Após o incidente com o Bravo Matias relembra amigos da viagem (foto: Matias Eli/ Arquivo pessoal)
Depois de chegar ao Bravo e constatar a sujeira que ele se encontrava, fui até o bar na Marina de Vudu, Fiji, e encontrei o “Sefo” que já estava fechando, mas que não me negou uma gelada. Foi ele que me pós a par de alguns acontecimentos medonhos que aconteceram durante minha ausência.
O Patrick, um sommelier francês que viaja com a mulher e as três filhas acabou deixando a marina antes do término da temporada de furacões e deu de cara com o furacão “Mike” que devastou Fiji alguns meses atrás. O barco acabou naufragando num conjunto de ilhas a pouco mais de 50 milhas daqui.
Todos estão bem, mas o barco foi para o fundo, e teve que ser resgatado com o auxílio de bóias de flutuação num resgate que durou vários dias. Durante a tempestade a tripulação se escondeu dentro de uma caverna enquanto viam o seu barco afundar e os coqueiros voarem. Já o Paul, que viajava apenas com o cachorro, não teve tanta sorte, pois encontraram o barco dele navegando, no piloto automático e com o cachorro desidratado a bordo. Ele sofreu o pior dos pesadelos de qualquer marinheiro, inclusive o meu, que é cair do barco.
A maioria dos barcos não precisa de nenhum tripulante abordo para continuar no mesmo rumo e na mesma velocidade, pois contam com pilotos automáticos ou lemes de vento (que tem uma função semelhante). Quando se cai na água o barco se afasta rapidamente, deixando o descuidado tripulante a deriva no meio do mar e sem poder pedir auxílio. Ambos eram companheiros de bar na última parada da viagem no fim do ano e essa notícia me abalou bastante.
Bravo pronto – Uma semana depois da minha chegada o barco já estava na água, que alegria! Os barcos definitivamente não foram feitos para ficar no seco, mas a sujeira ainda estava laja que não adiantava limpar o barco, pois apesar dos progressos feitos durante a semana ainda tinha muito trabalho pela frente. Toda a fiação foi verificada, os terminais elétricos trocados e as baterias substituídas. Tinha energia abordo! Enchi os tanques de água e de repente tinha também banheiro.
Pisos no lugar e equipamentos instalados, as caixas iam desaparecendo e deixando o caminho livre para o aspirador de pó, a vassoura e um pano úmido no interior. Era hora de desfazer as malas e guardar a roupa na gaveta, após três semanas acampado no meio daquela sujeira. Passei um dia inteiro limpando e polindo todas as peças de aço inox. Lavei o convés e depois passai um gel ácido para clarear a fibra. O Bravo estava renascendo como um “Fênix”!
Ainda tenho vários “rounds” pela frente, mas estou ganhando na contagem dos pontos. Daqui pra frente o jogo vai ser outro, pois esta semana volto a navegar. Agora vai ser preciso manter a guarda alta para não levar um knock-out como o do Patrick, ou pior ainda como o do Paul. Cuidado, precaução e conservadorismo entraram definitivamente no meu vocabulário. Bem-vindos a bordo! Peguem suas roupas de tempo e deixem uma caixa de “dramin” do lado do computador, pois partimos em breve.
Este texto foi escrito por: Matias Eli, especial para o Webventure