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Doença de Chagas

A Doença de Chagas foi descrita pelo brasileiro Carlos Chagas em 1908. O pesquisador notou a presença de um inseto grande, que se alimentava de sangue dos animais (hematófago), presente no reboco das casas (casas de pau a pique): o Barbeiro, também conhecido como “Chupança”. Carlos Chagas especulou que este inseto poderia ser também transmissor do agente da malária. Entretanto, através de sua dissecção, para sua surpresa, não encontrou o parasita da Malária e sim um novo parasita flagelado. Posteriormente este parasita foi denominado Trypanossoma cruzi.

Ele foi capaz de identificar esse mesmo parasita no sangue de um gato e no sangue de uma menina residente no mesmo domicílio do gato que apresentava um quadro febril. Na época pode notar que o parasita estava presente apenas na fase aguda (inicial) da doença, não estando mais presente após a recuperação do doente.

Em 1909, publicou a descrição de uma nova doença causada por um tripanossoma. Na mesma publicação foi capaz de descrever a doença, identificar seu agente causal e seu agente transmissor. Nos anos seguintes, descreveu todos os acometimentos da doença, incluindo a forma congênita (transmissão de mãe para filho durante a gestação).

A Doença de Chagas é uma doença infecciosa causada pelo parasita Trypanossoma cruzi. Na maioria dos casos deve-se à picada do inseto Barbeiro(vetor da doença), em regiões onde o inseto e o parasita estão presentes (região endêmica).

O controle dos vetores com inseticidas diminuiu o número de casos novos de doença de Chagas em muitos estados brasileiros. Outras maneiras de transmissão são possíveis, como:

  • Transmissão transplacentária (congênita)
  • Transfusão de sangue ou componentes do sangue contaminados
  • Transplante de órgãos de doadores portadores do parasita
  • Acidente com sangue contaminado de pacientes
  • Acidente com material de laboratório
  • Surtos onde ocorre a ingestão de grande quantidade do parasita

    A doença manifesta-se de duas maneiras: fase aguda e fase crônica. Após a picada do barbeiro nas regiões endêmicas, algumas pessoas podem apresentar em poucas semanas a forma aguda da doença, caracterizada pelo surgimento de gânglios (linfonodos), febre, manchas, inchaço (edema) do olho e dores musculares. Os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente.

    Após décadas, uma parcela pequena de pessoas que entraram em contato com o Trypanossoma cruzi desenvolveram a forma crônica da doença, com “dilatação” do coração e acometimento do trato gastro- intestinal (esôfago e intestino).

    Nos casos em que há suspeita de contaminação alimentar (caldo de cana, açaí), há maior quantidade de parasitas envolvidos. Nestes casos, tritura-se uma grande quantidade de insetos e/ou fezes, além da possibilidade de contaminação do alimento ou maquinário por secreções de animais silvestres como o gambá. Por esta razão, os sintomas das pessoas expostas tendem a apresentar maior gravidade, como no Interior do país, nas roças e sítios mais afastados, e no ano passado do município de Navegantes, em Santa Catarina.

    O diagnóstico é feito através de exames que comprovam a presença do parasita no sangue ou sorologias com pesquisas de anticorpos. O tratamento é recomendado somente em casos específicos, com eficácia moderada e efeitos colaterais importantes. A prevenção é realizada com o controle do vetor (barbeiro), através de inseticidas em regiões endêmicas.

    Este texto foi escrito por: Verdi Saúde (Medicina do Viajante)