Diretor geral considera RN um grande parque de diversões com esportes aventura e ecoturismo (foto: Thiago Padovanni/ www.webventure.com.br)
Prestes a iniciar a sua 11ª edição, o Rally RN1500 já tem seus detalhes acertados e este ano terá a prova será no sentido contrário da edição anterior. A largada será em Natal (RN) e seguirá em direção do Trairí, Seridó, Vale do Assu, Oeste potiguar e retorna para a capital do Estado pela Ponte Newton Navarro.
Para este ano a outra novidade é a preocupação da organização do evento com o impacto ambiental que ele causa. As emissões de gás carbônico serão neutralizadas, os carros dos organizadores usarão biodisel e haverá uma equipe de cara-lixo na trilha. Além disso será lançada uma categoria para veículos movidos a álcool. A prova é uma das mais tradicionais de rali cross-country do país e uma das mais concorridas também.
Kleber Tinoco, diretor geral da RN1500, trabalha como produtor de eventos há 16 anos e já atuou desde produção de ralis até TV, passando por filmes, cursos, publicidades, livros, revistas, fotografias, festas e corridas de aventura. É colunista da Revista Moto!, piloto de testes, consultor do Programa Motores e Ação e dá cursos de pilotagem. Confira a entrevista com ele sobre a história e a edição 2008 do RN1500.
O que significa o RN 1500 para você?
O RN 1500 é um rali de velocidade com mais de mil quilômetros de extensão, onde participam carros, motos e quadriciclos – disputado no mesmo formato do Rally Dakar – que cruza todo o Rio Grande do Norte. É o evento mais importante que tenho; uma prova tradicional no Campeonato Brasileiro de Rally Cross Country, eleita pelos pilotos como a segunda maior e melhor prova do país (a 1ª tem milhões de reais, risos…), graças ao seu elevado nível técnico. O Rally RN 1500 é uma prova que me dá muito prazer e através dela eu tenho a possibilidade de apresentar a todos um Rio Grande do Norte que muitos não conhecem; repleto de sítios arqueológicos, de fazendas antigas, de serras e formações rochosas impressionantes, de muitas igrejas… Eu canto a minha aldeia (risos…).
Qual a sua opinião sobre o RN 1500 e o povo potiguar?
O rally é um sucesso, modéstia a parte (risos…), dito pelos pilotos, e é uma grande ferramenta de divulgação para o Estado, municípios e empresas. A maioria das pessoas pensa no rally somente como uma competição, mas não é só isso. Existe todo um marketing de relacionamento que cumpre muito bem o seu papel. Como bons brasileiros, nós potiguares também somos apaixonados por corrida, de qualquer tipo e no rally não é diferente. É comum encontrar pessoas no meio do sertão assistindo a passagem dos pilotos e até torcendo, mas é a nossa hospitalidade que conquista, quando se fala em rally no Rio Grande do Norte todos querem vir, é um problema (risos…). Acho que a combinação beleza e hospitalidade é imbatível e daí vem grande parte do nosso sucesso como destino turístico!
Quem participa do RN 1500 e quais as impressões de todos sobre o Estado e a competição?
Em 2007 participaram pilotos de 14 Estados, é um público eclético, mas tem um monte de bacanas (risos…). Temos os pilotos e navegadores profissionais, a turma das motos e dos carros do Nordeste… O perfil é basicamente de empresários, sendo a maioria do mercado financeiro. O Rio Grande do Norte exerce uma atração muito forte sobre todos e o maior motivo são as belezas naturais, mais trabalhamos também na divulgação do nosso potencial econômico e muitos se surpreendem com os dados da produção de petróleo, gás, sal, fruticultura, minérios, turismo…
Por que o RN1500 é considerado especial?
Os pilotos o consideram assim porque consegue reunir a maior diversidade de terrenos possível em apenas quatro dias de corrida, temos de serras a sertão, dunas, praias… Para você ter uma idéia, ano passado fizemos uma especial de velocidade com 108 km em Jucurutu, de onde o piloto saía a 83 metros acima do nível do mar, subia a Serra de João do Vale até 723 metros de altitude e voltava, isso em pleno sertão! Pilotos com experiência internacional como Jean Azevedo e José Hélio e o navegador Lourival Roldan afirmam que o Seridó é exatamente igual ao Marrocos e a Tunísia, com as mesmas características de terreno, o que torna o RN 1500 o mais africano dos rallys brasileiros… Este ano vamos ter no Rally seis pilotos que já correram o Dakar.
Qual o futuro do RN 1500 e o que esperar para 2008?
O RN 1500 tem crescido progressivamente, de forma planejada, equilibrada e vai tornar-se uma prova muito maior, com mais retorno de mídia, com a participação de pilotos estrangeiros; graças a tudo que respondi antes. O nosso potencial é enorme! Já temos mais de vinte jornalistas, entre brasileiros e estrangeiros na prova deste ano e também é provável a participação de um piloto francês, um dos top mundiais nas motos, que sabe do Rally RN 1500, conhece o seu roteiro e tem interesse em participar; eu torço para que dê certo! Acredito que esta 11ª edição deve ser a mais competitiva do rally e com um grande número de participantes em todas as categorias.
Qual a importância do evento para o Rio Grande do Norte e o que o torna especial?
Se você procurar Rally RN 1500 no Google vai encontrar mais de 70.000 páginas no Brasil, em Portugal e na Espanha, com notíciais sobre o Rally e em praticamente todas elas as nossas belezas naturais são destacadas, desde o litoral até o Seridó, passando por Macaíba, Jucurutu, São Miguel do Gostoso, Guamaré… Temos mais de 3 horas de gravações de matérias de TV em todo o país, dezenas de revistas, centenas de jornais e até entrevistas de rádio. O Rally ano passado teve enorme destaque na imprensa nacional e também na Espanha através da revista Solo Moto, uma das mais importantes da Europa, que publicou uma matéria de cinco páginas sobre a prova com o titulo Un rally por el paraiso, destacando a qualidade técnica do evento e as nossas belas paisagens.
Em números, o que este evento movimenta e qual o impacto dele em cada cidade por onde ele passa?
Hoje a nossa caravana movimenta diretamente em torno de 450 pessoas, que comem, dormem, abastecem os seus carros, motos e quadriciclos, que usam os serviços de mecânicos, borracheiros e muito mais. Isso gera receita nos municípios, além do que é gerado pela própria prova através da compra de artesanato, de troféus, do acesso à internet, etc.
O Rally já revelou vários pontos turísticos do RN para o mundo. Cite alguns exemplos
Sem medo de errar, o Seridó e a Costa Branca, citados em praticamente tudo o que rola sobre o Rally. As serras do sertão impressionam, o deserto do alagamar idem.
Quais os diferencias do RN para os demais Estados nordestinos, e o que deve ser feito para o ecoturismo crescer e se desenvolver de forma sustentável?
Eu costumo dizer que o Rio Grande do Norte é um grande parque de diversões, e é mesmo. O potencial do Estado para os esportes de aventura e ecoturismo é absurdo: nós temos excelentes pontos para o kite surf, como Barra de Cunhaú, São Miguel do Gostoso e Pernambuquinho, um dos melhores pontos para vôo livre do mundo que é Patú, alguns dos melhores pontos de mergulho e pesca oceânica do Brasil são nossos. A nossa maior atração é uma aventura, os famosos passeios de buggy com ou sem emoção (risos…) e Pipa, nosso segundo destino surgiu graças ao surf. Acho que o Estado tem que assumir definitivamente essa identidade.
Quais outros eventos fazem parte desta proposta de ecoturismo?
Eventos de esportes outdoor funcionam, nós acabamos de receber o Enduro Cerapió, etapa do brasileiro de enduro de regularidade; em abril/maio é a vez do RN 1500, etapa do brasileiro de rally cross country, em junho chega aqui o Rally dos Sertões, etapa do brasileiro e do mundial de rally cross-country, em julho temos uma etapa do brasileiro de enduro, em agosto, uma etapa nacional de rally universitário, ainda teremos uma grande expedição de quadriciclos e possivelmente uma etapa mundial de um esporte a motor de muito sucesso… O retorno disso tudo é enorme! O turista europeu quer natureza, cultura, fauna, flora, coisas típicas, têm curiosidade para saber como vive o povo, sua culinária… Eles procuram conhecer absolutamente. Acho que isso que retrata bem o nosso potencial para o ecoturismo. As regras para isso: acreditar, educar, divulgar, estruturar…
Este texto foi escrito por: Webventure
Last modified: fevereiro 19, 2008