Foto: Pixabay

Especial passa em área de assentamento em Inhumas

Redação Webventure/ Offroad

Família do seu Divino discute o que fazer enquanto a especial passa na porta da casa deles (foto: Cristina Degani/ www.webventure.com.br)
Família do seu Divino discute o que fazer enquanto a especial passa na porta da casa deles (foto: Cristina Degani/ www.webventure.com.br)

Direto de Aruanã (GO) Enquanto não começava a especial de hoje, de 157km, entre Inhumas e Araguataz (GO), as pessoas ainda passavam pela estrada que iria levar os 216 veículos do Rally dos Sertões até seu destino final a cidade de Aruanã. Assim, os moradores locais dos vilarejos entre fazendas que beiravam a BR 070 ficaram em suas porteiras e debaixo de árvores para se proteger dos carros, motos, quadri e caminhões.

Em um dos primeiros trechos da especial, que até os 40km era travada e sinuosa, com redução da velocidade pelos competidores em trechos com até quatro curecas, muitas famílias de assentados sem-terra assistiam da porteira de seus terrenos e debaixo de árvores protegidos do sol ao início da passagem da organização e de alguns jornalistas que entraram em uma parte da especial.

Dona Divina, natural de Itaporanga, mora há cinco anos em Vila Mosquito (AP Mosquito), uma área de assentamento do Incra que existe há 18 anos no local. Ela e seu Divino, seu esposo, saíram de sua casa, dentro de uma estradinha na estrada de terra principal a da especial e foram assistir com as duas filhas e filhos de vizinhos a prova passar.

“É o jeito, né?” disse dona Divina, que estava pronta para tomar o ônibus para ir até Goiás, se reunir com amigas da igreja. “O ônibus não passa mais não, né?”, perguntou ela ainda na expectativa de tomar sua condução para encontrar as religiosas.

Levanta poeira! – Por onde passa, e ainda vai passar, nesses 10 dias de Rally dos Sertões, a poeira não vai deixar de subir em colônia e cidadezinhas quer ficam à margem das especiais. Da casa de dona Divina saíram as meninas Juliane, Vanessa e Thais, além do vizinho Lucas. “A gente viu quando passou no ano passado por aqui. Agora vai ter aquele monte de carro de novo né?”.

As meninas contaram que a escola foi avisada pela professora na semana que a prova do rali passaria ali. “Sabe, a gente não tem muita condição de assistir de carro e acaba vendo a pé mesmo”, fala Juliane, a mais velha. Mas a repórter explica que não precisa ter carro para assistir, que é perigoso entra no meio da trilha e que ela tem de ficar longe das curvas e erosões para no caso de acidente o veículo não voar sobre ela.

Juliane faz que entende, que sabe tudo de rali nos seus nove anos de idade. “Sabe, todo ano eles passam aqui e muito rápido. Acho que um dia eles podem fazer paradinhas, para conhecer as outras trilhas”. Não adianta explicar para a pequena Jú de Goiás que o percurso é determinado antes e que eles não dão “paradinhas”. No mundo da Juliane da Vila Mosquito, assentada na região oeste de Goiás, o rali é um sonho que ela pode alcançar com as mãos.

Este texto foi escrito por: Cristina Degani

Last modified: julho 2, 2004

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure