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Entenda o que é e como surgiu o rapel

Redação Webventure/ Montanhismo

É  necessário manter os joelhos flexionados para manter o equilíbrio (foto: Arquivo Webventure/EMA 2000)
É necessário manter os joelhos flexionados para manter o equilíbrio (foto: Arquivo Webventure/EMA 2000)

O Webventure apresenta uma série de reportagens especiais sobre rapel, a fim de atender a pedidos dos internautas e mostrar todos os lados da intensa prática desta atividade, que virou ‘moda’ no Brasil. Nesta primeira matéria, saiba o que é o rapel. Logo de cara, avisamos: o rapel é uma técnica da escalada e não um esporte. Escalada é esporte onde se corre risco de vida.

Nos roteiros de viagem, nas corridas de aventura e até nas avenidas de grandes cidades, o rapel aparece como uma das maneiras de os aventureiros enfrentarem as alturas. É comum até escutar de alguns que descer por cordas é seu esporte favorito. Os mais assíduos, chamados de “rapeleiros”, não trocam por nada a sensação de, pendurados em uma corda, sentirem o corpo lançado ao vazio. Mas é tão fácil quanto parece? Basta ter os equipamentos e ir aos locais mais conhecidos e simplesmente descer?

Inicialmente, é importante deixar claro que o rapel não é exatamente um esporte como se lê por aí. Trata-se de uma técnica de descida utilizada no montanhismo quando outros meios, como a caminhada, por exemplo, tornam-se inviáveis. Esta técnica, que surgiu no montanhismo, hoje também é bastante utilizada na espeleologia (exploração de cavernas) e em resgates. Durante a descida, deve-se manter os joelhos levemente flexionados e a sola dos pés na superfície. Em alguns momentos, quando não é possível tocar essa superfície com os pés, usa-se somente o atrito da corda para se controlar a descida. Parece fácil, mas até os pequenos deslizes podem ter conseqüências graves.

Significado – A palavra rapel deriva do verbo francês rappeler, que significa lembrar. “Era o momento final da escalada, quando os montanhistas relembravam as suas aventuras”, conta o montanhista Nelson Barretta. Outro significado é o de “recuperar”, que se deve ao ato de recolher a corda depois da descida.

Quando “rapela”, o aventureiro se utiliza de uma corda, que deve estar seguramente ancorada, para descer uma superfície, usando artifícios de atrito para o controle da velocidade. As dificuldades técnicas de cada ambiente exigem conhecimentos específicos da técnica do rapel, tornando-o bem mais seguro e eficaz dependendo da situação. Há diferentes cuidados, portanto, quando se faz uma descida em uma caverna, abismo, ou montanha.

Quando surgiu – Há algumas diferentes teorias para o surgimento da técnica. Uma delas, data do final do século passado quando exploradores franceses eram contratados para pesquisar os cânions e cavernas dos Pirineus (uma cadeia de montanhas que separa o norte da Espanha do sul da França entre rios e desfiladeiros).

A técnica foi descrita inicialmente por Jean Charlet-Straton, Prosper Payot e Frederic Folliguet, durante a conquista do Petit Dru, no maciço de Mont Blanc, em 1879. Até o final do século 18 as cordas só podiam ser utilizadas, em atividades de montanha, de forma limitada. O desenvolvimento de novos tipos de cordas, mais resistentes e seguras, possibilitou a prática do rapel.

Os equipamentos necessários são a corda (dinâmica ou estática), cadeirinha, mosquetões, freio para a corda, cordins, sapatilhas de escalada, fitas tubulares e capacete. Mas não adianta adquirir os equipamentos e contar com os ‘toques’ que o vendedor dá: é preciso saber operá-los e aprender com quem realmente tenha experiência na escalada.

Alerta – Hoje em dia é muito fácil encontrar quem ofereça a descida de rapel em diversos points de aventura. Este é o maior perigo. Não é raro ficar sabendo de acidentes envolvendo a atividade. Por isso, mesmo que seja apenas para conhecer a técnica do rapel, é altamente recomendável fazer um curso de escalada, num clube, escola ou empresa qualificada, com larga experiência no mercado, o que não é normalmente o caminho percorrido por quem procura apenas a adrenalina de descer por uma corda. Cuidado: pode-se pagar um preço muito alto por este prazer.

Outras reportagens – Esta série especial contou com outras duas reportagens (clique nelas para lê-las):

  • A velha polêmica entre montanhistas e ´rapeleiros´;
  • Rapel: para Krings, faltam consciência e preparo

    O Webventure adverte: escalada é esporte de risco. Clique aqui e saiba mais sobre a segurança no esporte.

    Este texto foi escrito por: Debora de Cassia

    Last modified: agosto 20, 2001

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