Ninguém sabia dizer o que aconteceria com os cavalos nos 113 km de trilha, entre os postos de controle 03 e 09. Muitas equipes apostaram, principalmente as estrangeiras, na força dos animais para agüentar um ritmo forte. Os mais cautelosos traçaram a estratégia de formar uma dupla precisa para cumprir o horário previsto. Já a organização estimou 20% (18) de reposição dos 120 dos cavalos. E todos se deram mal.
O mais importante desta etapa não era sair em alta velocidade e ganhar tempo. As equipes precisavam ser boas na orientação e terem habilidades suficientes de enduro eqüestre. Outro fator fundamental era respeitar a resistência do animal e tratá-lo bem, com a devida alimentação.
Foram três dias e três noites de muita exaustão. As equipes enfrentaram terrenos diversos. Subiram serras, cavalgaram na areia e cruzaram o Rio Itacolomi. Mas algo de errado aconteceu. Muitos foram os times que reclamaram das condições físicas dos animais e alguns tiveram os cavalos vetados para prosseguir.
Em todos postos de controle intermediários, haviam veterinários contratados pela organização para a checagem. As equipes solicitaram a troca por novos animais mas não existia número suficiente e foram obrigadas a continuar sem um ou até dois cavalos. Foi o caso da norte-americana/ neozelandesa Varig Airlines que teve um cavalo impossibilitado no PC 6.
A brasileira Brasil Firemen também teve problemas. Vínhamos bem no cavalo até que no PC 6 um deles, provavelmente por algum descuido, foi trocado. E o que ficou conosco é muito ruim. Tivemos que arrastá-lo durante todo o caminho explicou o capitão, Valdir Pavão. No geral, nosso cavalos estão sentido muito a prova, completou.
Outra equipe prejudicada foi a brasileira Tribo dos Pés. O time da capitã Anja West, perdeu um cavalo no PC6 e pediu o veto de outra égua, porém não foi atendida. Somente no PC seguinte o animal foi barrado. É uma judiação fazer isso com a égua. Tive que puxá-la do à força do PC 6 até o PC 7, contou Anja.
Bernadino Pucci, outro integrante da equipe, ficou revoltado com a atitude dos veterinários. A gente está tentando poupar os cavalos, só que eles não estão agüentando. Os veterinários têm que ter consciência disso. Pucci culpa a organização da prova pelas condições dos animais. Para ele, os cascos estão muito sensíveis. Eles ficaram encocheirados por dois meses e na hora de irem para a pedra o casco, amolecido, sente muito. Anja concorda com o companheiro. Não sei se foi imprudência da organização, mas acho que os cavalos deveriam estar melhor preparados. Anja e Pucci sabem do que falam pois os dois montam desde pequenos.
Ambas declarações vai contra a opinião do responsável pelos animais. Mário Zanotelli. Ele não considera que a maioria das equipes estejam reclamando dos animais. Mais das 60% das equipes passaram pelo PC 7 sem reclamar. Mário acredita que a temperatura de mais de 40º C foi o fator predominante no baixo rendimento dos animais. Tivemos um impacto inicial com a alta umidade do ar e temperatura. Foi muito complicado para os cavalos. Ele ainda afirma que foram as equipes as grandes culpadas. É lamentável que em um evento deste nível, as equipes que se inscreveram não tenham a preocupação merecida com os cavalos, completa.
Na verdade, ainda não está esclarecida de quem é a culpa. Infelizmente, foram os animais que sofreram as conseqüências. Muitos chegaram aos postos de controle mancando e cansados do longo percurso.
Este texto foi escrito por: Andre Pascowitch