Família de Lourival Roldan. (foto: Luciana de Oliveira / Webventure)
Cada um da família dos brasileiros que estiveram no Dakar 2003 criou um meio de driblar a falta e as preocupações. Às quatro horas da manhã, Patrícia levantava e começava a viver o Dakar pela Internet. Acompanhava todas as informações e só descansava quando sabia os resultados do marido Jean Azevedo, que competiu nas Motos. Durante os 17 dias de rali, ela viveu no fuso de quem estava lá na África. Ontem, na chegada da equipe a São Paulo, foi dia de matar a saudade.
A presença dos familiares mudou a cara da tradicional coletiva de imprensa. Entre fotógrafos, cinegrafistas e repórteres havia esposas, crianças e bonecas. Lucas, de 7 anos, filho de André, até participou fazendo pergunta: Pai, como ficou o buguinho que estava competindo lá?. André, surpreso, respondeu: Ele está falando do quadriciclo que estava na prova. Lucas já anda de quadri e promete, segundo a mãe, Yara.
“Qual é o rali da morte?” – A família de André está acostumada a vê-lo partir para o Dakar há 16 anos. Mas só agora as crianças estão tendo noção, diz Yara, que acabou passando por situações delicadas com Natália, 9, e Lucas. Um dia ele estava vendo uma reportagem na TV e ouviu falar do ´rali da morte´. Me perguntou: ´Mãe, qual esse rali?´ Fiquei sem reação e tive que responder: ´É o rali que o papai corre´. Depois tentei explicar que esse é um recurso que a mídia usa para chamar a atenção.
Já a família de Lourival Roldan, estreante no rali, se esforçou para manter a calma e suportar a distância. A gente só passou coisas boas para ele. Ele nem ficou sabendo, por exemplo, que a Ana Carolina ficou doente e esteve uns dias internada para tomar sôro, conta a esposa Adriana. Amanda e Aline, ambas de 13 anos, trataram de mandar muitas mensagens para o pai no Muro de Recados do site de cobertura do Webventure e equipe Petrobras Lubrax.
Correspondente – Dona Cleonice, mãe de Jean e André, tinha uma repórter especial, a nora Patrícia. Recebia dela um resumo do dia para saber o que aconteceu com os filhos Jean e André. Presente na coletiva, dona Cleonice desabafou: A gente fica apreensiva, não importa quantas vezes eles já tenham ido para esta prova.
O método mais eficaz pareceu ser o da pequena Ana Carolina, de 4 anos, a caçula de Lourival. A mãe lhe entregou um calendário e diariamente ela foi riscando um dia a menos na espera pela volta do pai. Assim, se acalmou e aprendeu a lidar com a saudade. Para as irmãs e a mãe, aconselhava: Fiquem calmas, papai ainda vai demorar!
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira
Last modified: janeiro 23, 2003