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Equipe Hollywood Troller assume vice-liderança

Redação Webventure/ Offroad

Dupla Arnoldo Jr/Galdino Gabriel brilha na areia e se aproxima do líder da Novatos

Cacá Clauset e Amyr Klink sobem 3 posições e estão em 6o. lugar

Equipe continua com 3 carros entre os 10 melhores da categoria

18.01.2000 A Equipe Hollywood Troller cumpriu mais um dia de desafio e segue firme e completa – com os quatro carros – rumo ao Cairo, principal objetivo do time em sua primeira participação no maior rali do mundo. Mas hoje, após a realização da 12a. etapa, tinha mais um motivo para comemorar: a vice-liderança na geral da categoria Novatos, obtida com o excelente desempenho da dupla Arnoldo Jr/Galdino Gabriel, que agora está a apenas 32 minutos dos líderes, os italianos Gomiero/Picchiottino, com Nissan. Nesta 22a. edição do Paris Dakar Cairo, a TSO premiará o campeão da Novatos com US$ 25 mil. De todas as equipes da categoria carros aquelas que participam com mais de um carro a Hollywood Troller é a única que está completa até o momento.

Cacá Clauset/Amyr Klink , apesar de ter perdido alguns minutos no final da especial, quando atolaram nas areias da Líbia, ganharam 3 posições na geral da categoria novatos, figurando agora em 6o. lugar. Reinaldo Varella/Alberto Fadigatti também ficaram na areia esqueceram de acionar o 4×4 – e perderam 52 minutos para desatolar o T5, mas permanecem em 7o. lugar. Roberto Macedo/Marcos Ermírio de Moraes também ganharam posições na etapa de hoje. Largaram em 71o. e terminaram em 50o., subindo de 17o. para 15o. na Novatos geral.

O vencedor da etapa foi o francês Jean Louis Schlesser/Magne, que também assumiu a liderança da prova.

Direto do deserto

Palavra do Arnoldo Jr.

“Estou rouco e entupido de tanta poeira. Foi o dia inteiro de ‘talco’, um pó bem fininho que entra dentro do carro e entope a gente. Foi 90% da etapa assim. Somente os 80 km finais de areia, poucas dunas, muitas pedras no começo com piçarras de areia, retões, onde andávamos a 150 km/h e depois areia dura, sem abismos. O único problema que tivemos foi que soltou a base do amortecedor traseiro e tiramos um pouco o pé para não correr riscos. Hoje é aquele etapa maratona, que não temos os mecânicos para dar suporte, e teremos nós mesmos de consertar o carro. Quanto a classificação, não estou sinceramente preocupado com isso. Estamos correndo para chegar com os 4 carros, apenas tive sorte de não quebrar até agora”.

Palavra do Marcos Ermírio de Moraes

Hoje foi muito bom, andamos no pelotão intermediário e realmente a poeira marcou a etapa. Não é que o concorrente mande poeira na gente, pois é um descampado, mas o próprio carro levanta o ‘talco’, que entra no carro. Agora o ponto alto foi o vulcão, onde tinha um posto de controle. Subimos por fora, contornamos cerca de 300 metros de altura e lá do alto, no olho do vulcão se avistava um Oásis. Um visual magnífico. Quanto a navegação foi super tranqüila”.

Classificação geral Novatos:

  • 1. Gomiero/Picciottino (Ita/Nissan), 34h45’49
  • 2. Arnoldo/Galdino (Bra/Troller), 35h17’04
  • 3. Méier/Eschler (Sui/Mitsubishi), 35h37’44
  • 4. Busquets/Bosch (Esp/Toyota), 35h49’13
  • 5. Henrard (Bel/Buggy), 36h36’16
  • 6. Clauset/Klink (Bra/Troller), 38h21’08
  • 7. Varella/Fadigatti (Bra/Troller), 38h54’09
  • 8. Ashley/Shuckburgh (Ing/Toyota), 39h00’51
  • 9. Azar/Desmazure (Sen/Toyota), 39h21’09
  • 10. Sarrazin/Ducassou (Fra/Toyota), 40h19’37
  • 15. Macedo/Moraes (Bra/Troller), 46h37’19



O que esperar de amanhã – Etapa XIII 19.01.2000

  • Waha (Líbia) > Khofra(Líbia) DL-4Km, Esp-610Km, DC-33Km TT-647Km

    A primeira parte da especial muito longa vai beirando as dunas relativamente bem espaçadas. Depois são 200 km ondulantes e rápidos para percorrer com o acelerador no fundo. Para terminar são 20Km no Erg, situado ao norte de Khofra, um verdadeiro mar de areia alaranjada, de uma beleza e suntuosidade impressionantes. A entrada desse Erg é marcada por um oásis e os concorrentes terão que encontrar uma boa passagem para
    atravessá-lo. Muito trabalho com a navegação por GPS sendo fundamental.
    Nas dunas a areia é relativamente dura, mas como sempre existem duas alternativas: passar sem muita dificuldade ou cair em algum buraco e perder muito tempo.
    Para muitos esse Erg vai ficar nos anais do Rally.

    O Comentário do Piquet

    A primeira etapa longa na Líbia mostra a recuperação esperada do meu amigo Jean-Louis Schlesser, que não só passou à liderança como colocou mais de 10 minutos de vantagem no segundo colocado. A média de velocidade do Schlesser de quase 127km/h mostra que o seu carro de tração apenas nas rodas traseiras está bem equilibrado para esses trechos velozes na areia. A Equipe Hollywood Troller fez bonito e chegou ao final da tapa em bloco com os carros agrupados, o que vai facilitar o trabalho de equipe na próxima etapa de navegação complicada. Outro fato importante de nota é que já estão chegando mais perto dos líderes da categoria novatos.

    A Líbia

    O cancelamento, em 1999, das sanções impostas pela ONU vai lançar a Líbia em um novo período. Das antigas ruínas gregas e romanas até a arte moderna e à fortuna do petróleo tem uma bem merecida reputação de hospitalidade e amabilidade para os turistas. O Jamahiriya, ou Estado das Massas vai ter que se adaptar rapidamente à nova convivência global, sem perder seus princípios.

    A Líbia é o quarto maior país africano e se espalha desde o Mediterrâneo até o vasto Sahara das dunas móveis. Em seu território não existem rios perenos apenas os córregos chamados wadis. Mas um grande projeto nacional o “Grande Rio Feito Pelo Homem” permitiu a construção de um grande aqueduto (uma das maiores e mais caras obras de engenharia já
    realizadas, no valor de 27 bilhões de dólares) que traz água de depósitos subterrâneos localizados no deserto.

    Essa antiga província do Império Romano, sucessivamente ocupada por bizantinos, árabes, turcos e italianos tem diversos campos arqueológicos riquíssimos (o antigo porto fenício de Leptis Magna engolido pela areia no século XI é considerado o mais impressionante e maior campo Romano no Mediterrâneo) uma cultura folclórica rica e preservada que mostra exatamente essa mistura de influências. A riqueza petrolífera garante um
    padrão de vida confortável com uma renda per capita que beira os 7 mil dólares.

    A Cozinha Árabe

    A cozinha Árabe tem suas raízes nas tendas nômades. Carregavam apenas as comidas transportáveis como arroz ou os animais como carneiros e camelos que os acompanhavam. Deviam, pelo mesmo motivo, serem fáceis de preparar e altamente digestivas. Enquanto as caravanas seguiam seus caminhos, novos temperos e novos vegetais iam sendo descobertos e se incorporavam à lista dos alimentos consumidos. Cada uma dessas novas aquisições,
    então passava a fazer parte da tradição culinária, de acordo com o gosto das diferentes tribos. Por esse motivo existem tantas diferenças na comida Árabe dos nômades beduínos tão rica e com influência tão grande por outras cozinhas do mundo árabe, como Síria,
    Palestina, Egito e principalmente o Líbano.

    A hospitalidade Árabe, potencializada pelo deserto, não deixa nada a dever a nenhuma outra e o ritual de tomar café (kahwa ou gahwa) ou chá de hotelã é seguido com precisão. Entre uma baforada ou outra do sheesha, o cachimbo com filtro de água onde se queimam folhas de tabaco e frutas secas.

    O Camelo

    Nenhum deserto é completo sem areia e camelos. Domesticados milhares de
    anos atrás pelos mercadores que faziam a longa e árdua jornada entre a África do Norte e o Oriente Médio, o camelo se tornou a fonte principal de transporte, sombra, leite, carne, lã e couro para os habitantes do deserto.

    Hoje em dia são valorizados mais e mais como animais criados para corridas ou por valores sentimentais do passado e cada vez menos por sua contribuição ao transporte. Mesmo assim ainda fazem parte da vida puxando arados, movimentando poços, transportando gente e mercadorias para os mercados através de rotas impraticáveis para qualquer tipo de veículo.

    O Ata Allah (Presente de Deus) como é chamado pelos beduínos o dromedário (o camelo de uma só corcova e mais alto) é um animal bem humorado, paciente e inteligente, bem diferente da noção popular. Sua capacidade e aguentar longos períodos sem beber água está no fato de que transpira pouco e é capaz de, através de um termostato natural, elevar em até 6 graus a sua temperatura para evitar justamente essa transpiração, que significa perda desnecessária de água.

    O camelo é todo equipado para as areias e o sol do deserto. Seus ouvidos são cobertos
    por pelos que impedem a passagem da areia assim como os olhos são protegidos por uma camada dupla de cílios e as sobrancelhas são propositadamente reforçadas para proteger do sol. Nada mais impressionante do que seu focinho, protegido por fortes músculos na
    narina, que fecham, abrem e ontorcem, refrescando o ar que respiram e condensando a umidade que expiram. Capazes de beber até 100 litros de água em apenas 10 minutos os camelos vivem por aproximadamente 40 anos e podem perder até um quarto de seu peso (de até 700 Kg) em até 7 dias sem alimentação.

    Este texto foi escrito por: Meg Cotrim

    Last modified: janeiro 18, 2000

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    Redação Webventure
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