Troféus A equipe Petrobras Lubrax entrou para a história do Rally Paris-Dakar, a maior competição off road do planeta, ao conquistar três pódios simultâneos em todas as categorias neste ano. O time brasileiro é o único do mundo que conseguiu a façanha. Jean Azevedo foi bicampeão da categoria motos Production e quinto na classificação geral com KTM 660. André Azevedo e os checos Tomas Tomecek e Mira Martinec são vice-campeões entre os caminhões (Tatra), e a dupla Klever Kolberg e Lourival Roldan terminou em terceiro na categoria carros Super Production Diesel e em 13o na geral com um Mitsubishi Pajero Full.
Desafios vencidos O Dakar 2003 foi histórico e marcou o aniversário de 25 anos da competição. Foram 19 dias de prova desde a largada em Marselha no dia 1o de janeiro até Sharm El Sheikh. Os pilotos brasileiros venceram o desafio dos 8.552 quilômetros entre cinco países da Europa e África (França, Espanha, Tunísia, Líbia e Egito). A conquista do pódio das três categorias era o principal objetivo da equipe Petrobras Lubrax. A prova este ano foi difícil e estava muito competitiva, devido à entrada de mais carros de equipes oficiais de fábrica. A organização acertou o roteiro no que diz respeito às paisagens. O cenário era exuberante. Com 16 participações consecutivas no Rally Paris-Dakar, a equipe Petrobras Lubrax agora acumula 18 pódios, sendo seis de primeiro lugar.
Volta de Jean Jean Azevedo estreou na equipe Petrobras Lubrax em 1994, permanecendo até abril de 1998, quando decidiu partir para carreira solo. No Dakar 2001 ele substituiu Luiz Mingione, que sofrera um acidente de trânsito cinco dias antes do embarque para a prova no deserto. Jean retornou definitivamente ao time no início de 2002 e durante o ano conquistou o tricampeonato do Rally dos Sertões, o bicampeonato do Brasileiro de Rally Cross Country e o bicampeonato do Brasileiro de Enduro na categoria C para motos até 400 cilindradas. Em 2003 participou pela quinta vez do Dakar.
A primeira vez Lourival Roldan estreou no Paris-Dakar como navegador de Klever Kolberg no Mitsubishi Pajero Full da equipe Petrobras Lubrax. Nos primeiros dias o maior desafio era administrar a tensão de estar navegando num ambiente completamente diferente do que estava habituado, com novas informações e novos instrumentos.
Dólar Os desafios da equipe Petrobras Lubrax não se limitaram apenas aos adversários, à poeira, às pedras, às dunas e outros perigos do deserto. O preço alto do dólar em relação ao real também foi um obstáculo a ser superado. A equipe precisou encontrar meios para reduzir custos e administrar a disparada da moeda americana.
Sonhos A equipe Petrobras Lubrax já traçou os planos para os próximos anos. O principal objetivo é conquistar o pódio na classificação geral das três categorias até 2010. No Dakar 2004 a idéia é correr com um carro brasileiro, um Mitsubishi L200 Evolution, fabricado em Catalão (GO), o mesmo modelo que Kolberg e Roldan foram vice-campeões do Sertões 2002 e campeões de etapas do Campeonato Brasileiro de Rally Cross Country no ano passado. Nas motos, o excelente resultado de Jean Azevedo pode abrir o caminho para que o piloto brasileiro corra com equipamento oficial fornecido pela fábrica da KTM. As motos são mais preparadas e mais potentes. O mesmo caminho deverá ser seguido nos caminhões.
Ação Social A equipe não quer apenas se superar esportivamente, mas também em outras áreas muito importantes. Durante a cobertura do Dakar no site oficial, o www.parisdakar.com.br, foi feito um leilão beneficente, em parceria com o Grupo G12, de mais de 150 itens doados pelos pilotos e patrocinadores. Toda a renda será revertida ao Projeto Ampliar, que presta atendimento a adolescentes carentes. Para 2003 a equipe está preparando novos projetos nas áreas sociais.
Palestras e seminários Os resultados no Dakar 2003 (troféus, imagens e aprendizado) serão utilizados na atualização das palestras e seminários que André Azevedo e Klever Kolberg realizam para empresas traçando paralelo entre os desafios do Dakar e o mundo dos negócios.
Livro fotográfico A equipe Petrobras Lubrax está produzindo um livro fotográfico sobre o Rally Paris-Dakar. Além dos veículos usados pelos brasileiros, o trabalho pretende mostrar ainda fotos das pessoas que vivem nos lugares mais inóspitos do deserto do Saara e histórias de jornalistas brasileiros que já cobriram a maior competição off road do mundo.
O que deu errado Nem tudo deu certo para a equipe Petrobras Lubrax. No último dia da prova Jean quase deu adeus aos títulos. Depois de 19 dias cumprindo os horários rigorosos, o piloto brasileiro perdeu a hora pela manhã. O despertador estava programado para as 6 horas para a última etapa do rali, já em Sharm El Sheikh, mas o relógio parou de funcionar às 5h20. Resultado: depois de momentos de pânico, Jean chegou ao local da largada no minuto exato da saída. Se chegasse mais tarde seria penalizado e perderia a colocação no último dia de prova.
A preparação feita pela empresa Ralliart no Mitsubishi Pajero Full de Klever Kolberg e Lourival Roldan também não ficou como o esperado. Em vez de ganhar mais potência, o motor perdeu. A dupla brasileira só conseguia ter bons resultados nas etapas em que era exigida mais habilidade de pilotagem. Nos trechos de alta velocidade, os carros mais potentes abriam distância. Outro problema envolvendo a Ralliart foi a quebra de caminhões de apoio que levam peças de reposição e mecânicos. Dois dos três veículos tiveram problemas. Um voltou para a Europa ainda no começo do rali e o outro conseguiu alcançar a caravana da competição depois de vários dias de atraso. Neste período a manutenção do Pajero Full da equipe brasileira poderia ter sérias conseqüências. Outro problema: a equipe da Ralliart simplesmente esqueceu na França um diferencial dianteiro especial de reserva para o carro de Kolberg e Roldan, peça que custa cerca de US$ 15 mil.
Na chegada ao dia de descanso na base aérea de Siwa, no Egito, próxima à fronteira com a Líbia, um grande susto. Um caminhão da KTM passou em cima de uma mina e provocou a detonação do explosivo, que estava instalado exatamente na rota que era considerada segura pelos militares egípcios e que foi usada por todos os veículos do Dakar. Após a explosão, um comboio com 60 veículos foi impedido de seguir viagem e todos tiveram que passar a noite na fronteira, entre eles o caminhão de assistência da equipe Petrobras Lubrax com o mecânico brasileiro Geraldo Lima e o checo Petr Vodak. Foram horas de tensão na fronteira da Líbia com o Egito. Antes da mina, a dupla se perdeu e foram necessárias várias horas para achar a rota correta no deserto.
Retrospectiva do ano – A equipe Petrobras Lubrax teve uma campanha excelente na temporada 2002-2003. O ponto forte foi a conquista de três pódios simultâneos no Rally dos Sertões, a maior prova off road da América Latina. André Azevedo e Robson Pereira foram campeões com um caminhão Mercedes-Benz; Jean Azevedo conquistou o tricampeonato nas motos e Klever Kolberg e Lourival Roldan, de Mitsubishi L 200 Evolution, terminaram como vice-campeões entre os carros. Jean também conquistou o bicampeonato do Brasileiro de Rally Cross Country e o bicampeonato do Brasileiro de Enduro na categoria C para motos até 400 cilindradas.
A Equipe Petrobras Lubrax tem patrocínio da Petrobras, Petrobras Distribuidora, Mitsubishi Motors do Brasil, Pirelli, e apoio da Minoica Global Logistics, Controlsat Monitoramento Via Satélite, Mitsubishi Brabus, IBM, Planac Informática, Nera Telecomunicações, Telenor Satellite Services AS, Kaerre, Capacetes Bieffe, Lico Motorsports, Artfix, Sadia, Dakar Promoções, Vista Criações Gráficas, Adventure Gears, Kodak Professional, Mercedes-Benz Caminhões e site Webventure (www.webventure.com.br).
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Este texto foi escrito por: Ricardo Ribeiro / Cláudia David / Ana Carolina Vieira