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Escobar, da Atenah, conta a história do resgate


Escobar descansa no PC 17 após o resgate. (foto: Gustavo Mansur)

Na madrugada de hoje o norte-americano Joseph Escobar foi o protagonista do primeiro caso de emergência na EMA 2001. Com fortes dores no pé, delírio e sintomas do que parecia uma reação alérgica a analgésicos ministrados por suas companheiras da equipe Atenah, ele foi levado a cavalo do Posto de Controle 11 de volta ao 7, onde foi transportado por helicóptero.

A ação desclassificou a Atenah, que no ano passado também não conseguiu completar a prova. Mas foi inevitável. “Elas me salvaram”, diz Escobar, referindo-se às amigas que acionaram o resgate pelo telefone via satélite que todos os times receberam e só podem usar em caso de emergência.

Meia fina – As dores nos pés começaram a se tornar insuportáveis ontem. O motivo, segundo o atleta: o uso de uma meia mais fina nos primeiros dias de prova. “No PC 6, quando encontramos nossas caixas com equipamentos, eu troquei as meias, passei a usar duas, estava bem. Mas uma vez que você machuque os pés numa corrida de aventura, sabe que eles nunca vão melhorar se você continuar”, justifica Escobar.

Por causa disso a Atenah optou ontem por mudar para a categoria Aventura, cujo percurso é mais curto do posto 7, os times vão direto para o 11 e depois para o 13, onde começa a etapa de duck (caiaque inflável para duas pessoas). Na madrugada, ainda no trekking, Escobar não agüentava mais a dor e suas companheiras lhe deram um analgésico. “Eu sou alérgico a este remédio, elas não sabiam, eu também não tinha avisado antes”, lembra o atleta, que passou a ter reações fortes, muito suor e tremedeira.

O pior momento – Assustadas, duas atletas da Atenah seguiram até o próximo posto para pedir ajuda. No local, Escobar teve atendimento médico mas enfrentou a viagem de três horas a cavalo até o helicóptero. Já no PC 17, onde funciona o “quartel-general” da EMA, foi novamente medicado e já está bem. “Acabou que a viagem de helicóptero foi o momento mais marcante que tivemos na corrida”, diz a capitã da Atenah, Sílvia Guimarães (a Shubby).

Escobar não é um atleta iniciante. Ao contrário, foi ao lado dele que o organizador da EMA, Alexandre Freitas, fez sua estréia em corridas de aventura. “Estivemos juntos no Southern Traverse, em 1997”, recorda-se. Eles se conheceram durante os seis meses que Escobar viveu no Brasil. O atleta também participou do Eco-Challenge, em 95, e entrou na Atenah para substituir Sérgio Zolino.

Para Clemar Corrêa, responsável pela equipe médica da EMA 2001, não é possível que Joseph Escobar tenha tido uma reação alérgica aos medicamentos ministrados por suas companheiras da Atenah. “Tudo indica que ele teve uma hipertermia (aumento da temperatura corporal)”, diz.

Segundo o médico, “os analgésicos que o atleta tomou contêm codeína, que é controlada em São Paulo como um entorpecente. Deve ter causado um delírio nele. Foi isso: uma combinação de delírios e hipertermia”.

Alerta – Clemar diz é permitido que os atletas carreguem esses medicamentos consigo, mas afirma que, em caso de pessoas alérgicas na equipe, deve ser seguido o conselho dado por ele no site da organização: carregar adrenalina ou outro preparado injetável auto-aplicável que cortaria o efeito da reação alérgica.

Fora este, o médico relata que não houve nenhum outro incidente até aqui. Alerta para o calor “hostil” e que muitos atletas estão bebendo água suja. Eles levam como equipamento obrigatório comprimidos que purificam a água para consumo.

Este texto foi escrito por: Gustavo Mansur e Luciana de Oliveira