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Duda Carvalho nos EUA – parte 2


Cenas do campeonato PCA Tour na cidade de Boulder (EUA). (foto: Divulgação PCA Tour)

O brasiliense Duda Carvalho já está de volta ao Brasil, mas ainda sobraram histórias para contar da viagem que fez conhecendo um pouco mais da escalada nos Estados Unidos. Confira!

Bons tempos em Bishop, na Buttermilk, que eu comecei a comentar na primeira reportagem (clique aqui para ler). Escalei mais um V10. Dessa vez quem abriu foi o Chris Sharma, e como ele não gosta de dar nome aos boulders o pessoal de lá chama de Sharma Traverse V10. É uma curta travessia de 10 movimentos, sendo o crux um movimento muito longo, onde tive que usar um abaulado horrível de intermediária. Consegui encadenar no meu segundo dia de tentativas.

Fui conhecer outros locais para escalar boulders em Bishop: Happy Boulders, Sad Boulders e Rock Creek. Fiquei impressionado com a diversidade de rocha que Bishop oferece. Sad e Happy Boulders são de formação vulcânica; Rock Creek é um granito diferente de Buttermilk e bem parecido com o de Yosemite. Essa diversidade faz com que seu repertório de movimentos fique bem rico.

Tentei mais algumas vezes The Shild V10, mas não consegui. Caí várias vezes depois do crux, em um movimento longo para um agarrão. O Shild teve que ficar para próxima vez, porque tive que partir para Boulder.

Campeonato – Não confunda: Boulder é o nome da cidade onde aconteceu o campeonato PCA (Professional Climbers Association), quando tive o prazer de estar junto com os “mutantes” da escalada mundial. Meu objetivo nesse campeonato era passar da primeira fase e mostrar para os gringos que o boulder no Brasil está se desenvolvendo. Consegui: fiquei num ótimo quarto lugar e me classifiquei pra semifinal.

Esta fase semifinal contava com 70 escaladores – 20 tinham vindo comigo da primeira fase e os demais são os “monstros” do circuito que não precisam passar pela primeira fase. Novamente me surpreendi: fiquei em 42° lugar, na frente de alguns escaladores que participam do circuito há dois anos. Somente os 20 primeiros foram às finais no dia seguinte.

Cheguei cedo e peguei um bom lugar para assistir a decisão do campeonato, que para mim era um sonho que eu via pela Internet. Dessa vez eu estava lá, assistindo o canadense Nels Rosaasem dar mais um show. Após ganhar do Chris Sharma na etapa anterior, dessa vez ele não teve problema para concluir os quatro boulders e ficar com um tranqüilo primeiro lugar. Lembrei muito da energia de há exatamente um ano atrás, quando eu e meus parceiros brazucas Diogo Ratacheski e André Berezoski conseguimos um histórico pódio 100% Brazuca no Sul-americano de boulder, no Chile!

Potencial – Essa viagem me mostrou que realmente os EUA são incríveis para se escalar em rocha e na organização de campeonatos, mas agora sei qual é a posição da escalada brasileira. Vejo claramente o grande potencial que temos. Vamos objetivar o desenvolvimento de todas as modalidades e transformar o Brasil em uma potência na escalada mundial, seja em Big Wall, esportiva, boulders ou campeonatos. É claro que para isso precisamos da ajuda dos empresários, porque nós escaladores acreditamos nessa evolução, agora só falta o investimento e seremos uma potencia assim como no surf e no skate. Sei disso porque nós brasileiros temos muita força de vontade.

Muito obrigado ao Webventure e muito, mais muito obrigado à Ultimus Workflow for Information Age. Nas próximas etapas pretendo voltar com meus parceiros e botar pressão pra cima dos gringos!


(*) O escalador Duda Carvalho escreveu especialmente para o Webventure.

Este texto foi escrito por: Duda Carvalho*