Equipe Hollywood Troller inicia amanhã (quinta-feira 06/01) sua estréia no Paris Dakar Cairo, mais famoso e temido rali do mundo, representando o Brasil com o jipe marca Troller T5, fabricado no Ceará. Amyr Klink também fará sua estréia como navegador, só que desta vez no deserto.
05/01/2000 O clima é de concentração e ansiedade entre os participantes da 22ª edição do Rali Paris Dakar Cairo 2000, que terá início amanhã (quinta 6/1), em Dakar, capital do Senegal e chegada no Cairo (Egito), em 23/1, dividida em 17 etapas. O Brasil, desta vez terá participação recorde, com 11 inscritos. Também, pela primeira vez, além de pilotos e navegadores brasileiros, teremos carros brasileiros os jipes Troller T5, fabricado no Ceará – envolvidos naquele que é o mais difícil, charmoso, técnico e conhecido Rali de todos os tempos. O percurso total será de 10 759 km, com 7 595 de Especiais (trechos cronometrados).
A Largada: Durante toda a noite de ontem e o dia de hoje a equipe Hollywood Troller concentrou-se nos ajustes finais do carro e instalação dos últimos acessórios como: bússola, kit de primeiros socorros, ajuste dos bancos e o toque pessoal de cada um. A largada amanhã (6/1) está prevista para às 6h00 locais (4h00 de Brasília), com as Motos. A Categoria Carros tem largada prevista para às 7h35 locais, sendo que os veículos da equipe Hollywood Troller devem largar entre 9h20 e 9h30 na seguinte ordem: Roberto Macedo/Marcos Ermírio de Moraes; Arnoldo Jr./Galdino Gabriel; Reinaldo Varella/Alberto Fadigatti e Cacá Clauset/Amyr Klink, respectivamente 90º, 91º, 92º e 93º. A chegada dos primeiros competidores em Tambacounda (Senegal) está prevista para 14h30 locais (Motos) e 16h00 (Carros).
Segurança: O Dakar chega ao ano 2000 preocupado cada vez mais com segurança, mas preservando seu espírito de aventura. As comunicações por celulares satelitais não são permitidas durante as especiais da prova bem como os aparelhos de GPS usados na navegação são limitados, justamente para manter a importância dos navegadores. O Brasil estará representado na prova por 4 navegadores: Amyr Klink, que fará sua estréia no deserto, além do experiente Alberto Fadigatti, Marcos Ermírio de Moraes e Galdino Gabriel, todos integrantes da equipe Hollywood Troller.
Os veículos estão no Dakar para mostrar, mais uma vez, que são capazes de enfrentar e vencer também esses obstáculos. No total são 400 veículos, sendo 199 motos, 135 carros e 66 caminhões. A equipe Hollywood Dakar está participando na categoria carros T3, para carros preparados, a mais competitiva, com 77 inscritos, seguida pela T1 (Produção), com 32; e T2 (Modificados), 24.
Etapa I – Dia 6/1/00
Uma primeira etapa através da Savana senegalesa. Na primeira metade da especial um traçado de pistas sinuosas no meio da vegetação que alterna Savana e Sahel com numerosas pistas paralelas que estão bastante esburacadas, de grandes valas formadas pelas últimas fortes chuvas ocorridas na região. A segunda metade da especial é de traçado mais rápido com piso de fundo de terra vermelha em longas retas. Uma etapa para que todos entrem no espírito do Rali e se preparem para o que vem pela frente.
Os perigos
Nessa primeira etapa os maiores cuidados ficam para a concentração dos pilotos e navegadores, que aproveitam para se conscientizar da prova e um pouco com a pista cheia de buracos causados pelas últimas chuvas.
O Comentário de Nélson Piquet
A coisa mais difícil em um Rali desse tipo é a concentração. Você passa meses e meses preocupado com a organização da equipe, com as conversas com os patrocinadores e tem muito pouco tempo para treinar. Na largada da primeira etapa, o melhor mesmo é tomar cuidado até que todo o conjunto Carro/Piloto/Navegador começe a funcionar por música. Como deve ser para quem quer chegar ao Cairo. Segundo o meu amigo Jean-Louis Schlesser (vencedor do Dakar 1999) é a parte do Rali onde vai melhor quem consegue ser o mais lento possível, sem que ninguém perceba.
Direto do Deserto
Não vejo a hora do Rali começar. Toda a equipe Hollywood Troller está pronta, preparada e ansiosa por estrear nessa grande aventura. Tudo o que foi planejado e projetado está na hora de ser colocado à prova. Confiança temos muita, gente olhando para nós também e certeza uma só, de que faremos de tudo para estar lá no Cairo no dia 23.
Tudo que é desconhecido gera apreensão. As histórias do Dakar são assustadoras. Conhecemos muito de rali, mas Paris Dakar é outra história. Portanto, iremos correr para chegar, sem se preocupar com posicionamento. O principal é poupar os carros e chegar no Cairo, destino final da prova.
O que esperar de amanhã
Uma etapa um pouco mais veloz, com maiores obstáculos e dificuldades e que dará aos concorrentes um pouco mais de trabalho. Mas também eles já vão estar mais acostumados.
A Cultura Senegalesa
O ritmo de vida e a mentalidade senegalesa mostram um tradicionalismo, onde a magia e o coletivismo são peças importantes. A herança cultural transmitida principalmente pela tradição oral se conserva forte. A ausência de música escrita faz aparecer uma forte improvisação muito rimada presente também na dança e conserva a fantasia do griot a figura fantástica do historiador e trovador do oeste africano. A literatura senegalesa tem seu ponto mais importante na figura do ex-presidente Leopol Senghor, o primeiro negro a fazer parte da Academia Francesa de Letras. Senghor é o poeta associado a Negritude, um conceito que ele definiu como, de um lado a atitude de defesa dos valores tradicionais negros e, de outro, na tensão que a modernização desses valores causa.
O prato nacional
Bon Appétit
O arroz com peixe, vegetais e molho de tomate, uma espécie de risoto, pode ser considerado o prato nacional. A pasta de amendoim também está constantemente presente. Nas áreas rurais o arroz ou o cuscus de sorgo acompanhado de carne de frango e vegetais cozidos é a base da alimentação. Depois das refeições é costume consumir a castanha (5 cm de tamanho) de Kola (da família do cacau) que tem ação digestiva e estimulante. Tem também outros usos por suas propriedades medicinais e um valor mais místico na hora de ler a sorte, fechar negócios e celebrar casamentos ou batizados.
Este texto foi escrito por: Meg Cotrim