Vista do Jalapão de dentro do veículo. (foto: Bob Wollheim/www.webventure.com.br)
Logo cedo, conforme noticiamos em primeiríssima mão, começamos o dia ontem por volta das 4h e, já por volta das 5h da manhã, tivemos o acidente com a equipe Trio Los Angeles – da Natalie, Luciana e Barsante. Como já noticiado também, todos passam bem e a essa altura, após todos os exames em Palmas, foram para um resort em um dos nossos pontos de passagem nos próximos dias.
Após o acidente, descobrimos que uma ponte da trilha que faríamos havia caído. Eram 6h da manhã, sol nascendo, todos reunidos num posto de gasolina, e acabou-se decidindo que era melhor ir por uma rota alternativa.
Foi então que um grupo – liderado pelo Jean Pierre – Eq. Japauto, do qual fizeram parte ainda as equipes – Bardhal, Bob e Lu, Picapau, Oqueoqueoquê, Virgula, Na Praia, Coyote e a nossa (Sertões em Preto e Branco), resolveu que faria a trilha assim mesmo, com ponte quebrada e tudo. Pedida autorização para o Luizão – que deixou claro que era por nossa conta e risco, resolvemos partir.
Fizemos um trecho que foi uma especial de dois anos atrás, atravessando o Jalapão pelo meio dele. Foi simplesmente MARAVILHOSO. Afirmo, sem medo de errar, que foi a melhor e mais bonita trilha que já fiz na vida. É até difícil de dizer quais os pontos altos da trilha, pois eram tantos, mas vou tentar destacar alguns para os leitores.
Navegação – O trecho inicial, de cerca de 60km, era praticamente pelo meio do nada. Estávamos com uma planilha levantada há dois anos, com estradas pouquíssimo utilizadas e numa paisagem desbundante. As falésias do Jalapão nos acompanhando de cada lado e o grupo navegando por estradinhas sem rastro de carro nenhum! Um ponto forte foi a união do grupo, liderado pelo Jean. Eles nos acompanhavam pelo rádio, checando referências, passando informações pelo rádio, aguardando quando alguém se atrasava. Parabéns JEAN!!
Navegação II – A certa altura da planilha, havia uma navegação por bússola, ou seja, deveríamos nos orientar pela direção e não pela estrada. Passamos a andar no meio do nada, literalmente, olhando na direção de uma fenda numa falésia à nossa frente e um seguindo a bússola. Nunca tinha feito isso, andar sem estrada, no meio do campo. Foi lindo, uma experiência inesquecível. Todos ficaram extasiados e expressavam isso no rádio.
Quebradeira – Como não pode deixar de ser (e a bruxa estava solta ontem no Expedition) tivemos problemas mecânicos na trilha. Bob e Lu tiveram, logo no início, um pneu furado. Até aí, nenhuma novidade, mas o macaco não queria funcionar e deu um trabalhão. Uma hora mais tarde, a barra que segura o diferencial dianteiro, começou a trincar… deixando todos preocupados. Em alguns minutos, a barra se foi toda e tocamos nós a parar no meio da trilha, a essa altura sob um sol a pino de queimar! De novo, a união e a presteza do grupo todo, com destaque para o Flavio e o Jean, foram fantásticos. Amarra daqui, prende dali e em pouco tempo seguíamos a trilha com Bob e Lu com o diferencial preso por cintas. (eles já arrumaram o carro essa noite).
Ponte – Como haviam nos dito, uma ponte tinha caído na trilha – a 60km de um lugar no meio do nada, ninguém consegue informar com precisão o que aconteceu. O grupo resolveu seguir e buscar alternativas se a ponte fosse intransitável mesmo. À medida que nos aproximávamos do local, os habitantes dos vilarejos pelos quais passávamos, nos diziam – “na ponte do caracol não passa carro, não”. Jean e seus seguidores ficavam cada vez mais ansiosos para ver como sairíamos dessa!
Após 45km de trilha, chegamos à tal ponte, que realmente era mais um buraco do que ponte. Olha de cá, olha de lá e, após algumas confabulações, resolvemos agir. A ponte tinha mais ou menos 2/3 dela ok e 1/3, um grande buraco. Começamos então a desmontar a parte lateral onde ela estava firme, tirando 2 travessas que seriam utilizadas para formar uma passagem para nós, equilibrando os carros em 2 táboas de cada lado.
Foi uma operação de guerra, coordenada pelo Jean, com a ajuda de todos, soltando porcas enferrujadas, transportando as toras, dando sugestões e rindo muito. ALguns ficaram registrando os fatos com suas câmeras e palpitando um pouco. Depois de uma hora, mais ou menos, estávamos com a nossa “ponte” pronta e começamos a operação passagem. Fred foi escolhido o orientador dos pilotos, evitando que alguém não acertasse a mira e caisse no rio. Tudo funcionou às mil maravilhas e transpusemos a ponte “caída”, seguindo em frente pela trilha.
Foi uma experiência especial essa trilha. Fizemos quase 600km no dia, muito puxado. Saímos as 4h30 da manhã e chegamos a Carolina (MA) as 22h40! Comemos pós sem parar. Comemos bolachinhas o dia inteiro. Penamos um bocado no calor do Jalapão…
Mas foi o MÁXIMO!
Se puder, faça!!
Este texto foi escrito por: Webventure
Last modified: julho 30, 2003