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Entrevista com o dinossauro do motocross: Olavo Coutinho


Olavinho em foto mais recente (foto: Reprodução)

De volta com suas colunas de off-road, Jeca Jóia traz uma curiosidade para o internauta do Webventure: uma entrevista com um dos “dinossauros” do enduro no Brasil, Olavo do Prado Coutinho, o “Olavinho”.

Ele nasceu em 10/09/1949, na cidade de Alfenas (MG), e é engenheiro civil. Já são quase 18 anos de trail e enduro, e tantas experiências que foi preciso resumir muito para caber nesta página do nosso “best-seller das trilhas”. Olavinho participou de mais de 300 provas de enduro, e todos os Enduros da Independência já realizados até hoje. Tenho certeza que vocês vão curtir muito esta entrevista. Vamos lá então:

Jeca Jóia – Qual a data e onde foi que você fez a sua primeira trilha?
Olavo –
Em janeiro de 1983, vendi minha Honda 750F (moto de rua) e comprei a XL em dezembro de 1982. Devido à influência da turma de amigos: Rogerão, Bodinho, Aloísio, Piau, Pit, Eduardo Zatz.

Jeca – Quais as motos que você já teve?
Olavo –
Comecei numa XL 250 (1983), e depois tive as seguintes: DT 180, KDX 200, DT 200, WR 200 e atualmente ando de WR 250.

Jeca – O que mudou no trail ao longo destes anos?
Olavo –
Ao longo desses quase 18 anos, mudou muita coisa. O Equipamento do piloto e as motocicletas evoluíram bastante. As trilhas eram sempre novidades. Porém, apesar de conhecer muita trilha (sou eu que puxo minha turma de trilha), devido ao loteamento de muitos terrenos, hoje temos que ir mais longe pra fazer trilhas novas.

Antigamente, no raio de cinco quilômetros de distância de BH, era possível andar o dia todo. No começo não havia muitos lugares para encontrar a moçada. Hoje em dia temos diversos pontos de encontro. Os meus preferidos são o Marcinho e o Engenho, mas paramos em vários butecos.

Jeca – Qual a melhor moto de trilha que você já andou?
Olavo –
WR 200, ano 1995. Não era uma moto muito grande e era fácil de tocar nas trilhas, apesar de deixar um pouco a dever no motor.

Jeca – Qual a melhor moto off-road do momento?
Olavo –
O pessoal tem falado muito bem da Gas Gas, pena que eu só dei uma voltinha até hoje. Eu gosto muito da minha atual YAMAHA WR 250, principalmente depois que coloquei a RACE TECH, pois a suspensão original deixava um pouco a desejar. Me parece que a Gas Gas já vem com uma suspensão muito boa.

Jeca – Qual sua opinião sobre o futuro do trail?
Olavo –
As coisas tendem a dificultar, devido à expansão urbana, tudo vai se limitando, e vamos buscando opções, porque o esporte é muito bom. Não vai ser mais essa moleza que é hoje em dia, pois eu moro a apenas 5 minutos das trilhas. Na minha opinião o trail vai continuar crescendo, pois é uma terapia sensacional.

Jeca – Conte sobre o seu primeiro enduro, pois, para todos os pilotos, o primeiro enduro é sempre uma aventura inesquecível…
Olavo –
Bom, foi o Enduro da Liberdade, em abril de 1983, que largou às 18 horas de sábado e chegou às 12 horas de domingo, no dia seguinte! Usava prancheta de “eucatex” na moto e logo na trilha “perdidas” eu levei um tombinho e quebrei a prancheta, e não precisei roteirar mais, e fiquei o resto da noite seguindo os faróis.

Abastecemos em Raposos lá pela meia-noite, passamos fome a noite inteira, e recebemos um belíssimo ovo cozido com chocolate, à 5h30 da manhã, em Santa Luzia. E com esse pequeno café-almoço, fomos até o final do enduro.

Jeca – O que mudou no enduro ao longo destes anos?
Olavo –
O enduro foi está semi profissionalizado. As provas hoje em dia têm um nível técnico bem superior, porém são mais curtas. Antigamente as provas duravam de 7 a 8 horas. Hoje em dia os obstáculos e as velocidades são maiores, então o risco é maior, e os acidentes são mais constantes.

Jeca – … e o futuro do enduro?
Olavo –
A tendência é o enduro de velocidade. Porém, no interior de Minas temos muitas provas de regularidade, mas, no futuro, deve prevalecer mesmo o cross-country e outras provas de velocidade. Mas a modalidade que eu mais gosto é mesmo o regularidade, e espero que ele ainda dure bastante.

Jeca – A melhor recordação de sua carreira de piloto até o momento?
Olavo –
É muita história, mas o que eu sempre lembro foi o primeiro Independência. A meninada das cidades batendo palmas e agitando bandeiras.

Tudo era novidade. Quando chegávamos nas cidades e vilarejos, éramos recebidos como Ets. Em setembro de 1992, na chegada do 10º Enduro Internacional da Independência, ganhei uma medalha especial pela participação nas 10 edições da prova. Em 1997, recebi um troféu pela participação nas 15 edições da prova.

Jeca – E a pior recordação do esporte?
Olavo –
Normalmente são as fraturas (fraturei 3 vezes os pés, as pernas e os braços, 6 vezes as mãos e 2 vezes as clavículas). Num certo Enduro da Chuva, em 1984 ou 1985, eu era o piloto número 3 da prova. Chovia dos pingos d’água doerem na gente.

Teve uma descida que virou uma cachoeira. Eu saí um pouquinho adiantado, sem enxergar as erosões, encobertas pela água. Quando terminei a prova, já em Belo Horizonte, não havia PC’s de chegada e um piloto que abandonou a prova, por problemas com sua moto acabou vencendo a prova, e eu fiquei com a segunda posição, apesar de ter completado a prova.

Este texto foi escrito por: Jeca Jóia