Após virada do bote estudante ficou desaparecida por mais de 48h (foto: Divulgação/ Rio das Antas Turismo)
Atualizada em 30/01, às 15h
Após mais de 48 horas de buscas, ontem (29), às 19h30, foi encontrado o corpo da estudante de direito de Rio Grande (RS) Michele Guimarães Rocha, de 26 anos, que estava desaparecida. Ela caiu do bote em um rafting no Rio das Antas, aproximadamente às 16h do sábado (27). Por volta das 12h desta terça-feira, no IML (Instituto Médico Legal) de Caxias do Sul, a família da vítima reconheceu o corpo como sendo o de Michele.
O acidente aconteceu a aproximadamente dois quilômetros da ponte que separa as cidades de Farroupilha e Nova Roma do Sul (RS), na última corredeira do trecho comercial do rio, a Canina, considerada a mais perigosa. O grupo percorria o trecho com a agência Rio das Antas Turismo e a operadora Gasper, que atuam em conjunto. Segundo Fabiano Sperotto, responsável pela parte de água da operadora Gasper, o caso foi uma fatalidade.
Sperotto contou que o nível do rio era baixo, mas seguro para o passeio. O bote normalmente bate com a lateral [na pedra], só que com o desiquilibrio das pessoas em cima um lado encheu de água e ele virou”, explicou. Segundo ele, é normal que os botes virem nesse local. “Acontece com freqüência lá para todo mundo. A gente só procura ter um cuidado maior porque é um lugar que tem muita pedra, contou Fabiano Sperotto.
Ainda de acordo com o representante, o grupo teria pedido para tombar o bote durante o percurso, procedimento normal ao fim das descidas de rafting, e que a queda teria sido normal. Sperotto ainda completou dizendo que nessa parte do rio a empresa não faz questão de tombar o bote, porque existem pedras e alguém pode bater, mas nunca se pensou na possibilidade de alguém ficar trancado.
Segundo Tiago Paixão Pereira, amigo dos estudantes envolvidos no acidente, em entrevista para o Jornal Zero Hora, de Porto Alegre, o grupo estava acostumado com o rafting. Nós íamos sempre a Três Coroas para praticar. Mas nunca estivemos no Rio das Antas, contou.
O corpo de Michele foi encontrado no mesmo lugar do acidente, flutuando. Sperotto acredita que Michele tenha ficado presa embaixo de pedras e que no final da tarde de ontem o rio tenha subido e assim ela desencalhou e flutuou. Ele classificou o acidente como estranho e isolado e acredita que alguém tenha caído em cima dela e assim jogado para uma pedra que tenha uma cavidade embaixo. Como ela é leve foi para essa pedra, concluiu.
O guia que acompanhava o grupo tem dois anos de formação e foi treinado por um instrutor de turismo da Secretaria do Estado, além de praticar esportes de aventura há quatro anos. Ele é um guia razoavelmente experiente, tranqüilo para a atividade, classificou Fabiano. A empresa está há doze anos no mercado e já atendeu 15 mil pessoas, este é o primeiro acidente grave e com vítima fatal no rio.
A infra-estrutura – Ainda segundo o representante da empresa, havia no local dois caiaques responsáveis pela segurança, um em cima do rio e outro ao final da queda. Após a queda as pessoas foram aparecendo no final da corredeira e o safety duck foi recolhendo, contou. Neste momento foi notada a falta de Michele, que foi procurada no poço localizado depois da queda e também rio abaixo, mas não a encontraram no momento. O fotógrafo que registrava o passeio também não a viu descer a corredeira.
Segundo a empresa, os botes contavam com todos os equipamentos de segurança estabelecidos pela Confederação Brasileira de Canoagem (CBC): corda de segurança, capacetes, coletes salva-vidas, kit primeiros socorros e rádio transmissor. Os botes eram para oito pessoas e mais o instrutor. Um dos botes estava transportando sua capacidade máxima e o outro, onde estava Michele, levava sete pessoas mais o instrutor.
Em comunicado enviado à imprensa nesta tarde, as empresas Rio das Antas e Gasper esclarecem que “todos os praticantes receberam no inicio do passeio, noções de risco, instruções de segurança de como se portar dentro e fora do bote”, além de contarem com os equipamentos de segurança descritos anteriormente. “Estamos certos de ter feito tudo o que foi possível para evitar esta terrível fatalidade”, ainda segundo o comunicado.
As empresas ainda agradecem os esforços do Corpo de Bombeiros e todos que ajudaram nas buscas, assim como transmite “suas condolências e expressa seu sentimento de solidariedade aos seus familiares”.
Veja também: Inquérito foi aberto
Este texto foi escrito por: Roberta Spiandorim
Last modified: janeiro 30, 2007