Petry foi o único do slalom brasileiro em Sydney (foto: Divulgação)
“Não andei o melhor que eu podia… Eram 10 mil pessoas olhando, a TV o tempo todo, isso deixa você um pouco tenso, não estou acostumado”. Lamentando não ter atingido o seu melhor, mas ciente da importância do 14º lugar em Sydney, o canoísta gaúcho Cássio Petry está de volta ao Brasil. Hoje à noite retornaria às aulas, no último ano de colégio, em Três Coroas. Está novamente na rotina de escola, trabalho, treinos e sonhos. Um deles, realizado: estar em uma Olimpíada.
Em entrevista à Webventure, Petry conta os detalhes do dia-dia em Sydney e de como foi estar no evento mais importante de sua modalidade.
Webventure – Como foram esses dias na capital do esporte mundial? Você nem ficou em Canberra, concentração do Brasil, foi direto para a Vila Olímpica, certo?
Cássio Petry – Sim, fui direto, não precisava de aclimatação. Só o fuso (14 horas de diferença) me deixou com sono um pouco atrapalhado nos dois primeiros dias, mas eu já havia estado na Austrália no começo do ano, sabia como era.
Webventure – Conte a sua rotina na Vila, os atletas que você encontrou lá, o que fazia nas horas livres…
Petry – Eu estava num quarto com o meu técnico (Alain Jordant) numa casa de 11 quartos. Junto com a gente estava o pessoal da canoagem velocidade, que eu acabei encontrando pouco, da esgrima e do atletismo – o Claudinei Quirino, a Maurren Maggi… Encontrei muita gente que só via na TV, dos brasileiros o Guga, o Xuxa (natação), o Wanderley Luxemburgo… aproveitei para tirar fotos com eles, nunca imaginei estar ao lado dessas pessoas. O legal é que nas Olimpíadas não tem um melhor que o outro, todo mundo se ajuda, dá risada junto… só estar lá é uma vitória. Eu treinava duas vezes por dia e nas horas vagas gostava de jogar videogame na Vila.
Webventure – E a cerimônia de abertura?
Petry – Nossa, foi muito emocionante. Antes de entrar a gente ficou brincando e imaginando quantas pessoas estariam nos vendo aqui no Brasil.
Webventure – Agora vamos falar da prova. Você pode treinar antes, então já estava acostumado à pista (Perith Lakes)…
Petry – Já havia remado nela na Copa do Mundo deste ano. Trata-se de um rio artificial, que é mais difícil que o natural porque ele se movimenta mais, uma hora tem remanso daqui a pouco você passa no mesmo lugar e não tem nada… E a água, por ser bombeada, tem uma pressão maior, o rio é mais rápido. Eu só treino em rio natural, então esse foi um dos meus pontos negativos.
Webventure – Como foi definida a ordem de largada?
Petry – Fui o 19º a largar, eles seguiram o ranking mundial. Mas a ordem não importa muito. Todo atleta tem direito a duas descidas e pode aquecer antes de cada uma.
Webventure – Quais foram suas maiores dificuldades na pista?
Petry – Tive problemas nas portas 9 a 11, na primeira descida. Na segunda, na 19, num total de 25. Foram esbarrões nas balizas e tempo perdido para ultrapassar essas portas. Mas o 14º lugar é o melhor resultado do C1 (canoa individual) slalom que o Brasil já teve. Só que eu esperava andar melhor, eu poderia andar melhor.
Webventure – E qual o motivo de isso não ter acontecido?
Petry – Faltou confiança. Era muita gente – 10 mil pessoas – assistindo a prova, TV o tempo todo… isso deixa você um pouco tenso.
Webventure – Claro que você já está pensando em Atenas/2004. O que teria de ser feito para o slalom do Brasil ter melhor resultado?
Petry – Precisa divulgar mais. Neste ano o meu telefone tocava o tempo todo para entrevistas, mas para a canoagem isso é só em ano olímpico. Quando acabam as Olimpíadas, acaba tudo pra gente.
Webventure – E o futuro do Cássio?
Petry – Tô voltando hoje pra escola. Vou baixar minha cabeça e retomar os treinos. O objetivo agora é o Pan de 2003. Para este ano ainda tenho duas etapas da Copa Brasil, até novembro. Depois vou descansar.
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira
Last modified: fevereiro 21, 2017