Vitor Negrete (foto: Arquivo pessoal)
Direto do Tibete, na China, e a caminho do Everest, o colunista Vitor Negrete conta detalhes da expedição.
Hoje é dia 28 de abril de 2005. Estou tomando café em um lodge em Tingri. Pemba, uma garota tibetana olha para o monitor enquanto digito esta mensagem. Estamos no nosso último dia de descanso, necessário para a aclimatação. Amanhã, bem cedo, voltamos para o BC do Everest.
Tingri é uma cidade importante nas rotas comerciais do Tibet. Aqui vemos as clans dos tibetanos. Tingri é o ponto de partida, ou chegada da uma rota comercial que liga Tingri a Namche Bazaar, no Kumbu – Nepal. Os homens deixam o cabelo crescer e na ponta desta trança amarram um feixe de linhas de tecido vermelha, que é enrolada na cabeca como um coque, só que bem aberto.
Nesta trança eles tambem colocam um anel de osso e jóias. Esta estadia em Tingri foi excelente. Nós tivemos tempo para descansar o corpo e a mente. Neste lodge conhecemos um grupo de russos que estão fazendo uma viagem cultural. Eles se intitulam nômades e percorrem diferentes países, sempre com um intérprete, mas sem um roteiro pré fixado.
Eles vão decidindo o percurso aa medida que viajam e filmam tudo em mini-dv. Nossa despedida foi emocionante e recebi deles um amuleto tibetano, que eles receberem de um lama e dois cds com as viagens deles. Quem sabe eles passam pelo Brasil um dia.
Agora estou comendo uma egg-soup, que é uma sopa de omelete cortado em fatias com vegetais e curry e estou tomando um cafe preto de saquinho. Isto é o café da manhã.
Ontem vimos uma cena inusitada, um comboio de carros de polícia, com as sirenes ligadas, seguido de um caminhão com alguns homens e duas mulheres em pe na caçamba, com a cabeça abaixada, as mãos algemadas e segurados por guardas.
Em alguns minutos o mesmo cortejo, mas agora os presos seguiam dentro de um jipe. Mais tarde descobrimos que os homens e mulheres brigaram na noite anterior com facas e por isto passavam pela humilhação pública e depois ficariam presos por algum tempo, talvez por 3 meses.
No Tibete é muito dificil se comunicar com as pessoas. Elas não falam nada em inglês, absolutamente nada. Fizemos alguns amigos e tentamos nos comunicar atraves de sinais, mas é difícil! Ficamos bastante surpresos em perceber que as pessoas de forma geral, nem conhecem o Brasil.
A região é dura e podemos ver o rosto das pessoas queimado pelo vento e pelo sol. As mãs de homens e mulheres são duras, grossas pelo trabalho no pó e no frio. O padrão tibetano de construção é bastante diferente. As janelas são decoradas com pequenos parapeitos coloridos.
E na fachada o topo dos muros é coberto com lenha e pequenos gravetos. Apesar de tudo, Tingri é um paraíso para nós, onde podemos encotrar quartos duplos, comida saudável, telefone e lojas comerciais.
Este texto foi escrito por: Vitor Negrete, da Try On Expedition 2 no Everest