Foto: Pixabay

Exclusivo: Ken Read, comandante do Puma ainda espera pelo pior na Volvo Ocean Race

Redação Webventure/ Vela

Após primeira metade da regata  Ken Read quer descanso (foto: Rick Deppe/ Puma Ocean Racing)
Após primeira metade da regata Ken Read quer descanso (foto: Rick Deppe/ Puma Ocean Racing)

Ventos inconstantes, rajadas de vento de cerca de 110km/h, passagem pela estagnação de ventos da Linha do Equador diversas vezes, problemas com o barco, passagem pelo Cabo Horn, mais de 35 dias no mar e o pior ainda não chegou para o norte-americano Ken Read, comandante do Puma, o segundo colocado na classificação geral da Volvo Ocean Race e 3º colocado na 5ª e maior etapa da volta ao mundo, que terminará nos próximos dias no Rio de Janeiro (RJ).

“O pior desta etapa serão os próximos dias. As condições de tempo previstas são um pesadelo para velejadores. Se os deuses do vento quer nos derrubar, então que tenham a decência de fazê-lo rápido”, disse Read, 47 anos, em entrevista ao Webventure, direto do “Il Mostro”, a máquina do Puma Ocean Racing que se aproxima do Rio. Mas nem só de coisas ruins esta etapa foi composta. “A melhor parte foi, com certeza, a passagem pelo Cabo Horn, a minha primeira”.

Esta é a segunda participação do comandante na Volvo Ocean Race, porém a primeira à frente da tripulação. Em 2005/06, Ken Read, que define como “Perseverança” a palavra de ordem da Volvo, esteve a bordo do seu maior concorrente desta edição, o Ericsson Racing Team. Em alguns momentos desta regata, Read e Torben Grael, comandante do Ericsson 4, velejam um ao olhar do outro de tão poucas milhas náuticas entre eles.

“Eles são simplesmente rápidos”, disse Ken sobre a equipe de Grael. “Eles podem cometer erros que se recuperam no rebote graças à velocidade. Além disso, eles têm cerca de um ano e meio a nossa frente de preparação da equipe. Desde o começo nosso objetivo é diminuir essa distância entre nós. É a nossa única chance, mas não estamos nos pondo fora da disputa ainda. Temos um caminho a percorrer até São Petesburgo, na Rússia, em junho”, comentou.

O Monstro – O barco da equipe Puma é um dos mais imponentes da regata, com um formato de um tênis 3D, com todos os seus detalhes e costuras. O conflito fica entre o design e o desempenho dele, que recebe elogios do comandante.

“Dizemos desde o princípio que temos um barco bom, que não é fraco em diversas áreas. Porém, a desvantagem é que o barco não é ótimo em alguma área, o que nos dá essa constância em todas as etapas. Os barcos estão puxando forte e eu tenho que dizer que estou contente que não temos nenhum problema estrutural e Mostro continua inteiro. E isso é uma grande coisa quando lembramos que atravessamos o Oceano Austral”, define Ken.

Ele conta ainda que a embarcação sofreu problemas, sim, durante as etapas, porém dentro dela há homens capacitados para consertarem qualquer problema ao mar.

A “Vida ao Extremo” é slogan da Volvo Ocean Race e todos que entram nela, sabem que podem esperar as piores condições parta velejarem, o que não deixa de ser também as melhores.

Ken Read ponderou antes de começar esta edição que as pernas 4 e 5, a que saía de Cingapura e chegava na China, e a que saía da China e chegará ao Brasil, seriam as piores. Porém, ainda restam mais cinco etapas após estas, ou seja, depois de tudo isso, ainda falta metade da volta ao mundo para alcançarem o fim.

“A perna quatro tinha o ‘brutal’ estampado nela com antecedência, graças às condições meteorológicas que tínhamos antes mesmo do barco ser feito. A perna cinco tinha o Oceano Austral e sua imensa extensão para lidar. E essa extensão significa uma coisa: quanto mais tempo você ficar na água, maior a chance de acontecer algo ruim. Mas esperamos agora pela segunda metade e pelos pontos que virão junto”.

Para escolher seus tripulantes, Ken Read adotou a técnica de primeiramente saber da capacidade e profissionalismo deles. Depois, ver se ele convidaria cada um para um jantar. “Preciso saber se são pessoas agradáveis como seres humanos”, explica. Depois de seis meses com os selecionados, o chefe ainda mantém só elogios para todos.

“A relação da tripulação é fantástica diante das circunstâncias. Estamos todos vivendo em um espaço de um closet, com frio, calor, fome, secos, molhados, cansaço, tudo em um período de 24 horas. É um ambiente difícil para todos. Dada a situação, estou realmente muito orgulhoso de todos e tudo o que obtivemos juntos”, elogia.

Os tripulantes de todos os barcos enviam e-mails diários para a organização da prova com seus comentários sobre o dia e a situação em que se encontram. Ken Read é sempre animado e bem humorado em suas mensagens. A dúvida é como ele consegue se manter tão animado diante de certas dificuldades em alguns momentos.

“Isso é muito gentil e minha esposa diz para eu exalar confiança e é isso que eu sempre tento fazer. E eu tenho que fazer, porque como comandante, se eu ficar para baixo, todos os tripulantes podem ficar para baixo também, e aí teríamos um problema em nossas mãos”, explica o comandante.

Descanso – Após enfrentar tantas dificuldades após meio ano e meia volta ao mundo cumprida, Ken Read vê como uma benção a chegada ao Rio de Janeiro, cidade que ele não conhece ainda. “A única coisa que eu sei é que por mais tempo que a regata pare no Rio, não vai ser o suficiente. O nosso calendário é brutal”, afirma.

“Gostaria de ficar um mês no Brasil para conhecer os pontos turísticos, relaxar, conhecer a cultura local. Pelo tempo que está previsto, não sei se teremos tempo para tudo isso antes de voltarmos ao mar”, finaliza o norte-americano, já pensando na partida do Brasil antes mesmo de chegar.

Este texto foi escrito por: Lilian El Maerrawi

Last modified: março 23, 2009

[fbcomments]
Redação Webventure
Redação Webventure