Cume do Kala Patar. (foto: Arquivo pessoal)
Vítor Negrete acaba de chegar do Himalaia e, na coluna deste mês, comenta a superestrutura que hoje existe no local.
Voltei recentemente do trekking ao acampamento-base (5.364m) do Everest. Apesar de várias outras pessoas terem escrito sobre esta montanha, acho que muito ainda pode ser dito.
De uma forma geral, fiquei bastante impressionado com a estrutura turística existente no Nepal e em especial no Vale de Kumbu, que é o vale que leva ao acampamento base do Everest.
A trilha que leva para o base camp é bastante tranqüila, não apresenta dificuldades técnicas e o único desafio é caminhar. Durante todo o percurso existe um sistema de alojamentos, que são chamados de lodges. Nestes alojamentos pode-se comprar comida, alugar um quarto ou tomar um banho.
Para todos os gostos e bolsos – O percurso pode ser feito no estilo mochileiro, no estilo lodges baratos, ou pode ser percorrida com grande conforto, escolhendo-se os melhores lodges, onde há luz elétrica, telefones por satélite, banho quente, vasos sanitários e tudo mais. Existem expedições comerciais para cada um destes níveis.
Nas expedições, as mochilas são levadas pelos carregadores e sempre existe um guia. Encontrei pessoas que caminhavam sozinhas levando suas mochilas, mas estas são uma minoria.
Existem lodges maravilhosos e até hotéis. Um pouco acima de Namche Bazaar (3.400m), está localizado o maravilhoso Everest View, um hotel japonês. O restaurante e a sala central têm uma parede de vidro e uma lareira confortável, rodeada por bancos almofadados, e de dentro de suas aconchegantes instalações se pode ver o Everest com toda a sua imponência, o Lhotse, o Ama Dablan e toda a cadeia de montanhas.
Vôos regulares trazem os hóspedes diretamente de Katmandu para uma pista de pouso que fica alguns metros abaixo do hotel. Durante toda a trilha pode-se tomar café da manhã, almoçar e jantar escolhendo as refeições em cardápios em inglês e a um preço bastante acessível.
A proximidade entre os lodges permite que praticamente qualquer pessoas conheça estas montanhas. O desafio é desenvolver um roteiro que se adapte às suas limitações físicas, psicológicas, de tempo e financeiras. Para pessoas com um preparo físico menor, dias com caminhadas curtas e um esquema de aclimatação mais conservador. Mas nada que uma pessoa de 70 anos em bom estado físico não possa fazer.
No nosso roteiro ousamos um pouco e depois de subir o Kala Patar (5.550m), até o flanco do Pumori, atravessamos uma passagem pelas montanhas, o Chola Pass (5.330m), por sobre um glaciar, e descemos em outro vale para subir o Gokio Ri. Destas duas montanhas tivemos uma visão privilegiada do Everest e dos cumes do Himalaia, lar dos 14 pontos acima de oito mil metros do planeta.
Diferentes respostas – Gostei muito do nosso grupo: do Joel, do Joca e da Marta. Cada pessoa reage de uma forma aos desafios, medos e vitórias. O desafio, para mim, é guiar estas pessoas em grupo para vencermos juntos os obstáculos e chegarmos aos cumes das montanhas. Lembro de cada momento de dúvida, de incerteza e sinto uma imensa alegria em ver que superamos todos os obstáculos, cumprimos todo o roteiro e voltamos felizes.
As mesmas trilhas que percorremos levam as expedições que sonham e efetivamente conquistam os picos nevados. Para estes, o acampamento base do Everest é praticamente o começo de tudo.
Este texto foi escrito por: Vítor Negrete