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Escolha da operadora determina segurança no rafting

Redação Webventure/ Rafting e canoagem

Cenas da 1ª Copa de Resgate realizada em Piraju  em junho passado (foto: Débora de Cássia/ Arquivo Webventure)
Cenas da 1ª Copa de Resgate realizada em Piraju em junho passado (foto: Débora de Cássia/ Arquivo Webventure)

Todo esporte de aventura tem aquela cena que causa arrepios nas pessoas e que, para muitas deles, é a fonte do prazer, a “graça”… No caso do rafting é o bote virando logo após aquela corredeira com nome que já mete medo (Degrau, Ghost Rider). O risco realmente existe, mas pode ser controlado. Como? Com guias bem treinados e bons equipamentos, dizem os empresários do esporte.

“O fator gente é o principal”, diz João Eduardo do Espírito Santo, da Cia de Rafting, que opera no rio Paraibuna. O local foi cenário de uma tragédia há alguns anos, com vítima fatal, envolvendo outra operadora da região. “Foi um caso típico de negligência da empresa, a pessoa tomou a decisão errada de ir para uma corredeira que não oferecia segurança. Sempre quem decide é a pessoa, não o equipamento, nem a técnica”.

Silêncio – Acidentes continuam acontecendo, mas poucos chegam aos ouvidos de quem não estava lá… “Fizemos dois ressuscitamentos em guias de outras empresas nesta temporada”, revela José Roberto Pupo, da Canoar. “Isso não é muito divulgado porque pega mal para quem delata, fica uma imagem negativa junto ao próprio público. Acho que não é noticiando acidentes que vamos garantir mais segurança. É normatizando as empresas”.

Essa tão sonhada normatização caminha, a passos bem lentos, segundo eles. Hoje em dia não há leis que definam quem e como se pode abrir uma operadora de rafting nem que profissionalizem os instrutores. Nas principais companhias são necessários três meses para se formar um guia, “enquanto tem gente pegando pessoas na última hora para liderar uma descida”, diz a atleta Roberta Borsari.

A cidade de Brotas (SP) tida como capital da aventura, vive o fenômeno da explosão do rafting: já tem oito operadoras e mais uma está se formando, segundo a Prefeitura. “Está complicadíssimo, estamos perdendo com isso porque os serviços são de baixa qualidade e, como o esporte se torna cada vez mais popular, as pessoas querem pagar menos, a oferta é muito grande”, explica Renato Scatolin, da Mata’dentro, que opera na cidade há cinco anos. “Ninguém gosta de chegar e ver o rio Jacaré-Pepira com 20 botes ao mesmo tempo…”.

Lei para o rafting – É prevista a criação de um projeto-de-lei municipal regulamentando as atividades do rafting. “Estamos nos reunindo com as empresas, guias, a ONG Rio Vivo, donos de hotéis e representantes da sociedade para levantar os aspectos mais importantes. Isso já está em fase de aprovação pelo Conselho de Turismo para ser enviado à votação”, diz Daniela Nascimento, diretora de Turismo e Cultura de Brotas.

“Esse acordo está difícil… se regulamentarmos tudo, muita gente, principalmente de empresas pequenas, vai ficar descontente. Mas está caminhando, em algum lugar vamos chegar, senão perderemos nosso negócio”, alerta Scatolin. No Núcleo Santa Virgínia já começou a regulamentação das operadoras do rio Paraibuna, numa iniciativa de várias entidades com a Federação Paulista de canoagem. “O próximo alvo deverá ser Juquitiba”, avisa Paulo Roberto de Oliveira, o Betinho, diretor de rafting da federação.

Enquanto não há normas para todos, como verificar se a descida vai ser mesmo segura? Primeiro, conheça a operadora. “Pergunte, especule”, ensina Pupo. “As empresas de rafting devem fazer obrigatoriamente o seguro de seus passageiros. A partir daí, o cliente consultaria as operadoras de seguro e saberia quem é ou não idônea”, sugere Espírito Santo.

Atenção – É possível perceber quem se preocupa com a segurança pelos cuidados demonstrados com o bem-estar do cliente, limite de pessoas por bote, manutenção dos equipamentos e principalmente respeito às condições do rio. “Nosso esporte não é como o parque de diversões, em que os brinquedos estão sempre do mesmo jeito. Lidamos com a natureza, que não se pode controlar”, resume Pupo. Então, nada de decidir pelo mais barato ou pelo que promete mais adrenalina…sem segurança não tem aventura!

Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira, especial para o Webventure

Last modified: outubro 16, 2000

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