
Matias reinicia sua jornada (foto: Matias Eli/ Arquivo pessoal)
Como vocês devem ter notado pelo título, finalmente consegui sair de Fiji. Agora eu posso dizer com todas as letras, “eu não conheço as praias paradisíacas de Fiji!”. Isso porque trabalhei feito um condenado durante estes dois meses de manutenção do barco. Durante esse período a rotina não variava muito. Começava ao redor das 7h com a decisão do prato de café da manha: opção número 1″ – dois ovos fritos com pão e leite no barco ou “Opção número 2” – dois “rotis” de carne moída com batata ou atum com batata, e mais um café com leite no café da marina por FJD$ 5,50 (equivalente a um pouco menos de R$5,50).
Depois passava o dia ajudando em alguma manutenção, instalação ou em algum outro serviço relacionado à manutenção, limpeza, organização ou administração do barco. Parava uma hora para almoçar: “opção número 1” – macarrão ou batata com ovo no barco ou “opção número 2” – peixe e batata frita ou x-burguer com batatas fritas pelo equivalente a R$15,00 no bar da marina
Às 17h, quando já não era mais possível aguentar o meu cheiro de suor, fechava a “lojinha” e ia tomar um banho antes de seguir para o bar onde encontrava o Sepo, servindo uma cerveja para o Gery ou para o Tonni. Duas figuras ótimas! O Tonni consertava refrigeradores na Austrália, comprou um barco e a mais de 20 anos vive abordo, perambulando entre as ilhas do pacífico, de Samoa a Papua Nova Guiné. O Gery nasceu na Nova Zelândia, era mecânico e vive no seu 36 pés (veleiro) de aço o “Hart – Beat”, a mais de 30 anos. Tanto o Tonni quanto o Gery tem mais de 60 anos e tem namoradas nativas, de pelo menos 30 anos menos.
Assim como o Gery e o Tonni existem muitos, esse tipo de viajante fica por muito tempo no mesmo lugar (normalmente mais de cinco anos). Na turma do bar ainda tinha, as famílias que navegavam com os filhos e resolveram ficar por mais algum tempo em Fiji para que as crianças e os jovens possam freqüentar alguma escola. E por fim os outros navegadores que assim como eu estavam de passagem pela marina efetuando algum trabalho de manutenção.
A despedida – Nesse dia, o bar estava cheio e a bandeira do Bravo estava pendurada numa das vigas do teto junto com outras bandeiras surradas, que assim como a minha, foram doadas ao bar. O Tonni contou uma estranha história do “amigo dele” que vive em Port Morsby (Papua Nova Guiné). Ele estava levando o barco através do estreito de torres (assim como eu pretendo fazer no mês que vem) e diz a lenda, ou melhor, o Tonni, que o cara se atrasou vários dias, pois pegou um tempo horrível que acabou danificando o barco. Depois de alguns dias de tempestade e confirmado o atraso na previsão de chegada, os vários amigos de Port Morsby ficaram preocupados.
Mas antes deles avisarem a guarda costeira, a namorada do desaparecido, falou para o Tonni não se preocupar, pois ela já havia mandado um pássaro para ver se tudo estava bem. Segundo relato, nosso herói, ao ser interrogado se tinha visto algum pássaro durante a tempestade, ele confirmou que não somente viu como alimentou um pássaro que passou a noite abordo. Obviamente ninguém acreditou numa palavra do que o velho tinha dito e ele foi obrigado a pagar uma rodada de cerveja para todo mundo.
Brindamos a despedida do Bravo, pois no dia seguinte seguia para Musquit Cove, na Ilha de Malolo que fica a seis horas de navegação da marina. O principal objetivo, além de relaxar um pouco, era testar todos os equipamentos e sistemas antes de me afastar de Fiji.
Este texto foi escrito por: Matias Eli, especial para o Webventure
Last modified: junho 4, 2010