Acampamento na Argentina (foto: Arquivo pessoal)
O casal Pedro e Camila Zanella saíram do Brasil com destino ao Alasca, em uma viagem que durou seis meses pelas três Américas. No primeiro relato, eles contam como foi a partida de terras tupiniquins, passando pelo Paraguai e Argentina.
Antes de concretizar o sonho de chegar ao Alasca de carro, tivemos que tomar muitas providências, em seis meses de preparação. Tivemos que comprar e providenciar tudo que precisamos para cruzar as Américas: fogareiro, material de camping, barraca, GPS, peças do carro sobressalente, o carro e muito mais.
Fora a burocracia, papéis, vistos, carteira internacional, cópias de todos os documentos, fotos de todos os tamanhos, 3×4, 5×7, com data e sem data. Enfim, estávamos prontos para o início da viagem.
Um dia antes fizemos uma festa para nos despedirmos dos amigos e da família, foi muito emocionante. Quando chegou o grande dia, arrumamos tudo dentro do carro e não foi nada fácil, já que tínhamos que colocar tudo o que iríamos precisar no período de seis meses. Demoramos dois dias só para arrumar as coisas.
Começo da viagem – Partimos, foi bastante difícil, pois sabíamos que não teríamos mais o conforto do sofá, do armário, de uma cama gostosa… tudo seria muito diferente da nossa casa.
Fomos pela Marginal Pinheiros rumo ao Alasca e tínhamos a certeza que não passaríamos tão cedo pela Marginal, mas estávamos certos do nosso objetivo e seguimos em frente. Fomos quietos, apenas com nossos pensamentos e com o rádio ligado.
Agora éramos sós dois e teríamos que ser muito companheiros. No primeiro dia, dirigimos até Maringá (PR). Foram 640 quilômetros e ficamos bem cansados. No dia seguinte, levantamos cedo, já que o destino seria Foz do Iguaçu (PR), que estava a 429 quilômetros de onde estávamos.
Permanecemos em Foz do Iguaçu por alguns dias, conhecemos as Cataratas, o Parque Nacional do Iguaçu e a gigante Usina de Itaipu. Saímos pela famosa ponte da Amizade.
Fui à Polícia Federal dar saída de todos os equipamentos eletrônicos que levávamos, para evitar problemas no futuro. O policial, só me fez uma pergunta, por onde iríamos voltar. Quando respondi que era por Boa Vista, ele não acreditou, e disse: Boa Viagem.
Chegamos a Assunção, depois de 370 quilômetros. Achamos muito curioso que em quatro horas de estrada fomos parados quatro vezes pelos policiais.
Na última, o Pedro pagou dez reais para o guarda, ele era tão chato que não queria devolver meus documentos.
Pagamos em reais, pois não tínhamos Guaranis no bolso. O Paraguai foi um país que apenas passamos para chegarmos à Argentina.
Antes de sairmos de Assunção tivemos que fazer uma arrumação no carro, pois não estávamos achando mais nada.
Pegamos a estrada, passamos em um posto de gasolina para transformar nossos guaranis em Diesel. Poucos metros antes da fronteira fomos parados novamente pelos policiais Rodoviários. Como estávamos espertos com o que eles queriam, disse que tinha acabado de ser parado por outro controle logo atrás. Dessa vez eles só queriam confrontar o numero do chassi com o documento. O próprio policial ficou responsável por encontrar esse numero no chassi (na qual eu não fazia idéia onde ficava).Seguimos viagem, demos saída do Paraguai e finalmente entramos na Argentina.
Na Argentina seguimos para o Sul, sentido a Resistência. A estrada é muito boa, com pouco movimento, parece uma reta infinita. Ao longo da rodovia existem diversos postos de controle onde os policiais param apenas para terem informações básicas. Nenhum deles pediu para abrir a caixa metálica que esta na caçamba.
Em Resistência, viramos para a estrada a Caminho de Salta. Paramos em uma cidade chamada Presidência Roque Saenz Pena, pois já estava tarde e não queríamos dirigir à noite.
Ficamos no Camping Municipal, muito bem organizado e bem cuidado. Por ser Municipal, não pagamos nada. À noite fomos passear na praça central e vimos um show que estava tendo com jovens da cidade e danças regionais. Estava cheia de pessoas e todos estavam bastante participativos na festa.
A estrada rumo a Salta pareceu uma reta sem fim, chega a ficar cerca de 30 quilômetros sem curvas. É uma estrada com pouquíssimo movimento e com pouquíssimo guardas rodoviários. A paisagem é plana dos dois lados, com plantações de soja, algodão e trigo.
Caminho errado – Depois de três horas na estrada vimos no GPS que Salta estava ficando para o lado Direito e que a estrada estava seguindo para outro rumo. Rodamos mais 10 quilômetros até a próxima cidade e vimos que realmente estávamos na estrada errada.
Mas não muito errada, mais 50 quilômetros atrás devíamos pegar a esquerda, na qual no mapa não constava essa segunda estrada. Já no rumo certo seguimos para o nosso destino.
No final da estrada, poucos quilômetros antes de Salta, pegamos uma manifestação das Professoras. Ficamos parados por três horas sem podermos fazer nada. Às 20h30 elas saíram e chegamos logo em seguida. Fomos conhecer uma pequena cidade da região, que fica nos Andes, chamada Cachi, onde o caminho é bastante tortuoso e de terra, chegamos a 3700 m de altitude.
Depois de subir, subir e subir, chegamos a uma imensa planície com milhares de cactos. Cada montanha tem uma cor diferente, algumas são avermelhadas, outras são beges, como se fossem feitas de areia. A essa altitude não existe nenhum tipo de vegetação fora os cactos. Cachi é uma vilarejo pequeno, sem muitas atrações. O bonito mesmo é o caminho para se chegar lá.
Logo seguimos a Cafayate. Essa estrada é péssima, de terra com muitos buracos. São 180 quilômetros, onde o carro não passa de 50 km/h. Ela segue pelas paredes das montanhas, descendo no sentido do Vale. As paisagens são maravilhosas, com montanhas altas e cada uma de uma cor. Cafayate é a terra de Bodegas de Vinhos. Existe plantação de uva na região e fazem vinhos Tintos, Branco e Rosados. Fomos visitar a Bodega Secreta, onde eles mostram como são fitos os vinhos.
Este texto foi escrito por: Pedro e Camila Zanella