Formado em Biologia na Universidade Federal de São Carlos, fez mestrado em Ecologia e passou de aluno a professor da universidade. Depois de sete anos como docente, resolveu mudar de vida e apostar na fotografia. Com 30 anos já era quase doutor, mas não estava contente. Comecei a trabalhar com meu pai para ganhar dinheiro e comprar um equipamento bom, além de uma casa na Chapada Diamantina, disse.
David já fotografou as mais importantes provas do país e exterior, como o Desafio dos Vulcões, no Chile, o Ecomotion/Pro na Chapada Diamantina, Costa do Dendê, Serras Gaúchas, Rio de Janeiro, Jericoacoara e o circuito Brasil Wild.
Para os interessados em ingressar na carreira de fotógrafo de aventura, Davi alerta sobre os perrengues e a dificuldade de sobreviver apenas com isso. Quando falo que sou fotógrafo de aventura e natureza, muitos acham que tenho vida boa, mas não é bem assim. O mercado é pequeno, bem concorrido e o trabalho é sempre em condições difíceis, explicou.
Algumas histórias o fizeram aprender na prática o que é ser fotógrafo de aventura e natureza. No primeiro Desafio dos Vulcões, prova na Patagônia, que fotografei, levei blusas de moletom, calça jeans e tênis de corrida. No primeiro trecho de canoagem me molhei todo e não tinha como secar a roupa. De noite fez 12°C e não consegui dormir de tanto frio, lembrou.
Hoje Davi leva uma mochila de 33 litros de capacidade com tudo necessário para permanecer pelo menos dois dias sem contato nenhum com a civilização. Antes de tudo, a mochila precisa ser feita com tecido com secagem rápida e ser sempre acompanhada de um saco estanque com a mesma capacidade. Assim coloco tudo dentro e a mochila pode até cair no mar que permanece tudo seco dentro, contou.
Além disso, o equipamento conta com roupas de tecido especial, comida, repelente, saco com medicamentos, lubrificante para os olhos, toalha, capacete e equipamento de técnicas verticais. O mais inusitado foi uma rede para dormir. Às vezes esperamos muito tempo até a passagem das equipes, ou o nascer do sol. Principalmente em provas longas, uma hora de sono salva o dia inteiro de trabalho, aconselhou.
Ao fim da palestra sobre fotografia de natureza e aventura, Davi Santos Jr comentou sobre algumas técnicas de enquadramento, medição de luz e visão de fotógrafo. A primeira imagem comentada foi do MTB Trip Trail, em que dois ciclistas aparecem em um canto da foto, com o destaque maior para o céu e a paisagem. A fotografia de natureza me ajudou muito a colocar também a paisagem nas fotos. Uma imagem simples, de dois ciclistas em uma subida, pode ficar muito melhor se o fotógrafo mover um pouco a câmera e enquadrar também a paisagem, explicou.
Segundo Davi, uma técnica utilizada pelos fotógrafos é dividir o quadro em terços, orientados de cima para baixo e da esquerda para a direita. É preciso pensar o que colocar nesses terços para uma boa composição da imagem, aconselhou.
Mas quando as condições não estão perfeitas, é preciso usar a criatividade, afirmou o fotógrafo. Um exemplo que ele deu foi a medição de luz em uma foto com céu nublado. Medi a luz no ponto mais claro, o que acaba escurecendo a foto, mas valoriza as nuvens, disse. Ele mostrou ainda duas imagens com motivos inusitados. Uma de vários rastros de carro e moto em um areião, e outra de água em movimento, em um trecho turbulento de rio. É importante olhar para todos os lados, com olhar de fotógrafo, e perceber uma boa imagem mesmo em coisas simples, aconselhou.
Detalhes – Algumas pessoas anotaram cada palavra do fotógrafo, que ficou mais de meia hora após o evento tirando dúvidas, dando conselhos e conversando com o público. Ricardo Machado, de 28 anos, levou um caderno e caneta para levar cada detalhe para casa. Fotografo apenas por hobby, mas peguei várias dicas. A palestra foi bem clara, gostei bastante. Já vou usar o que aprendi em uma viagem no fim do ano para a Patagônia, comentou.
Este texto foi escrito por: Daniel Costa
Last modified: novembro 30, 2006