Kayaksurf a mistura entre canoagem e surf (foto: Arquivo Pessoal Roberta Borsari)
O kayaksurf é um esporte criado da mistura entre o surf e a canoagem, e existe oficialmente há mais de 40 anos. Assim como no surf, as manobras radicais são o maior desafio da modalidade, que devem ser feitas com perfeição.
A história do kayaksurf é que tenha sido inventado ainda na década de 30, criado por salva-vidas australianos ou sul-africanos (há diferentes versões sobre o real pioneiro). Eles usavam os caiaques para se locomover no mar e adaptaram as embarcações com o objetivo de driblar melhor as ondas.
O novo modelo parecia com uma prancha de surf, com a diferença de que os canoístas (kayaksurfers) faziam as manobras sentados. Nessas quatro décadas novas técnicas, regras e modelos de caiaque foram incorporados e o esporte vem se tornando cada vez mais dinâmico.
A modalidade atrai hoje milhares de apreciadores e curiosos aos campeonatos. No Brasil o esporte ainda é pouco difundido, o que não quer dizer que seja pouco praticado. Atletas brasileiros têm conquistado posições de destaque entre os melhores do mundo, como a canoísta Roberta Borsari.
Com a adesão crescente de adeptos e a profissionalização do esporte, foram instituídos equipamentos e regras próprias para a prática de kayaksurf.
Os acessórios fundamentais são:
Além desses, há os equipamentos básicos de segurança, como o capacete e o colete salva-vidas, imprescindíveis em caso de queda ou acidente.
Regras – As regras da competição se assemelham bastante às do surf. A pontuação é aplicada de acordo com a manobra que o canoísta realiza, sempre levando em conta o nível de dificuldade e a precisão, tanto na realização como da saída da manobra.
Durante as baterias da competição, os principais critérios de pontuação são:
Avaliação das manobras – Cada competição tem quatro juízes e normalmente as baterias duram 20 minutos. Cada atleta pode pegar geralmente até 10 ondas, sendo pontuadas as três melhores.
No campeonato de kayaksurf, assim como os de surf, as manobras só são válidas na parede da onda; se forem realizadas na espuma não recebem pontuação.
Dentre os modelos de caiaque mais conhecidos e utilizados pelos canoístas estão os sit-in, sit-on-top e waveski. O sit-on-top é um modelo mais versátil do que o sit-in porque é aberto e deixa o canoísta totalmente exposto à água, por isso é indicado para iniciantes.
O modelo sit-in é o mais clássico e se destaca pelo fato do canoísta ficar preso da cintura para baixo ao caiaque pela saia. Por isso, para utilizar o sit-in o canoísta deve saber realizar a manobra de rolamento (quando o canoísta vira o caiaque e faz com o remo o jogo de corpo para voltar à superfície). Nas competições só se usa o modelo sit-in.
O modelo waveski é o que mais se assemelha a uma prancha de surf e assim como a prancha é muito leve. Dentre os três modelos é o mais leve e permite maior mobilidade, pois o atleta fica preso a uma fita (é necessária experiência da manobra de rolamento).
Modelos para competições internacionais – Nos campeonatos internacionais são utilizadas duas categorias de caiaque sit-in: o internacional class (caiaque com mais de 3 metros) e o hi-performance (caiaque com até 2,75 metros).
O caiaque internacional class é um modelo maior e mais clássico. Com a evolução dos caiaques foi criada a categoria hi-performance, apresentada ao público no Campeonato Mundial de 1997, na Escócia, e oficialmente inclusa nas competições no mundial de 1999, no Brasil.
O modelo hi-performance é mais ágil e rápido e por isso permite manobras mais ousadas.
Nas competições, algumas das manobras realizadas pelos canoístas são:
Competições – As primeiras competições de kayaksurf aconteceram na década de 60, e foram disputadas na Europa e Estados Unidos.
Em 1985 foi realizado o primeiro Festival de Steamer Lane em Santa Cruz, Califórnia (EUA). O evento é o mais tradicional do mundo e uma das principais competições internacionais do esporte.
As ondas gigantes atraem anualmente os principais atletas da modalidade. Em 2006, 150 canoístas participaram da 20ª edição do festival, que aconteceu entre os dias 23 e 26 de março.
Mundial – O primeiro Campeonato Mundial oficial aconteceu no ano de 1991, em Thurso, na Escócia. O kayaksurf ganhava cada vez mais visibilidade e, em 1993, atletas de países como Inglaterra, Irlanda, País de Gales, Escócia, Estados Unidos, Canadá, entre outros, marcaram presença na competição.
Além do Brasil, foram anfitriãs do mundial as praias de Portugal, Irlanda, Escócia, Costa Rica, entre outras.
O kayaksurf existe no Brasil desde 1982 e ainda há pouca divulgação do esporte no país. Assim, poucas pessoas praticam o esporte e, consequentemente, poucos atletas competem em circuitos internacionais.
No Brasil, o kayaksurf e o waveski são as duas classes da modalidade canoagem de onda – denominação para o surf sentado – da Confederação Brasileira de canoagem (CBCA). No waveski o atleta surfa preso à prancha e com ajuda dos remos. Apesar de serem classes diferentes, são disputadas no mesmo evento.
Em 1999 o Brasil sediou um campeonato mundial de kayaksurf, que aconteceu no Rio de Janeiro. Neste evento um brasileiro sagrou-se campeão mundial da Internacional Class Máster, o atleta Renato Costa. Ele também conquistou o quarto lugar na Internacional Class Open. Outros brasileiros tiveram boas colocações como Fernando Giro (5º lugar na High Performance Open e Internacional Class Máster), Daniel Loureiro (7º lugar Internacional Class Open) e Marcos Gasparini (7º lugar na High Performance Open).
O circuito brasileiro é realizado em até quatro etapas durante todo o ano, em diferentes regiões do país. As etapas acontecem principalmente nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. A pontuação obtida nessas etapas define o ranking brasileiro.
Atuais destaques nacionais No Brasil, Roberta Borsari, colunista e personalidade Webventure, é a pioneira do esporte entre as mulheres e a atleta brasileira de maior destaque nos campeonatos nacionais e internacionais da modalidade.
Com base na canoagem de águas brancas (rafting, principalmente), Bebeta também rema canoa havaiana e desde 2003 conquistou resultados importantes no kayaksurf, como a 13ª colocação no ranking mundial em 2003, 2ª no Campeonato Brasileiro e 8ª no Mundial Pura Vida na Costa Rica, em 2005.
Em 2006, Beta Borsari foi a única brasileira a participar do Festival Steamer Lane, em Santa Cruz, na Califórnia. Apesar de não ter chegado às finais de sua categoria (Expert Open Woman categoria feminina para canoístas experientes), a brasileira conquistou a sexta colocação.
Maurício Borsari, irmão mais velho de Roberta, também tem um histórico vitorioso no kayaksurf. Vice-campeão brasileiro em 2002, campeão em 2003, Maurício venceu a primeira etapa do brasileiro, seguido por Roberta Borsari única mulher no campeonato – e Ricardo Sanches. Os três se classificaram para a Copa do Mundo.
Este texto foi escrito por: Roberta Spiandorim