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Expedição Aconcágua Invernal está em Puente del Inca e vai para o parque

Redação Webventure/ Montanhismo

Neve cobre a região de Puente de Inca (foto: Roman Romancini)
Neve cobre a região de Puente de Inca (foto: Roman Romancini)

Já começou. Os sete integrantes da expedição Aconcágua Invernal estão hoje em Puente del Inca, na fronteira da Argentina com o Chile, se preparando para uma grande conquista brasileira: a ascensão ao monte Aconcágua no inverno. O feito está programado para o início de agosto e serão 20 dias entre o avanço e retorno.

Frio abaixo dos 50 graus negativos, ventos de até 100 km/h e habilidade na logística da equipe são os grandes desafios destes montanhistas, além dos 6.962m de altitude.

“A expedição é um desafio enorme e nosso outro objetivo é nos acostumarmos e habituarmos com o grupo, para ver como nos saímos na expedição ao Everest”, explica Vitor, que também é colunista do Webventure. O objetivo da expedição, além de ser a primeira brasileira a subir a montanha no inverno, é sentir o time e os equipamentos para em abril partir para maior expedição rumo ao topo do Everest.

Fazem parte da expedição Ana Elisa Boscarioli primeira brasileira a chegar ao cume do Aconcágua pela rota direta do Glaciar dos Polacos, Roman Romancini que fez o monte Condoriri, na Bolívia, Antônio Carlos Soares que já escalou várias montanhas acima dos 6 mil metros como o Ilimani e o Huayna Potosi, também na Bolívia.

O repórter da Rede Globo Clayton Conservani está com a expedição para fazer material exclusivo para a emissora, e o esportista Guilherme Rocha, que tem um programa de esporte de aventura na Sportv, também acompanha a expedição, finalizando o time de brasileiros.

Em Mendoza, os brasileiros convidaram o guia local Horacio Cunietti, que recentemente escalou o Dhaulagiri (montanha de 8.167m, no Himalaia), e mais cinco argentinos, dentre eles a montanhista Graciela Spagnuoli, de Bahia Blanca, para ajudar no transporte de bagagens. Assim, a expedição brasileiro-argentina obteve melhores condições de obter a permissão de ascender a montanha no inverno.

Tempo e temperatura – O tempo não está nada bom para os montanhistas brasileiros, mas a expectativa é boa. Vitor contou por telefone que o mau tempo domina o topo da montanha, mas isso é positivo, porque eles ainda vão iniciar a aproximação até a base. “Assim, temos tempo de nos preparar e esperar o bom tempo voltar na ascensão”.

O caminho não é fácil e exige persistência e boa aclimatação de todos. Hoje eles saem de Puente Del Inca, a 2.700m, um local maravilhoso na Argentina quase fronteira com o Chile. Fontes de água termal e uma riqueza histórica sem igual devido à civilização inca fazem de Puonte del Inca uma região turística importante às margens da rodovia Panamericana. De lá, é possível ver o cume do Aconcágua.

A temperatura é de 5 graus positivos e a partir de agora só deve baixar, apesar do serviço de meteorologia dizer o inverno na região está atípico e que há pouca neve. Nesta semana, porém, nevou em Mendoza.

Apesar do tempo ruim no alto da montanha, o time não vai mudar o planejamento original de entrar no parque amanhã (24), subindo até Confluência, que fica a 3.300m.

Depois, eles seguem para Ibañes, a 3.900m. Este deve ser o último acampamento antes de Plaza de Mulas, a 4.200m, onde será o campo base da expedição.

Permiso e mulitas – O desafio neste primeiro estágio foi mesmo conseguir a permissão para que todos pudessem subir legalmente a montanha. “Somos a primeira expedição brasileira com permissão do governo para escalar o Aconcágua no inverno e a segunda na história”, conta Antônio Carlos Soares, da TRIP, que integra a expedição.

Ele conta que a procura pelos papéis que autorizam os brasileiros começou no Brasil, através de cartórios, Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) até repartições públicas e Secretaria de Recursos Naturais Renováveis da Província de Mendoza. A novidade pela expedição se misturou com a preocupação do governo, o que gerou até entrevistas pessoais com o diretor do órgão, Leopoldo León.

De acordo com a Resolução 950 do Parque Provincial do Aconcágua, criada em 2000, somente os montanhistas muito experientes podem ascender ao cume fora de temporada (no caso, o verão austral). A entrevista tem como objetivo a licença oficial do governo para escalar a montanha no inverno e eximir o parque e seu corpo de funcionários de qualquer responsabilidade. O ingresso para subir a montanha custa 300 dólares para cada um, o mesmo preço que na alta temporada.

Segundo Antônio Carlos, a presença de alguns membros argentinos na expedição facilitou as conversações com o governo, pois o trâmite é extremamente burocrático. Segundo o jornal de Mendoza Diário Uno, que entrevistou os membros da expedição e publicou matéria em 21/7, a participação do experiente Cunietti no grupo também é importante pelo fato dele ter levado um grupo ao cume nesta mesma época do ano, no ano passado.

Cunietti e mais cinco montanhistas argentinos ajudarão os brasileiros a montar os acampamentos e servir como “mulitas” na subida até Plaza de Mulas, o acampamento base. O trabalho de carregar o acampamento na alta temporada é feito por mulas, mas no inverno não existe este serviço.

Assim, Cunietti e os argentinos carregarão a bagagem dos brasileiros até o base, cobrando o mesmo que quando se alugam mulas, ou seja 140 dólares e mais a hospedagem. A experiência é boa para ele, que quer começar a guiar este tipo de expedição extrema no Aconcágua, é bom para os brasileiros, que têm mais segurança para subir o topo nevado. A expedição tem o patrocínio da marca Try On.

Este texto foi escrito por: Cristina Degani

Last modified: julho 23, 2004

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