ficar olhando fixo para o carro que vai à frente, mas sim deve-se olhar mais adiante, antevendo manobras e prestando muita atenção.
Quero também me acostumar mais com a quilha basculante, afinal no barco em que cheguei em quinto lugar na Vendèe Globe (volta ao mundo em solitário), que terminei no mês passado. O meu barco ainda era um projeto antigo com tanques de água que serviam de lastro. A diferença é que com os tanques demora-se 30 minutos para bombear tudo de um lado para o outro, com a quilha basculante do Pindar são apenas 3 minutos, já no VOR 70, nos ABN Amro 1 e 2 serão apenas 9 segundos, é muito rápido e muito eficiente também”, explicou.
Piratas do Caribe entram em cena – Foi anunciada hoje (21) a participação de um sétimo barco na Volvo Ocean Race, pertencente ao sindicato americano Atlant Ocean Racing, o Piratas do Caribe 2 que com essa ação trazem, ao mesmo tempo os estúdios Disney e o poder de divulgação de Hollywood, para fazer ainda maior a regata mais difícil do mundo.
Este texto foi escrito por: Carlos Lua, correspondente do Team ABN Amro