
Dakar nunca havia sido anulado (foto: Divulgação)
A anulação do Rally Dakar anunciada pelos organizadores há instantes é inédita. Desde que foi criada, em 1979, a mais conhecida prova do mundo off-road nunca havia deixado de ser realizada. Foram 29 edições consecutivas, em meio a conflitos, guerras civis, atentados e divergências políticas e econômicas principalmente na África.
Na edição de 2007, por exemplo, as etapas do Mali foram canceladas depois que o Serviço Secreto da França emitiu alerta para os organizadores do Dakar sobre a possibilidade de terroristas seqüestrarem pilotos, navegadores ou pessoas ligadas ao rali. A solução na oportunidade foi modificar dois dias da corrida que passariam pelo Mali.
Para 2008, a Amaury Sport Organization (ASO), responsável pela organização, resolveu tirar Mali do percurso. Mas o problema se espalhou pela África e neste ano se deu na Mauritânia quatro turistas franceses foram assassinados recentemente no país, e as autoridades da França emitiram hoje um conselho a seus compatriotas para que não disputassem a prova. Por conta disso, a ASO decidiu cancelar o Dakar.
Velho problema – Os dilemas com grupos armados e o terrorismo na África convivem com o Dakar há anos. Em 2007, por exemplo, o piloto brasileiro André Azevedo já falava sobre esse caos. Infelizmente, não é a primeira vez que o rali é alvo de grupos destes, utilizando a prova como um trampolim para a imprensa, divulgando suas causas. Já sofremos ameaças em etapas anteriores. A ameaça é para uma etapa específica e a organização deve dar segurança aos participantes”, disse, na oportunidade.
Em 2004, o Dakar havia sido bastante alterado, outra vez devido a ameaças terroristas. Em vez de trechos cronometrados, as etapas em Mali viraram deslocamentos e ainda houve um dia de descanso.
Também se tornou comum na história do Dakar ver etapas canceladas por respeito a pilotos que morreram durante a prova. Em 2006, o trecho entre Kiffa e Kayes foi transformado apenas em deslocamento para as motos. Os competidores, organizadores e chefes de equipe resolveram cancelar a especial como homenagem ao australiano Andy Caldecott.
Em 2005, o italiano Fabrízio Meoni morreu vítima de um ataque cardíaco durante a especial, o que provocou forte comoção entre todos os pilotos de moto do Dakar. O italiano era piloto oficial da KTM, ganhou diversas vezes o Dakar e competia pela última vez. A pedido dos próprios competidores, a etapa foi cancelada e todos seguiram de avião direto para Bamako.
O mais espetacular cancelamento de espatas aconteceu em 2000, quando aviões Antonov 124s transportaram toda a estrutura, veículos e pessoal no rali por causa da ameaça terrorista no Níger. Ao todo, 1.365 pessoas, 143 carros, 113 motos e 64 caminhões foram levados pelos aviões.
Em 1991, um caminhão foi metralhado por terroristas no Mali e os tripulantes morreram.
Este texto foi escrito por: Webventure
Last modified: janeiro 4, 2008