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Exclusivo: Anders Lewander, comandante do Ericsson, fala sobre a equipe e o barco da Volvo Ocean Race

Redação Webventure/ Vela

Anders ressalta respeito entre tripulantes (foto: Oskar Kihlborg/ Ericsson Racing Team)
Anders ressalta respeito entre tripulantes (foto: Oskar Kihlborg/ Ericsson Racing Team)

Dar a volta no mundo em 69 mil quilômetros. O que conta mais nessa hora: experiência em regatas dessa categoria ou ter um barco de desempenho bom, confiável e entrosamento e segurança em sua tripulação?

Para Anders Lewander, que completará 45 anos ainda na primeira perna da Volvo Ocean Race, comandar o barco da Ericsson Racing Team valerá a segunda afirmação, já que o sueco, natural de Estocolmo, nunca participou da regata. Ele conta, porém, com experiência em comandos na vela e muito tempo para ficar em preparação com sua equipe. Estará afrente do Ericsson 3, a embarcação nórdica da equipe. O segundo barco, o Ericsson 4, será composto por uma tripulação internacional e capitaneado pelo brasileiro Torben Grael.

Lewander fez parte da Equipe de Vela Nacional da Suécia, tem experiência no esporte desde o windsurf até o skiff, e foi comandante e diretor de projeto do Circuito Australiano de skiff 18ft, morando por três anos em Sydney, na Austrália.

Os skiffs são monocascos que estão entre as mais rápidas embarcações, e o comandante do Ericsson 3 afirma que tem afinidade com velejada rápida.

Aliando Interesses – E por essa afinidade e pela paixão pela vela, Anders Lewander espera que a primeira perna da Volvo Ocean Race 2008/09 seja um grande desafio. “É uma experiência muito diversa comandar esse barco. Primeiramente, eu espero que seja um desafio de trabalho da tripulação, e na primeira perna eu espero um desafio de velocidade, ventos, oponentes, frio e calor”, disse o sueco em entrevista exclusiva ao Webventure.

Ele e sua tripulação, além de toda a equipe do Ericsson 4 e da Ericsson Racing Team ficaram por um ano na base de treinamentos, em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, focados absolutamente na preparação para a regata. Eles deixaram a base em 8 de setembro e partiram para Alicante, na Espanha, a espera da primeira regata in-port, em 4 de outubro, e da largada da flotilha, no dia 11.

“Tivemos um longo período de preparação e estamos famintos para começar esse trabalho logo”, completou. “Uma boa preparação é sempre benéfico, mas estamos em um esporte e tudo pode acontecer… Mas temos uma meta a alcançar com o mínimo de tempo ocioso, como quebras, e acreditamos que isso será um fator de sucesso para a equipe”, ressaltou Anders.

Sobre favoritismos, ele garante que a confiança no barco e o período de preparação da equipe são fatores que os colocam em vantagem com relação às outras equipes.

Dentre tudo que Anders Lewanders já conquistou em sua vida dentro da vela, como os Campeonatos Europeu e Mundial de Windsurf, em 1982, o primeiro lugar no Campeonato Europeu de Skiff 18ft, em 1989, e o quarto lugar no Mundial da modalidade, em 1990, na vitóra da Oryx Cup, em 2005, e até mesmo em todo o tempo de preparação da Ericsson Racing Team, uma lição especial foi tirada e levada para sua missão no comando da embarcação: “Temos que ter um grande respeito um pelo outro na tripulação e pelo barco também. Acidentes podem acontecer facilmente neste tipo de ambiente”, disse.

E o maior dificuldade de Anders dentro do desafio está nele mesmo. “Eu aceitei o desafio de ser o comandante porque eu acredito em uma atitude nórdica de dirigir e essa será uma grande tarefa de administrar o que posso ser”, declarou.

O ano junto com sua equipe nas Ilhas Canárias preparou todas as tripulações para os noves meses que demorarão para cruzar o planeta completando 37 mil milhas náuticas, os 69 mil quilômetros impostos pela Volvo Ocean Race. E os treinamentos não foram só dentro do mar. Os velejadores passaram por um longo processo preparatório.

“Eram longos treinos desde cedo na ginástica e o programa de lesões funcionou bem. Estamos todos fortes, flexíveis e conscientes dos limites do corpo”, garantiu o comandante.

Tempo de Recuperar – Em cada uma das dez pernas que os velejadores farão, será feita uma pausa no porto determinado do continente e por lá os competidores da Volvo Ocean Race ficarão por alguns dias. Neste período, as equipes aproveitam para recuperar o desgaste físico e mental das etapas no mar. “Nas paradas é importante um equilíbrio. O trabalho de flexibilidade e força é prioridade máxima, mas também tem de haver descanso e recuperação”.

Mas mesmo com o corpo e a cabeça preparados, nunca sabe-se o que esperar nas águas que levam as tripulações para a volta ao mundo. “Os maiores desafios estão no calor e na perna desconhecida até a China. Além do alto nível de exigência da competição”, declarou. E para sair de Alicante em 11 de outubro sabendo que a briga da Volvo só termina em julho de 2009, em São Petesburgo, na Rússia, Anders Lewander já tem seu “grito de guerra” na cabeça. “Nunca desistir!”.

Este texto foi escrito por: Lilian El Maerrawi

Last modified: setembro 19, 2008

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