Pilotos de carro, moto e caminhão foram unânimes: a segunda especial de 370 km que encerrou a etapa-maratona nesta sexta-feira foi a mais veloz do Dakar 2002. O terreno mais parecia uma auto-estrada. Minha moto estava alcançando 160 km/h quando Meoni passou por mim voando, descreveu o ex-líder do rali na categoria Motos Joan “Nani” Roma.
Campeão do ano passado, o italiano Fabrizio Meoni aproveitou a potência de sua nova moto KTM com motor de dois cilindros. E acelerou para valer, conquistando sua primeira vitória em especiais nesta edição e também a liderança da competição: Foi a especial mais rápida do Dakar e eu pude aproveitar porque era ideal para a minha moto. Mas também esta velocidade pode ser perigosa ao se passar por alguns obstáculos. Ao ver que o italiano voava, Roma, também da KTM, decidiu diminuir o ritmo e terminou em terceiro. Prefiro estar aqui bem e com a moto inteira.
Já Carlo De Gavardo, o segundo mais rápido na especial, lamentou ter uma moto com menos potência. A moto de Fabrizio é mais rápida do que a minha, disse o chileno, que também pilota uma KTM. A mesma opinião teve o finlandês Kari Tianen (KTM), outro que está entre os primeiros colocados na geral de Motos. Achei a etapa muito pesada para minha moto monocilindro”.
Foi fácil – Entre os pilotos de carro, Kenjiro Shinozuka (JAP) foi o mais rápido acelerando com sua Mitsubishi. Foi uma especial veloz, mas muito fácil. Às vezes eu usava a sexta marcha, mas em alguns pontos reduzi para a quinta porque a areia estava um pouco mais pesada, comentou. Mesmo enfrentando problemas na direção hidráulica, que o perseguem desde a chegada à África, e com a penalização de um minuto em um Posto de Controle, ele é o vice-líder com 1min27 de atraso em relação ao compatriota e colega de equipe Hiroshi Masuoka.
Para as Nissan, principais concorrentes da Mitsubishi neste Dakar, não foi um bom dia. O belga Gregoire De Mevius e seu navegador francês Alain Guehenecc, terceiro colocado na classificação após as sete etapas, tiveram de empurrar a picape por 50 metros em terreno ligeiramente inclinado para tirá-la do box da chegada. É que o motor superaqueceu logo que cruzaram a linha que encerrava a especial. Apesar do esforço, foram penalizados em 18 minutos. A situação não me parece nada boa, disse o piloto, ao observar o veículo.
Seu companheiro de equipe Stephen Peterhansel, o terceiro mais rápido no dia, disse que precisava de mais velocidade no final do trecho para combater as Mitsubishi.
Pior ainda para o novo buggie Kangoo Renault de Jose Maria Servia e Enric Carbo. Eles eram os únicos remanescentes das três duplas da equipe Schlesser no Dakar. Já enfrentavam diversos problemas mecânicos nas etapas anteriores e nesta sexta-feira o radiador quebrou e eles perderam quatro horas sem conseguir consertá-lo. É o fim do Dakar para nós, lamentou Servia.
A especial também sinalizou o fim da linha para Bruno Saby e seu protótipo da Ford Ranger. Com problemas no câmbio, ele foi rebocado. E encerrou: “O rali termina aqui para mim”.
Neste sábado, está programada uma etapa com especial de 383 km entre Zouerat e Atar. Domingo será dia de descanso no rali.
(*) Com depoimentos concedidos às TVs internacionais.
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira*