Carlos Stape e Clemar Corrêa checam onde sobrevoar na passagem da especial. (foto: Cristina Degani/ www.webventure.com.br)
Direto de Barreirinhas (MA) – Trabalhar em casos de atendimento médico no Rally dos Sertões durante os 10 dias de prova, nos casos de acidente e emergência com resgate, não é uma tarefa fácil. Se um caso grave já é complicado o atendimento em um hospital moderno, no interior pobre e carente do país é bem pior.
A dificuldade de locomoção entre as cidades e os trechos cronometrados, o resgate no caso de emergências, o tipo de transporte e o diagnóstico dos casos depende da rapidez no atendimento. Tudo isso é feito também contra o relógio, em uma comparação com a velocidade do próprio rali. No Rally dos Sertões, realizado há 12 edições, a equipe médica própria é fundamental para o perfeito sincronismo de todas os atendimentos e finalizações de acidentes.
O neurocirurgião Clemar Corrêa é o chefe desta equipe e acompanha o Sertões desde o início. Atualmente, a rotina do rali para ele tem sido acordar e seguir para o aeroporto mais próximo da cidade, uma hora antes do início da largada da especial, para sobrevoar a prova com o helicóptero UTI. O Rally dos Sertões tem em sua infra-estrutura aérea quatro helicópteros dois médicos, um de filmagem e outro de coordenação da prova e dois aviões um monomotor para acompanhamento da prova com boletins on line e outro bimotor para levar as pessoas chave da organização para a próxima cidade. Clemar voa todos os dias em um desses helicópteros médicos, no Med Uno.
Checagem do dia – Clemar não vai sozinho. Hoje, por exemplo, ele voou com o comandante Enrico e o dr. Valdir, médico cirurgião geral. Os médicos que trabalham no Rally dos Sertões para atendimento do Cross-country são Carlos Alberto Stape, Cláudio Birolini, Valdir Zamboni, Jorge Ribera e Clécio Yuhara. Nas outras modalidades acompanham Vinícius Santos (Expedition) e Cássio Girardi (Regularidade).
Após a decolagem, Clemar auxilia o piloto na navegação até o waypoint, ou seja, a chegar no ponto de largada através de coordenadas pelo GPS. Anos de trabalho nessas condições e a experiência de resgate em São Paulo, no helicóptero Águia da Polícia Militar, capacitaram esse médico a navegar, atender e resgatar em condições extremas.
Após o pouso próximo ao início da especial, Clemar, quando não é chamado logo no início para resgate, vai para a fila de competidores conversar sobre novidades do dia anterior e passar mais precauções para aquela etapa. Após isso, ele espera até a maior parte dos carros largar a decola novamente com a equipe, sobrevoando a especial e se dirigindo para o ponto do final da especial. Depois segue para a cidade destino.
Atender no Sertão – No caso de hoje, eram duas especiais e o helicóptero ficou no início das duas especiais e depois no final da segunda. Mas não é sempre que isso que acontece. No terceiro, quarto e quinto dia de rali, Clemar e sua equipe atenderam mais de 15 casos médicos, sendo a maior parte necessária a presença do helicóptero para resgate.
No caso mais grave do rali até agora, o acidente de moto na especial que levava à Araguaína (TO), dos pilotos Fabrício Marchesi e Ramon Vialli Neto, foi preciso que os helicópteros levassem os acidentados para o hospital municipal local para atendimento. No dia seguinte a este acidente, seis pilotos tiveram socorro médico, sendo que quatro deles usou o serviço dos helicópteros.
No caso de dias sem atendimento médico para competidores no rali, Clemar e sua equipe acabam sendo procurados pela população local, que já sabe que os médicos acompanham o rali. Na largada do oitavo dia de rali, largada em Curuatá (MA), Clemar e dr. Valdir acabaram atendendo uma menina da cidade, com desidratação e verme, o diagnóstico mais comum no sertão.
Este texto foi escrito por: Cristina Degani
Last modified: julho 8, 2004
