Equipe Chevrolet entrará com recurso (foto: Bruna Didario/ www.webventure.com.br)
A pedido de Luis Hass, chefe da Chevrolet Power Team Rally, os carros da equipe, após o Brasileiro de Rali de Velocidade, que aconteceu em Ouro Branco (MG), foram analisados por Milton Pereira, Doutor em Engenharia Mecânica pela UFSC, Pós-Doutor em Engenharia Mecânica Aeronáutica pelo ITA e Professor de Automobilística e Mecânica Industrial do CEFET/SC. Confira na íntegra a análise de Milton.
Analisando o problema sob o ponto de vista estrito do referido item do anexo J, gostaria de externar minhas considerações.
Questão 1 – Duas partes separadas não podem ser unidas para formar uma só
Não se aplica a esta situação. A partir do momento em que, na fábrica, o eixo é produzido a partir de duas chapas conformadas que são soldadas, passam a formar um componente único. A soldagem é uma união mecânica na qual duas ou mais peças são unidas com garantia de continuidade de propriedades físicas e químicas na junta. Isto caracteriza a formação de uma peça única. Se fosse colado, brasado, rebitado, parafusado, encaixado ou unido por qualquer outro método que permitisse uma desmontagem não destrutiva do componente, daria margem à interpretação de existência de duas peças naquela situação. Mas não é o caso. Soldou, virou uma coisa só.
Questão 2 – Origem de corpos ocos
Aqui existe margem para interpretação, mas alguns argumentos podem dar peso à decisão.
Primeiro, já existia um “corpo oco” naquele local antes do reforço. O reforço somente o deixou mais fechado.
A presença dos furos apontados como elementos vazados não descaracteriza o corpo oco, visto que são elementos utilizados funcionalmente como pontos de fixação e apoio. Se o eixo original não tivesse a necessidade destes elementos, a fábrica, com certeza, não os faria, pois os mesmos encarecem os custos de fabricação do componente. Sob o ponto de vista da resistência do componente, estes furos diminuem a rigidez da peça e seriam indesejados casos não fossem obrigatórios para a funcionalidade operacional da peça original.
Dentro da linha de pensamento apresentada pelo Luis, o que caracteriza a presença de um ponto de concentração de tensão que torna o componente mais frágil quando comparado com uma situação de fechamento completo da galeria (a comparação com o ovo) é a abertura na parte mais inferior da foto do eixo reforçado. Esta abertura faz com que o componente tenha um maior grau de fechamento da galeria, mas não permite afirmação de fechamento completo da galeria.
Conclusão, no meu ponto de vista, o eixo ficou mais oco do que antes, mas nunca deixou de ser oco. Se “ser oco” é estar completamente fechado, isto não ocorre nesta peça. Minha análise da situação com base no que está escrito no Anexo J é de que o eixo está dentro do regulamento. Se o corpo técnico superior da FIA considerar que situação deste tipo tiram o carro do enquadramento com o regulamento, deverá ser mais específico e objetivo na formulação do texto do Anexo J.
Este texto foi escrito por: Webventure