Marlon Koerich correrá no carro da equipe Petrobras (foto: Stefan Susemihl)
Com uma trajetória impecável no off-road nacional e colecionador de títulos, Jean Azevedo dá um novo passo em busca de um sonho: o título do Rally Dakar. Para isso, o piloto deixa a categoria carros, onde compete há três anos, e volta para as motos, onde conquistou a quinta colocação no Dakar (2003) e foi cinco vezes campeão do Rally dos Sertões.
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“Apesar de estar fora há três anos, volto para as Motos para tentar uma classificação melhor na geral, já que nos Carros sei que não vou conseguir um bom resultado, pois nosso veículo não é competitivo”, afirma o piloto. Com a estratégia, a equipe Petrobras Lubrax quer completar o Rally Dakar bem classificada nas três categorias que disputa: Motos, Carros e Caminhões.
“Tudo isso foi pensado para ser uma estratégia para a equipe, pois o carro que temos hoje, que foi o carro que corri nos dois últimos anos, não está competitivo. No primeiro ano foi legal, ganhei a categoria estreante e no segundo ano consegui terminar a prova. Mas é um carro que não temos condições de brigar na classificação geral, então para uma estratégia de resultado, vamos colocar um piloto estreante para tentar vencer novamente nessa categoria. E eu vou voltar para a moto”, explica Jean.
Apesar de não participar de competições nas motos há mais de três anos, o brasileiro nunca deixou de treinar em cima das duas rodas. “O Carro é uma categoria cara que não dá para ficar treinando toda hora. Para não ficar parado, acabo treinando com a moto”, afirma.
Mas o que mais preocupa Jean é a falta de ritmo nas competições. “Não estou competindo então, com certeza, acabo ficando fora de ritmo. A parte de navegação não estou praticando e acabo ficando um pouco atrasado nessa área. Mas isso é uma interrogação, vou saber só no Dakar”, comenta. Mas ele mesmo já tem parte da solução para essas interrogações. “É lógico que estou procurando me preparar o melhor possível. A parte física e técnica não parei, então o que poderia atrapalhar é a navegação e por estar fora de ritmo e não estar fazendo prova, mas estou tentando compensar nos treinos. E o Dakar é uma prova longa então, com certeza, no começo esteja entrando no ritmo, voltando a navegar e talvez tenha alguma dificuldade. Mas acredito que em alguns dias eu já esteja no que era antes e tentando disputar posições mais a frente.”
Início dos planos – Jean Azevedo, e seu irmão André, que corre na categoria caminhões, começaram a amadurecer a ideia de voltar para as motos após o Rally dos Sertões deste ano. “É uma estratégia de resultado e também para dar um tempo maior de orçamento para troca no carro”, comenta Jean.
A partir de setembro, Jean mudou o foco nos treinamento visando uma maior preparação física para enfrentar os 9.000 quilômetros de Dakar em cima de uma moto. “Comecei a andar de moto de duas a quatro vezes na semana para voltar ao ritmo que era quando competia nessa categoria. Voltei a fazer tudo o que sempre fiz quando competia nas motos”, explica.
Jean Azevedo correrá o Rally Dakar com uma moto KTM 690, o mesmo modelo que usaria em 2008, quando o Dakar foi cancelado na véspera da largada.
Desde 2009, a organização vem implantando uma série de restrições a esse modelo e, a partir de 2011, os pilotos profissionais são obrigados a correr com um equipamento de até 450 cilindradas. A própria organização do Rally Dakar é quem define quem são os pilotos “elite”.
“Eu não entrei nessa lista por estar parado. A restrição para todos os pilotos é somente a partir de 2012. A ASO faz uma lista, e como estou há três anos parado nessa categoria, posso andar com essa cilindrada”, comenta.
Com isso, o brasileiro pode ter uma certa vantagem sobre seus adversários que correrão com um equipamento de menor potência. “Mas isso vai depender muito do trajeto que a organização montar. Se for um percurso rápido, vou ter alguma vantagem. Se for um trajeto mais lento, travado, traz desvantagem”, alerta. “Mas na confiabilidade terei vantagem, pois as 450cc são motos mais frágeis e a 690cc é mais confiável”, afirma o piloto
A equipe Petrobras conseguiu um apoio da própria KTM e a moto está sendo preparada em uma fábrica européia. Jean também terá um apoio de peças durante a competição, vindas do próprio caminhão da KTM. “Só vou encontrar com a moto em Buenos Aires.”
Briga pelo resultado – Com três anos fora das competições, Jean afirma que não almeja nenhum resultado, nem bom, nem ruim. “Não sei o nível do pessoal e não sei como estarei. Estou me preparando para estar lá o melhor possível e brigar para ter uma boa classificação na geral, mas falar o que será é uma interrogação.”
“Posso chegar e andar super bem, ficar entre os dez primeiros, como posso não andar tão bem. É difícil falar a posição que vou almejar no Dakar”, explica.
Mas a trajetória de sucesso nos mais de 10 anos de Jean Azevedo no off-road não é por acaso. “Estou me preparando para andar tão bem como andava antes. Mas se vou conseguir, ficar em quinto, em décimo, em primeiro, vigésimo, não sei! A minha parte estou fazendo, que é me preparar o melhor possível”, afirma.
Além dos principais nomes do off-road mundial que estarão na prova, como o francês Cyril Despres, atual campeão do Dakar, e Marc Coma, que venceu o Rally dos Sertões, Jean Azevedo terá um adversário tupiniquim, velho conhecido: Zé Hélio, que também acumula cinco títulos no Rally dos Sertões e travou intensas batalhas nas motos com Jean Azevedo.
Assim como acontece há muitos anos, a equipe Petrobras Lubrax vai para o Rally Dakar disputando as três categorias: Moto, Carro e Caminhão. Sem Jean à frente dos carros, a equipe convocou Marlon Koerich, um experiente piloto que tem bons resultados na carreira.
Ele correrá ao lado de Emerson Cavassin, o Bina, que disputou o último Dakar e a temporada 2010 do Brasileiro de Rally Cross-country ao lado de Jean.
“É um piloto que nunca foi para o Dakar para podermos disputar a categoria estreante. O carro será o mesmo. Fiz testes com ele a cerca de um mês em Portugal e está tudo em ordem”, afirma Jean. “Mas estamos trabalhando para trocar de carro em 2012 e voltar a disputar mais a frente na geral”, comenta Jean.
Motivação – “Estou empolgado, pois é outro desafio: voltar! Batalhei bastante para estar com um carro melhor, mas não foi possível esse ano. Quando deixei as motos foi para batalhar meu espaço no carro, e aqui no Brasil já consegui conquistar, mas no Dakar está faltando um melhor equipamento para poder andar bem”, afirma o piloto. “Como esse ano não conseguimos viabilizar, achei melhor para mim como piloto, ter esse desafio de voltar para a moto e poder buscar um bom resultado, pois com o carro eu sei que não teria essa oportunidade e com a moto sei que tenho mais chances, e também estrategicamente para a equipe, tendo um piloto estreante ele pode ganhar na categoria, que também é um bom retorno para nós, e eu tentando fazer um bom resultado na geral. Estou bastante motivado!”, finaliza o brasileiro.
Este texto foi escrito por: Thiago Padovanni