Pichini e Lourival sofrem com os problemas (foto: André Chaco/ www.webventure.com.br)
O piloto brasileiro Paulo Pichini faz sua estréia no Rally Dakar e relata como está sendo as aventuras e dificuldades do maior rali do mundo.
Hoje trago notícias melhores que as de ontem. Não que eu tenha tido um dia mais fácil ou ameno. Para começar a temperatura aqui é bastante diferente do que estamos acostumados no Brasil, de dia o sol é intenso, forte e nos dá muito calor. À noite a temperatura baixa, gela até a alma e isso em dias de dificuldades também funciona como um teste a mais.
Ontem foi meu terceiro dia de competição, e como estamos em um grande rali, todos administramos problemas. Sim, eu disse todos. O vencedor da etapa de ontem, por exemplo, também chegou a final da especial justificando que seu tempo até poderia ter sido melhor, mas em função de pequenos problemas só deu pra fazer “aquele” tempo.
Ah eu com ‘aquele carro” e “aquele tempo”! Para ser sincero, estes dias iniciais me quebraram um pouco fisicamente, mas não emocionalmente. E isso é muito importante em um rali. Aqui tudo conta, e por isso uma prova como essa nos fortifica mentalmente para as dificuldades gerais da vida.
Na especial de ontem, válida pelo terceiro dia de competição, foram 551 km de especial, e enquanto o líder, Nasser AL Attiyah e sua navegadora Tina Thorner fecharam a prova com 4h29min27seg, a bordo do seu super BMW, eu e meu navegador, Lourival Roldan, terminamos o mesmo percurso em pouco mais de nove horas!
Vou explicar: para começar nossos carros são incomparáveis em desempenho, e para piorar, o nosso teve uma pane elétrica após o km 100!
Chegamos a pensar que a alternativa era esperar nosso apoio ir nos resgatar para sairmos daquele lugar. Mas, graças a Deus, Ele me providenciou um navegador experiente e persistente, que só sossegou quando descobriu o defeito do carro; um fio terra da chave geral estava desconectado. Simples assim, porém importante a ponto de nos tomar horas preciosas para um bom resultado.
Sempre uma lição – Daí fica a lição: pequenas coisas, detalhes que às vezes nos passam despercebidos podem nos tirar de uma disputa. O importante é não se deixar abater, raciocinar com calma, achar o vilão da história, consertar o problema e seguir em frente!
Depois deste episódio, as dificuldades continuaram por lá… A embreagem ainda sofre, a areia fina quer nos atolar, a poeira nos engolir. A diferença é que agora lidamos com tudo isso com mais domínio. Que venha o quarto dia!
Até amanhã!
Este texto foi escrito por: Paulo Pichini
Last modified: janeiro 6, 2009
