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Equipe médica e o trabalho realizado no Brasil Wild Extreme

Redação Webventure/ Corrida de aventura

Herman exibe a prova de sua grande paixão (foto: Lilian El Maerrawi/ www.webventure.com.br)
Herman exibe a prova de sua grande paixão (foto: Lilian El Maerrawi/ www.webventure.com.br)

O Brasil Wild Extreme Corrida das Fronteiras chegou ao fim no último fim de semana em Paulo Afonso (BA), e levou muitos atletas da corrida de aventura à quatro estados nordestinos — Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco —, em um desafio no sertão onde praticaram mountain bike, trekking, canoagem, orientação e técnicas verticais.

O desgaste de quem se aventurou no percurso de aproximadamente 540 quilômetros no total foi grande, visto que a prova foi feita embaixo de sol forte, calor intenso e os atletas conviveram em muitos momentos com a falta de água. Mas há quem diga que é muito mais mito do que verdade que a corrida de aventura leva o atleta ao extremo de sua saúde e integridade física.

É o caso do paramédico que integrou a equipe do Brasil Wild, Herman Milichman, que há oito anos faz parte de equipes médicas na modalidade. Ele acredita que o evento mudou o conceito do esporte dentro do cenário nacional, já que houve um grande preparo dos médicos junto ao Exército no mapeamento de áreas de risco de desidratação e alguns tipos de acidentes que os atletas poderiam sofrer.

“Nós tivemos o apoio do Exército e mapeamos as áreas de maior risco de desidratação aguda, onde poderíamos ter complicações respiratórios e problemas típicos da região, como picadas de insetos, que é um fator agravante para o atleta durante a corrida”, explicou Herman.

Herman Milichman ressaltou que durante provas longas de expedição, a imunidade tende a cair e a partir disso, viroses incubadas no organismo podem se manifestar. Foi o caso de alguns atletas que passaram mal durante o percurso por problemas adquiridos antes do início da prova, como bactérias causadoras de infecções gastrointestinais.

“Mesmo com alguns casos de problemas, o saldo da corrida foi totalmente positivo porque você não pode achar que vai andar 60 quilômetros na areia a 60 graus e não vai ter uma bolha no seu pé. Ou achar que vai remar 100 quilômetros e não vai ter uma bolha na sua mão. Tudo o que aconteceu de ferimentos, desidratação e desorientação dos atletas por cansaço e calor já estava previsto e mapeado, e nós estávamos estrategicamente posicionados”, disse o paramédico, elogiando ainda o desempenho dos atletas.

Ele explicou que há de se ter um bom preparo por parte dos participantes da corrida de aventura para amenizar certos problemas de saúde que possam surgir.

“Tem gente que chega aqui com preparo de anos, e tem gente que chega com preparo de meses. Não há dúvidas de que isso faz uma grande diferença, mas o atleta que conhece seu próprio organismo torna um mito o conceito de que a corrida causa muitos danos à sua saúde, porque ele conhece seus limites”, disse Milichman, completando que muitos meios de comunicação reportam os esportes de aventura em geral como um grande causador de danos à saúde dos praticantes, mas que o fato é uma inverdade.

Desmistificando isso, Herman lembra que há atletas mais fortes que outros. O organismo de cada um é diferente e por isso cada um reage de diversas maneiras à viroses, machucados e dores.

De acordo com ele, o processo fisiológico de cada pessoa varia desde a saída de sua casa até a largada de uma prova, por isso não há como prever certos tipos de desgastes.

“Por esses fatores, o lado psicológico do atleta é o que mais precisa ser trabalhado. Têm muitos participantes que estão bem numa prova e de repente eles ficam muito mal. Isso é puramente psicológico”, conta.

Herman Milichman é envolvido desde meados da década de 90 com grupos de escaladas, além de já ter feito muitos projetos com jovens de periferia nessa área. Desde então, entrou para a corrida de aventura e atualmente além de trabalhar na área médica no esporte, monta circuitos em parceria com equipes do Rio de Janeiro.

“Basicamente todos os finais de semana livres que eu tenho eu estou envolvido em alguma corrida em vários cantos do país. É um grande casamento, uma grande paixão”, disse Milichman, confessando que em 2011 pretende organizar uma grande corrida de aventura no sudeste do Brasil com cerca de 2000 quilômetros de percurso. “Um enorme desafio”, ressalta ele mostrando sua tatuagem que resume bem o seu sentimento pela corrida de aventura.

Os números médicos do Brasil Wild Extreme mostram como foi eficiente o trabalho dos profissionais da área da saúde e do Exército Brasileiro no suporte aos atletas que fizeram o percurso da prova pelo sertão nordestino.

Foram três equipes médicas formadas por duplas em atividade durante a prova, além de suporte de ambulâncias das cidades que fizeram parte do percurso e de auxiliares de enfermagem que ajudaram nos atendimentos.

Dos 232 atletas que iniciaram a prova, apenas 56 tiveram de ser atendidos pelos médicos. A maioria deles com insolação e desidratação. Foram usados 28 frascos de soro para reidratação deles.

Outro fator que causou grande parte dos atendimentos foram as bolhas nos pés e nas mãos dos atletas. Para isso, a equipe médica usou 79 agulhas para furar as bolhas e 9 rolos de esparadrapo. “Não usamos essa quantidade de esparadrapo nem durante um plantão num pronto-socorro”, disse Herman rindo.

Os médicos e paramédicos se preveniram de picadas de insetos com 7 tubos de repelentes e usaram 6 frascos de hidratante durante os seis dias de trabalho. No carro que Herman usou durante a prova, foram levados 70 litros de água.

“Um dos fatores mais positivos de todos foi que não tivemos nenhum caso de lesão ortopédica e nenhum atleta sofreu ferimentos que necessitassem de sutura”, finalizou.

Este texto foi escrito por: Lilian El Maerrawi

Last modified: abril 14, 2008

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