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Dispensar isolamento foi trunfo de Paloma na decisão

Redação Webventure/ Montanhismo

Pernas pra cima, óculos escuros, acomodada numa cadeira bem de frente para o muro, acompanhando a decisão masculina. Quem passava ontem por Paloma Cardoso nem suspeitaria que dali a poucos minutos ela estaria no muro, travando a superfinal da sua vida contra a chilena Sara Aylwin, na Copa Sul-americana de escalada.

Em decisão conjunta com a advesária, a brasileira abriu mão do isolamento. Acertou: “Ganhei a tranqüilidade que precisava para, somada à minha vontade, fazer aquela via a qualquer custo”, conta em entrevista à Webventure.

Webventure – Qual a sensação de finalmente vencer a Sara?

Paloma Cardoso – Liberou uma pressão, que tinha formado. Afinal fiquei em segundo lugar em dois campeonatos que ela ganhou, em 99. Para mim não foi tão importante ter ganhado dela, mas só o fato de vencer um campeonato é muito bom.

Webventure – Parecia que você estava muito tranqüila…

Paloma – Ontem (sábado) tudo de ruim que poderia ter me acontecido veio à tona, eu estava mau-humorada, nervosíssima, li a via como se fosse mais difícil… Aí nesta final, eu pensei: ‘Vou dar o melhor de mim, aconteça o que for…”

Webventure – Você não foi para o isolamento na superfinal.

Paloma – Eu e a Sara fizemos essa opção, já tínhamos ficado muito tempo isoladas, é muita pressão. Mas não tivemos leitura de via depois porque ela estava sendo montada na nossa frente. A gente optou por assistir aos meninos e acompanhar a montagem. Até achei que a gente ia poder ler depois, me assustei… Mas já tinha prestado atenção, claro. Quando me chamaram foi o tempo de dar uma aquecidinha, me encordar e entrar na via. Gostei desse modo.

Webventure – A atuação da Sara decepcionou?

Paloma – Não. A via estava mais difícil que as outras, mas devia estar bem pior porque por pouco ela não fez, a virada do teto estava igual… Eu fiz, para ela fazer era um, dois. Mas ela me disse que estava “tijolada”, cansada. Só que depois do lugar onde ela caiu a via ficava mais fácil. Se ela tivesse passado, com certeza tinha chegado ao fim.

Webventure – Você sentiu a responsalidade de colocar o Brasil no pódio, já que os homens não tinham conseguido?

Paloma – Não, fiquei tão relaxada de ficar assistindo o masculino que entrei e pensei: “Quero fazer essa via, não quero cair”. Negativo tinha uns movimentos de força, aí conversei com o meu braço: “Fica bem que eu quero chegar ao final”. Quando cheguei no último teto sabia que não iria cair mais. Na hora que eu fiz, foi um alívio, adorei ter feito a via.

Webventure – Parece as vias do Sul-americano agradaram a todo mundo…

Paloma – Olha, esse campeonato foi bom, elas estavam perfeitas, cada um caiu num ponto.

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira

Last modified: abril 24, 2000

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