07.01.2000 – Mais uma etapa cumprida pela equipe Hollywood Troller, que hoje, segundo dia do Rali Paris Dakar Cairo, completou o trecho de hoje 359 km dos quais 121 km de especial – entre Tambacounda (Senegal) e Kayes (Mali), com os quatro carros e já ocupa a terceira colocação na categoria Rookies (estreantes), com a dupla Reinaldo Varella/Alberto Fadigatti. Esse ano, a Thierry Sabine Organization estipulou premiação de US$ 25 mil para o melhor rookie, visando valorizar ainda mais a categoria. Varela/Fadigatti estão atrás das duplas argentinas Luiz Perez/Jorge Perez, líder; e Raies/Volta, segunda colocada, ambas com Toyota. No total, largaram 131 carros hoje.
Os líderes da categoria carros após a segunda etapa são: Shinozuka/Serieys (Mitsubishi); seguido de Sousa/Luz (Mitsubishi) e Masuoka/Schulz (Mitsubishi).
A Equipe Hollywood Troller também subiu na classificação geral, como segue:
Dupla | Geral | T3 | T3.1 | Novatos |
Varella/Fadigatti | 43 | 22 | 14 | 3 |
Arnoldo/Gabriel | 69 | 35 | 20 | 8 |
Macedo/Ermírio | 109 | 59 | 27 | 21 |
Clauset/Klink |
Hoje, a dupla com melhor desempenho da equipe foi Roberto Macedo/Marcos Ermírio de Moraes, que largou na 125a. posição e chegou em 60º lugar no dia, recuperando a penalização do problema enfrentado ontem, quando tiveram a caixa de transmissão quebrada e foram penalizados com 1h29, mas terminaram a etapa sem precisar ser rebocados, contrariando informações divulgadas hoje. A dupla cearense Arnoldo Jr/Galdino Gabriel confirmou a boa performance da véspera, largando em 80º e terminando em 61 no dia, 69 na geral. Cacá Clauset e Amyr Klink tiveram outro dia com problemas e amanhã largam em último lugar. Perderam a roda traseira na especial e tiveram de esperar o caminhão de apoio para poderem efetuar o conserto e prosseguir até o final.
DIRETO DO DESERTO
Palavra do Alberto Fadigatti
Estamos muito contentes com os resultados até agora. Temos tido sorte ! Nos atrasamos dois minutos na largada, pois voltamos ao acampamento para checar um barulho na roda. O percurso de hoje foi muito semelhante ao de ontem, mas as condições foram bem piores. Nunca vimos tanta poeira, a estrada é estreita, cheia de árvores e sem vento. Demoramos 130 km para ultrapassar o primeiro carro, mais 30km para passar o segundo. Quanto a navegação, está bastante tranqüila até o momento.
Palavra do Galdino Gabriel
A etapa de hoje pareceu uma reprise de ontem. Muito pó, lama. Viemos controlando o carro, andando devagar para não correr riscos. Mas ainda não estamos nos sentindo no Paris Dakar. Não vemos a hora de chegar no deserto !!!
Palavra do Marcos Ermírio de Moraes
Ufa! Hoje estamos contentes, fomos bem, sem problemas. Ultrapassamos 22 carros e deu para recuperar um pouco o terreno perdido ontem, quando fomos penalizado em 1h29. Mas é apenas o segundo dia e tem muito pela frente. Quanto a navegação está tranqüila, nós nem temos usado o GPS, pois a planilha está sendo suficiente. Acredito que o GPS será bastante utilizado quando entrarmos no deserto.
Etapa III Dia 8/1/00
Saindo de Kayes a etapa é bastante parecida com aquela do dia anterior e usa mais uma vez estradas que posssivelmente estarão muito danificadas pelas pesadas chuvas. A rota leva os competidores pelo oeste do Parque Nacional do Boucle de Boule e pela floresta Badinko.
Então muda o cenário porque os veículos entram pela mata africana com trechos perdidos no meio de densa vegetação. A estrada sinuosa e ondulante continua até a periferia de Bamako a capital do Mali.
O dia de amanhã (8/1)
Uma etapa que apresenta também a floresta aos concorrentes do Rali. Vamos ter um comportamento ainda cauteloso dos carros menos adaptados a essas condições de terreno, carros que só estão esperando as dunas para mostrar o seu brilho.
Os perigos
As estradas continuam estreitas e isso é sinônimo de maior dificuldade nas ultrapassagens. Mas nessa etapa o maior perigo está nas falhas da navegação. Apesar de curta é uma etapa onde fica fácil se perder e isso significa atraso, difícil de se recuperar .
O que esperar de amanhã
Mais uma etapa de floresta que vai fazer aumentar a vantagem dos carros mais ágeis e dos pilotos acostumados com os Ralis Europeus de velocidade. Ao contrário de hoje, porém, na chegada os mecânicos dos aviões vão estar lá para deixar o pessoal dos carros (e das suas assistências nos caminhões) descansar um pouco.
O Comentário do Piquet
Como todo tipo de corrida existem três grandes fatores para serem considerados. A mecânica, o tipo de pista e os outros adversários. Em cada tipo de corrida, porém, o ponto de equilíbrio entre esses três fatores muda de lugar. Nesse momento, no Dakar, a ordem do dia é não perder de vista os adversários. Por isso, ninguém nem deixa o outro escapar e nem quer escapar demais. Tá na fase do jogo de xadrez. Vence quem conhece as regras direito, mas quem tem também sangue frio e paciência, muita paciência. Achei espetacular a vitória brasileira nos caminhões na primeira etapa com o André Azevedo da Equipe BR Lubrax, como achei também fantástica a prova do Varella e do Fadigatti, da Hollywood Troller. O carro deles foi o que mais subiu de posição, conquistando nada menos do que 45 lugares na primeira etapa e mais 6 na segunda. Esses vão longe, podem escrever.
O Mali
O antigo império do Mali floresceu no oeste africano do século 13 ao século 16. O comércio, principalmente o do ouro foi a base para esse crescimento que fez espalhar a cultura do Mali até o Egito. No entanto a maré de crescimento que carregou o império ao sucesso o impeliu como em tantos outros casos ao declínio. Mais uma vez um império crescia mais do que a sua própria força política e militar. Mas restou a sua cultura e a sua história que mesmo em um país dividido entre a zona nômade (os tuaregs) do Sahara e a zona agrícola da Savana mostra a personalidade do País. Como encruzilhada entre o norte e o oeste africanos desenvolveu uma tradição cultural. Situado entre o mundo árabe do norte e o mundo da África negra ao sul o Mali há séculos é um ponto de encontro de culturas.
A Cultura
Os tambores Djombe, Tabala e Kalango marcam o compasso de uma música que acompanha a tradição oral de sua história. Uma história que pouco a pouco começa a ser melhor conhecida já que o país, depois do Egito é aquele onde existem mais explorações arqueológicas. No futuro próximo uma crescente exploração de ouro (em mais dois anos o país passará a exportar o metal) vai servir de base para que toda essa massa histórica seja melhor explorada e conhecida.
O Prato Nacional
Na verdade mais tradicional do que a comida (escassa em muitas regiões) é o costume do doce e chá quente que os habitantes do Mali tomam em tradicionais e amigáveis 3 rodadas. Só resta depois disso a despedida “kanbiafó” que na língua Babara ( a mais falada depois do idioma oficial francês) que dizer Até mais.
Classificação dos outros brasileiros
Klever Kolberg (BR Lubrax/Mitsubishi) , Geral 32º , 9º na Maratona
Juca Bala (BR Lubrax), Geral 20º (categoria Motos), KTM, 3º na Produção
André Azevedo (BR Lubrax), categoria caminhões, Geral 2º
Este texto foi escrito por: Meg Cotrim
Last modified: janeiro 7, 2000