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É recorde!

Incríveis 558 milhas em 24 horas! Estou muito orgulhoso dos meus amigos do ABN Amro 2. JôJô (Sebastien Josse) mostrou toda sua experiência e conhecimento dos ventos e correntes nos mares do Sul e está sabendo comandar sua tripulação com maestria nas condições que agora começam a piorar.

Ele já esteve naquelas águas há um ano atrás na Vendée Globe, me contou como é o “mix” de emoções. A mistura é a seguinte: uma colher de coragem para enfrentar os icebergs que não aparecem no Radar já que são da mesma altura da crista das ondas e por isso, confundíveis, ou melhor, invisíveis; uma colher de resistência, pois encarar o frio não é fácil, só para vocês terem uma idéia tal é a condensação dentro do barco, que por muitas vezes, forma-se estalactites no interior da cabine, com isso, imaginem, não existe roupa seca; uma xícara de adrenalina ao voar a mais de 30 nós na descida das ondas e uma pitada de sorte, para que nada quebre no barco…

É exatamente essa receita que os meninos do ABN Amro 2 estão usando, indo ao limite do equipamento, porém mantendo-o inteiro, e se as coisas continuarem desse jeito, pode ser que esse recorde não dure muito, afinal, a minha aposta sempre foi de 600 milhas em 24 horas, não vou mudar agora, mantenho o palpite, quem sabe o ABN Amro 1, quando esses ventos chegarem a ele, não ajude a manter minha credibilidade como comentarista da regata.

A arte de se defender – O ABN Amro 1 nesta ultima terça-feira, optou por abrir mão de parte de sua enorme vantagem, rumando ao sul. Essa opção tática foi bem pensada, embora muito na frente dos demais, mais de 300 milhas naquela altura, eles estariam vulneráveis caso os barcos mais atrás, e ao sul, pegassem um vento muito mais forte e com isso conseguissem ultrapassá-lo.

Ao descer, ele deixou de rumar ao objetivo, porem se colocou em uma posição estratégica perfeita, isso é, entre os adversários e a próxima marca, assim, caso a flotilha venha com um vento diferente (o que está acontecendo agora) ela terá que passar por ele. É duro mudar o rumo só para estar numa posição mais segura no ponto de vista tático, porém é necessário! Afinal estamos falando de uma regata de longa duração, lembre-se, ainda faltam mais de 3000 milhas para a chegada e muita coisa pode acontecer.

Dia de comemorar

Voltando a incrível marca de 558 milhas em 24 horas, vamos comemorar! É a prova que esses V70 são bons barcos, que a organização da Volvo acertou em aumentar o tamanho e despejar tecnologia no projeto. Prevejo em pouco tempo, desenhos similares a esses passeando por ai, em barcos menores, de 30 ou 40 pés, tripulados por famílias que desejam um cruzeiro rápido, ou mesmo em eventos nacionais. É a evolução da vela sendo carimbada com o selo de “aprovado”.

Certamente toda a equipe de terra do ABN Amro merece crédito, pois os barcos têm se mostrado sólidos ao extremo, mas que o projeto é bom, isso é inegável. Parabéns JôJô, parabéns SIFI um dos maiores valores daquela tripulação, parabéns a todos pela coragem e esforço, só peço que não parem. Nós aqui de terra queremos mais!

Até a próxima, André

Este texto foi escrito por: André Mirsky, do Team ABN Amro