Júlio no pequeno briefing que deu aos jornalistas ontem em Parati (foto: Cristina Degani/ www.webventure.com.br)
Direto de Parati (RJ) – Criatividade e inovação. É isso que o diretor de prova da Brasil Wild Júlio Pieroni quer mostrar à comunidade de corridas de aventura com a primeira etapa do seu circuito, que acontece no fim de semana de 19 e 20/3 em Parati. Aqui, no calor da hora, Júlio concedeu uma entrevista exclusiva ao Webventure.
Organizador de corridas desde 2000, Júlio já trabalhou com Alexandre Freitas, da Expedição Mata Atlântica, e Said Aiach Neto, do Ecomotion. Montou diversas provas de aventura, dentre elas no Petar, onde tem sua pousada (Pousada das Cavernas), e na região de Parati, Serra do Mar e Ubatuba, na EMA 2000.
Após a agitada noite ontem (18), de recebimento das 61 equipes no centro de Parati, Júlio estava tranqüilo e falava com propriedade do evento: sou o diretor técnico; tenho uma equipe trabalhando em cada função e não fico correndo atrás de tudo. Quero que as coisas andem sozinhas e por isso posso estar aqui agora falando com você.
Webventure – Qual a principal novidade da etapa?
Júlio – Acho que é o mapa, que junta todas as tecnologias de como fazer mapa, pega a imagem de satélite de plano de fundo, altimetria das cartas topográficas do IBGE, que foram corrigidas, atualização de dados no campo, que foi feita com GPS com distâncias de um metro de precisão.
Para você ter uma idéia, corrigimos a rodovia Rio Santos com esse mapa. Para a tecnologia do passado, as cartas do IBGE eram muito boas, mas nós conseguimos aprimorar. O grande lance mesmo é a precisão dos mapas, em que são atualizadas até a vegetação e a atualização do relevo, que fica bidimensional.
Webventure – Como você vê a migração da navegação em cartas topográficas por esta satélite?
Júlio – É como você conviver com uma certa tecnologia e depois experimentar algo que é mais preciso, mais rápido.Acredito que depois até difícil de voltar. Não estou dizendo que é imprescindível, mas depois que acostumar com leitura da carta é bem mais fácil. Não digo que é um caminha sem volta, até porque a produção desta carta é bem cara.
Webventure – Este projeto das cartas tem outro objetivo?
Júlio – Sim, nós estamos em negociação para a venda deste mapa, para a região onde fizermos as provas, como mapa turístico, com trilhas e estradas todas atualizadas. O acordo é que nós vamos vender e a prefeitura participará de um pedaço desta venda.
Webventure – Você mudou o sistema de classificação das equipes masculinas na Brasil Wild. Agora equipes mistas e masculinas concorrem sem distinção no ranking do circuito. Como você está o retorno dos atletas?
Júlio – Sabemos que está existindo uma polêmica quanto a isso. Mas vemos também que muitas equipes têm dificuldade em conseguir mulheres para competir e achamos que colocando juntos facilitaria a popularização do esporte, com mais homens entrando sem ter de depender das mulheres. A gente não queria criar uma categoria, entende?
Webventure – Você não acha que essa decisão foi na contramão do esporte? Esses sete anos de corrida de aventura, as organizações incentivando a participação das mulheres…
Júlio – Realmente as pessoas estão atrás das mulheres. Acho que isso tem dois efeitos: quanto mais homens nas competições, mais mulheres eles levarão. Por outro lado pode ser que não, que desestimule. Pode acontecer isso também. O que fizemos foi que a equipe masculina que ganhar a prova, não ganha o prêmio da etapa. Ele ganha os pontos no ranking de primeiro lugar. É uma forma que temos de não trazer 100% a mudança para o circuito.
Eu particularmente acho legal ter uma mulher, é uma norma mundial das equipes. Mas a gente tomou essa atitude até escutando muitas equipes, principalmente fora de São Paulo. Ou que não tem mulher forte naquela cidade ou que não tem grana para participar.
Webventure – Como será a seção de cordas fixas?
Júlio – Teremos uma grande descida em rapel, fracionado, de 200 metros no total, montado pelo tenente Renato Natale. Serão 70 metros e depois eles mudam de corda em um platô, para outra descida de 130 metros. No meio, onde vai mudar, terá gente nossa lá. O visual é lindo, no Saco de Mamanguá. Lá também teremos uma ascensão de 75 metros.
Funciona assim: um dos atletas faz a ascensão e lá em cima todos os outros descem. A ascensão é positiva, mas também bem técnica. Será uma via por equipe. Os atletas que não subirem em duas horas e não descerem em uma hora serão penalizados.
Webventure – Você tem uma ligação muito forte com Parati e com a região do Saco de Mamanguá. Conte um pouco esse lado pessoal.
Júlio – É, eu tenho um vínculo pessoal mesmo, e um terreno no Saco de Mamanguá (risos). Eu conheci o Mamanguá por causa de amigos que moram aqui. O lugar é mesmo muito particular, não tem carro, tem uma comunidade remanescente caiçara, é um berçário marinho, que você cavalo marinho passando ao seu lado. É um fiorde tropical. São 8 quilômetros de extensão, com montanhas de até 540 metros de altitude dos dois lado. Realmente é um lugar muito particular.
Fora essas características, é um local perfeito para corridas de aventura e tem a cidade histórica de Parati, que tem excelente infra-estrutura. Por exemplo, ficamos atentos às cidades base, para que tenham conexão banda larga, restaurantes, hospedagem. Isso é importante também.
Na verdade, eu penso a Brasil Wild como também um evento que possamos mostrar lugares bonitos para os brasileiros. Isso sem contar a Mata Atlântica, densa nesta região. Temos muita água, cachoeiras, tudo que pode fazer um cenário perfeito de uma corrida de aventura.
A organização da Brasil Wild é de Júlio Pieroni, Harald Alemão Adam e Paulo Capelli. Acompanhe o ranking on line da etapa clicando aqui.
Este texto foi escrito por: Cristina Degani
Last modified: março 19, 2005