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Faça o check-list do seu 4×4 antes de viajar


Cheque todos os níveis de óleos e complete o necessário ou troque a cada 6 meses ou 40 mil quilômetros. (foto: Arquivo Revista 4 x 4 Cia.)

Vai viajar? Nada como uma boa preparação do seu veículo para que você e sua família façam uma trilha ou expedição segura e tranqüila.

Estes são alguns itens importantes que devem ser verificados antes de colocar o pé na estrada. Espero que tudo esteja acertado, afinal, com carro não se brinca.

Radiador – Cheque o nível do fluído com o carro frio, se possível, antes de sair com veículo, pela manhã. Veja no manual do proprietário o nível de água do reservatório, vaso de expansão ou radiador, conforme o caso de seu veículo. É bom ter em mente que o fluído do radiador (nem sempre somente água resolve) evita o congelamento no frio, além de melhorar a refrigeração no calor.

Motor – Confira o nível do óleo. Na dúvida, troque o óleo e o filtro de óleo do cárter mesmo que a quilometragem não seja atingida. Em pequenos trajetos, onde o motor nem mesmo chega à temperatura normal, o óleo do motor sofre mais e deve ser trocado com maior freqüência que o usual. Consulte o manual e siga as instruções. Normalmente, a cada 6 meses ou 10 mil quilômetros o óleo do cárter deve ser trocado; muitos motoristas, porém, trocam o óleo a cada 5 mil e o óleo e o filtro, a cada 10 mil.

Não adianta usar óleos especiais que prometem durar 30 mil ou mais (mesmo que ele esteja na embalagem) porque o que vale é a recomendação do fabricante do motor, afinal, ele quem dimensiona os filtros, bomba e tubos. A sujeira contamina o óleo do cárter, fazendo com que sua vida útil seja diminuída sensivelmente.

Cheque as correias e, se elas estiverem fazendo barulho, algo não está certo. Tensão demais pode danificar os rolamentos dos componentes envolvidos e tensão de menos causa derrapagens que podem comprometer a vida útil da correia e das polias.

Freios – Verifique o nível e a qualidade do fluído. Se estiver muito sujo, troque-o (veja procedimento nas edições 84 e 87 da Revista 4×4 e Cia.) se estiver baixo, complete o nível, mas antes veja as posições das lonas e pastilhas. O fluído de freio é pouco volátil, isto é, não evapora fácil, portanto, se não houver vazamentos e se as pastilhas/lonas estiverem boas, procure vazamentos com mais cuidado.

Transmissão – Normalmente o óleo utilizado em todos os conjuntos de transmissão é o EP90 (ou hipóide), exceção dos veículos mais modernos que usam bombas nas caixas de mudança, aí normalmente é utilizado o óleo ATF (mesmo das direções hidráulicas). De qualquer maneira, cheque todos os níveis e complete o necessário ou troque. Uma boa pedida é trocar a cada 6 meses ou 40 mil quilômetros. Óleo contaminado com água também é prejudicial (ocorre contaminação com mais freqüência nos diferenciais).

Atente para o detalhe da cor; ela pode indicar se está ocorrendo desgaste excessivo (normalmente assume uma coloração metálica) ou peças quebradas (dentes de engrenagens e molas de sincronizador) podem ser “cuspidas” pelo bujão dos componentes da transmissão, o que exigirá uma vistoria mais interna, já que ainda não inventaram o “ultra-som” mecânico.

Direção – Quanto a folgas, peça para alguém movimentar o volante e observe, por baixo, o movimento que as barras fazem. Se elas se deslocam ou giram pode ser uma pista para um terminal gasto ou uma folga excessiva na caixa de direção. Se o seu veículo for moderno, cheque o nível de óleo da caixa de direção. O sistema apresenta um barulho excessivo quando a bomba trabalha quase sem óleo e insistir nisso pode danificar definitivamente o sistema.

Esta é uma boa oportunidade para alinhar a direção e balancear as rodas. Os 4×4 em geral usam pneus aro 16 e em alguns carros, muitas vezes (Defender, Niva, e demais), os pneus não devem ser balanceados e colocados no veículo, sob pena de danificar o sistema de 4×4 (diferencial central).

Bateria – Certifique-se que o nível da água está correto. Se a bateria for do tipo maintenance free (livre de manutenção) será necessário pesá-la para verificar se está com todo o líquido necessário para seu bom funcionamento. As baterias modernas são quase todas seladas mas os pólos podem apresentar pequenos vazamentos, que irão danificar o suporte (devido à acidez da solução interna) se vazarem e até mesmo causar um grande mau contato entre os pólos e os cabos.

Uma boa pedida para eliminar a oxidação e formação de sais entre o pólo e o conector dos cabos é lavar a bateria com água aquecida, a oxidação logo será dissolvida e o conector poderá ser retirado sem trabalho, podendo-se passar uma solução (graxa de silicone e graxa de cobre) para evitar a entrada de ar e conseqüente reoxidação dos mesmos.

Pneus – Eles devem estar com pressão correta e possuírem sulcos em profundidade razoável para permitir o tráfego seguro. Pneus carecas não ajudam nas trilhas e causam problemas graves no asfalto. Consulte o manual do fabricante para saber quais as pressões indicadas para cada situação e pneu de seu 4×4.

Cubos – Levante uma roda no macaco, calce com suporte apropriado (o veículo deverá estar freado, engatado e calçado) e teste para ver se os rolamentos dos cubos de roda estão com folga. Se sim, regule. Se não estiverem com folga, rode a roda e tente perceber ruídos estranhos. Se notar algo, abra o cubo e lubrifique ou substitua os rolamentos, que mau regulados podem acabar danificando os cubos e a manga de eixo – fazer seu 4×4 ser ultrapassado por uma roda!

Ferramentas – Obrigatoriamente leve triângulo, extintor, macaco e chave de roda. Se possível, providencie ferramentas extras (ver “tranqueiras a bordo” na edição 74 da revista). O bom senso deve sempre estar presente em preparações para saídas (curtas ou longas). Fazendo a checagem de todos estes itens, você irá garantir um passeio sem surpresas desagradáveis. Boa viagem!

Luiz Antônio Fraga Moreira é engenheiro mecânico e proprietário da loja The Specialist4x4. O texto acima é matéria cedida pela Revista 4×4 & Cia.

Este texto foi escrito por: Luís Antonio Fraga Moreira