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Fabio Zander de férias no Brasil: Rio-Santos no pedal

Redação Webventure/ Biking

Saco da Ribeira em São Paulo (foto: Fabio Zander)
Saco da Ribeira em São Paulo (foto: Fabio Zander)

Já são mais de três anos longe do Brasil pedalando por aí, entre a América, África e Europa. Caramba, como o tempo passa rápido! Tirei 36 dias de férias no Brasil. Bom para rever amigos e familiares, apresentar algumas palestras e aproveitar para realizar uma antiga vontade, a de percorrer a Rio-Santos de bicicleta.

Sempre percorri trechos da estrada em várias cicloviagens que realizei durante os anos. Inúmeras vezes saí de Santos ou do Guarujá para Bertioga ou fiz o caminho inverso. Também pedalei algumas vezes o trecho de Paraty a Marina Bracuhy, próximo a Angra dos Reis. Em 1996 pedalei de Paraty a Caraguatatuba em minha primeira “grande” cicloviagem. Em 2003 percorri o último trecho do Ciclotrópico Capricórnio de Caraguatatuba a Ubatuba.

De carro e ônibus então eu perco a conta de quantas vezes percorri a Rio-Santos. Viagens pelos escoteiros ou a ida à casa de praia de familiares, amigos e namoradas.
Sempre tive vontade de percorrer a estrada do Rio de Janeiro a Santos pelo litoral, mas nunca pintou a oportunidade. A estrada percorre lindos trechos de Mata Atlântica, mangue e tem vistas de tirar o fôlego. Quem conhece sabe do que estou falando.

Projeto de sucesso – Uma pena que a estrada não possui uma ciclovia em todo o seu trajeto, apenas existe em alguns trechos urbanos. Se essa ciclovia existisse seria um sucesso garantido a curto e longo prazo, pois teríamos com toda certeza, além de alguns brasileiros, também cicloturistas estrangeiros e como conseqüência um desenvolvimento econômico na região, mas isso é um sonho e para falar a verdade, impossível de acontecer enquanto eu provavelmente estiver vivo.

A coluna aborda essa pedalada pela Rio-Santos na forma de um diário de bordo e fornece para vocês dicas atualizadas da estrada e o que vocês encontrarão pelo caminho.

Muitos irão dizer que a estrada é perigosa em alguns trechos. Sim ela é, mas fazer o quê? A única precaução foi pedalar durante a semana, no fim do mês de agosto, fora da alta temporada de férias e verão. Bom proveito e fiquem a vontade para enviar e-mails.

1º dia Rio de Janeiro (Barra da Tijuca) a Mangaratiba = 90 quilômetros
Parti da Barra da Tijuca de manhãzinha pedalando pela ciclovia ao lado da avenida Sernambetiba até o fim do Recreio dos Bandeirantes. Nada de pegar a avenida Brasil, hein! A ciclovia é tranqüila e a todo o momento lindas vistas para o mar a esquerda e a lagoa de Marapendi a direita.

No Recreio dos Bandeirantes, fim da ciclovia e a primeira serra a ser vencida com destino a Santa Cruz. Nada muito exigente fisicamente, mas cuidado, há trânsito pela avenida das Américas. Em Santa Cruz o encontro da avenida das Américas com a avenida Brasil. Aqui inicia a famosa Rio-Santos pela BR 101. A partir de Itacuruçá, lindas vistas para o mar.

Cheguei em Mangaratiba aproximadamente às 16 horas e me ajeitei em uma pequena pousada próximo ao centro da cidade. Daqui partem embarcações para Ilha Grande. Putz, a Ilha Grande é outra dica para pedal!

O trecho até Mangaratiba não tem grandes subidas, a região é bem plana com bom asfalto e acostamento.

2º dia Mangaratiba a Tarituba = 112 quilômetros
De Mangaratiba inicio a pedalada por boa estrada e acostamento asfaltado.
Próximo a Angra dos Reis há muito trânsito, por isso todo cuidado é pouco.

Passando Angra fiz rápida parada em Bracuhy. Um momento de nostalgia lembrando dos anos em que passei férias com os meus pais por aqui.

Depois de Bracuhy, passo a Vila do Frade e aqui começa a pequena serra com direito a vista para a Usina Nuclear na praia de Itaorna. A serra termina próxima a Mambucaba de onde sigo por mais aproximadamente 13 quilômetros para pernoite na pequena e linda vila de Tarituba.

3º dia Tarituba a Ubatuba = 109 quilômetros
Às oito horas da manhã inicio os trabalhos com os pedais. A partir de Tarituba o asfalto e acostamento ficam bem ruins até Paraty.

Em Paraty outro momento de nostalgia e parada na praia de Jabaquara para relembrar a passagem de ano de 1995 a 96, em minha primeira “grande” cicloviagem de Campos de Jordão a Paraty com fim em Caraguatatuba.

De Paraty sigo por uma rodovia Rio-Santos de asfalto e acostamento péssimos até a divisa do Rio com São Paulo. Da divisa sigo até Picinguaba e percorro um trecho dentro do Parque Estadual da Serra do Mar, que além de asfalto ruim tem parte do acostamento coberto pela vegetação.

Destaque do dia para a longa serra que existe entre Paraty e Picinguaba. Tentei visitar o TAMAR em Ubatuba, mas fui informado que de quarta-feira estão fechados. Fui então visitar o monumento ao Trópico de Capricórnio na praia de Iperoig em frente ao aeroporto.

Nostalgia de número três, relembrando o Ciclotrópico Capricórnio em 2003 e pensando que na mesma latitude a oeste, a mais ou menos 3500 quilômetros, existe o deserto mais árido do planeta, o Atacama. Que diferença de geografia, fauna e flora!

4º dia Ubatuba a Toque Toque Pequeno = 103 quilômetros
Sai de Ubatuba bem cedo com destino a Toque Toque Pequeno onde encontrarei os meus pais para passar um final de semana juntos.

O asfalto a partir de Ubatuba é muito ruim, com direito a pista remendada. Não existe acostamento na maior parte do trecho. Perigo e muita atenção com carros e ônibus. Antes de Caraguatatuba existe uma pequena serra transposta sem grandes problemas. Aqui em Caraguá fiquei impressionado com o crescimento da cidade e a pobreza. Parei para tomar um litro de caldo de cana e segui com o pedal.

Impressionante foi pedalar por quilômetros até conseguir sair do perímetro urbano da cidade e seguir para São Sebastião.

De São Sebastião dá se início ao trecho mais bonito de toda a viagem, mas preparem-se e tomem cuidado, tem muita subida e quase nenhum acostamento nesta serra. As vistas para o mar e as praias tiram o fôlego, além das subidas, claro. A natureza em volta é linda, maravilhosa!

O asfalto a partir de São Sebastião é muito bom, mas sem acostamento. Diria que é um dos trechos mais perigosos da viagem. Coroação do dia foi chegar na aconchegante e pequena praia de Toque Toque Pequeno e encontrar os meus pais.

5º dia Toque Toque Pequeno a Guarujá = 106 quilômetros
Depois de um tranqüilo final de semana, segui viagem com destino final, Guarujá.
Escolhi terminar em Guarujá, pois o trecho até Santos, além de ter pedalado inúmeras vezes, visualmente não tem nada a oferecer e é todo por perímetro urbano.

Enfim, parti de Toque Toque Pequeno terminado a mais alta serra em Maresias.
Em Barra do Saí a estrada fica muito boa, tem bom acostamento e uma nova e curta serra a ser transposta até Barra do Una. A última serra da viagem.

De Barra do Una a região fica bastante plana e a estrada segue por longas retas até Bertioga. Existe muito mangue e Mata Atlântica a beira da estrada.

Em Bertioga atravessei o canal de balsa com destino a ilha de Santo Amaro ou Guarujá. Aqui na ilha, o último momento de nostalgia, lembrando da pedalada com o meu pai em 1991, o que foi a minha estréia no cicloturismo.

Pedalei aproximadamente 28 quilômetros até a rodoviária de Guarujá de onde peguei um ônibus para São Paulo.

Distâncias
1o. dia Rio de Janeiro (Barra da Tijuca) a Mangaratiba = 90 km
2o. dia Mangaratiba a Tarituba = 112 km
3o. dia Tarituba a Ubatuba = 109 km
4o. dia Ubatuba a Toque Toque Pequeno = 103 km
5o. dia Toque Toque Pequeno a Guarujá = 106 km
Distância total = 520 quilômetros

Informações adicionais

  • O asfalto da rodovia Rio-Santos pelo estado do Rio de Janeiro me dá a impressão de estar mais bem conservado. Talvez pela geografia mais plana ou por ter o trecho mais novo em comparação com a parte paulista.
  • A Rio-Santos começa como BR 101 e na divisa do Rio de Janeiro com São Paulo se transforma na SP 055. Na ilha de Santo Amaro percorri a pequena SP 061 com aproximadamente 23 quilômetros de comprimento.

    Dicas de mapas

  • Guia Quatro Rodas Praias
  • Guia Quatro Rodas Rio-Santos

    Hospedagens
    Gastei em média 30 reais com café da manha incluso. Só lembrando que realizei a pedalada no final de agosto, fora da alta temporada e durante a semana, evitando o grande movimento de carros.

    Este texto foi escrito por: Fabio Zander

    Last modified: setembro 3, 2008

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