Na primeira semana de agosto aconteceu em Brotas (SP) um encontro entre o Corpo de Bombeiros de São Paulo e guias de canyoning. Os bombeiros estão entrando para valer nas Técnicas Verticais. Compraram equipamentos de padrão internacional, boa parte com norma NFFA – a rígida norma de segurança americana – e estão fazendo cursos de treinamentos intensivos. Nada menos que sete semanas nos meses de julho e agosto de 2001 incluindo rapel, tirolesa, fracionamentos, subida e descida de vítimas em corda, arvorismo etc…
Parte do treinamento prático ocorreu em Brotas, na cachoeira Cassarova e no Cuscuzeiro, point de escalada da cidade vizinha de Itirapina. O fato dos bombeiros treinarem não é grande novidade. O que é novidade é que foram convidados para palestras, treinos e cursos, vários profissionais do mundo vertical. Luís Makoto Ishibe, para equipamentos de altura, Carlos Zaith para canyoning e eu para escalada e alpinismo, entre outros. Compartilhamos experiências. Esta iniciativa é crédito do Tenente Rodrigo Araújo, coordenador do curso, e bem conhecido do mundo outdoor.
Intercâmbio – O resultado do encontro é extremamente positivo. Permite padronizar alguns equipamentos, técnicas e vocabulários, criando reflexos comuns que, na ocasião de um resgate, podem salvar vidas. Quando o Corpo de Bombeiros for acionado, explica o Tenente Rodrigo, “será de imensa utilidade poder contar com competências e equipamentos locais. Para isso acontecer, é preciso que a equipe se conheça e tenha reflexos comuns. Este foi o objetivo deste encontro.”
Para os profissionais em altura, existe outro assunto em jogo: os bombeiros são os únicos profissionais no Brasil a usufruir de uma responsabilidade civil para atividades de risco. Treinar junto, usar os mesmos padrões de segurança pode, na espera de uma Responsabilidade Civil Outdoor, ser o início de uma proteção jurídica em caso de acidente. Assunto pouco comentado ainda no Brasil, porém crucial.
Este texto foi escrito por: Jean Claude Razel
Last modified: agosto 30, 2001