Escalada do Dedo de Deus no Rio estado onde Helena começou a escalar. (foto: Arquivo pessoal)
Todo mundo me pergunta como comecei a escalar… A história dá voltas e é longa sente-se, com uma xícara de café nas mãos, e viaje comigo lá para o começo de 1991… Eu era estudante de jornalismo no Rio de Janeiro, onde ainda moro, e fazia estágio em uma assessoria de imprensa. Esta assessoria trabalhou em um festival de balonismo em Itaguaí, estado do Rio, e eu acabei indo participar do evento…
Fui, vi um balão pela primeira vez na vida e voei, claro, sendo devidamente batizada. Dali para integrar uma equipe e tatuar um balão no ombro foi um pulo. Não parei mais. Já que o piloto da minha nova equipe era alpinista, acabei parando adivinha onde? Nem preciso dizer que ele me levou para as montanhas, né? Pois levou.
Mas nem tudo foi tão simples assim. Eu tinha PÂNICO de altura. Eu disse pâ-ni-co. Pavor. Medo de verdade, daqueles paralisantes. Começava uma caminhada e não conseguia passar nas partes mais expostas. Vou repetir: caminhada.
Aquilo não era vida – Era mau humorada, para piorar tudo. Odiava a vida no meio do mato. Não tomar banho, dormir em barraca, cozinhar ao ar livre, fazer as necessidades idem. E quando chovia, então? Não, decididamente, aquilo não era vida. Levada por meus amigos (?), eu não escolhia muito e acabava parando em lugares como o Parque Nacional do Itatiaia ou a Pedra do Baú. Nada muito radical, nenhuma mochila cargueira nas costas.
Onde será, então, que tudo mudou? Em 1993, já longe desses amigos de São Paulo (e um do meu atual clube, o CAP Clube Alpino Paulista), sofri muito por não ter com quem fazer montanha. Sentia saudades. Sentia falta. E decidi buscar um Curso Básico de Montanhismo, para aprender a andar em pedra, como costumo dizer.
Venci o medo – Eu não queria escalar e, muito menos, virar alpinista. Queria caminhar, mas tinha tanto medo que decidi vencer o medo com o conhecimento. Se deu certo? Até demais… Fiz o curso do Clube Excursionista Carioca em 1993 e nunca mais parei de escalar.
Aprendi a andar na rocha e nas trilhas. Aprendi a escalar e a usar todo o material necessário para isso. Adorei tanto a experiência que se tornou a minha vida e simplesmente não sei mais viver sem a montanha. Gostei tanto que abandonei, por longos seis anos, o balonismo.
Até o ano passado, quando a piloto paulistana Liliam Benzi me convidou a integrar a sua equipe feminina primeira do Brasil. Topei, né? De novo… Virei sua navegadora de plantão, pronta para qualquer decolagem de qualquer lugar do Brasil e do mundo. Hoje, navego no ar, voando com ela. E, assim, vou unindo o útil ao agradável, praticando no ar as minúcias da navegação com bússola e GPS que, depois, utilizo nas montanhas. Quer melhor forma de treinamento?
Este texto foi escrito por: Helena Artmann