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Fatos que marcaram o montanhismo em 2001


Parque Nacional do Itatiaia (à dir Domingos Giobbi): depois de incêndio novas normas de visitação. (foto: Helena Coelho)

Em 2001, início de um novo milênio, a expectativa que tínhamos era de um ano com escaladas marcantes, acontecimentos na área de montanhismo que mostrassem um panorama muito novo. Porém, este ano não trouxe nenhum grande recorde, nenhuma grande novidade no mundo do montanhismo, mas pipocou numa trajetória crescente.

O Parque Nacional de Itatiaia sofreu mais um grande incêndio e depois disso foram introduzidas normas diferentes para a visitação com o objetivo de minimizar os impactos causados pelo grande número de visitantes.

Jean Claude Razel e Pedro Amado escalaram o Shivling no himalaia indiano; uma equipe brasileira liderada pelo Waldemar Niclevicz realizou com sucesso mais uma tentativa no Paquistão, escalando a Trango Tower e colocando o alpinismo brasileiro de alta montanha em outro patamar; outro brasileiro, o paranaense Gil Piekarz, tentou escalar o Everest junto com uma expedição de Cingapura; a Adventure Sports Fair foi excelente; e a Paloma continua campeã brasileira de escalada esportiva.

Crescimento Nos destaques internacionais, montanhistas chilenas se tornaram as primeiras mulheres sul-americanas a chegar ao topo do Everest, em uma expedição comercial com oxigênio, guias e carregadores; uma nepalesa se tornou a primeira mulher a atingir o cume do Everest pelo Nepal e pelo Tibet, também utilizando oxigênio suplementar e carregadores.

Vitor Negrete e Rodrigo já haviam feito a primeira tentativa de escalar a parede sul do Aconcágua, em janeiro deste ano, e, neste mês de dezembro, foram lá para a segunda tentativa – oxalá tenham sucesso, pois seriam os primeiros brasileiros a fazer a via, a mais difícil dessa montanha!

Mas, o mais importante deste ano foi observar o aumento no número de montanhistas brasileiros que nos procuraram na Adventure Sports Fair ou mesmo através desta coluna interessados em fazer cursos de escalada em gelo e neve. Alguns estão indo para o curso de escalada em gelo do Clube Alpino Paulista ou do Club Andino de Bariloche, e outras pessoas foram para o Peru, em julho passado, ou estarão indo neste verão para escalar o Aconcágua, ou para a Patagônia, região do gelo continental.

Esse é, sem dúvida, o mais significativo fato, pois pode ampliar o universo de brasileiros nas altas montanhas. Assim como tem chamado a atenção o crescimento da escalada esportiva com grande aumento no número de praticantes e o nível técnico altíssimo nos campeonatos.

Novidades bem-vindas – O Dia Internacional da Montanha Limpa agora faz parte do calendário do Parque Estadual do Jaraguá / Secretaria do Meio Ambiente, que já contribuiu com verbas para o evento deste ano. O Diretor do Parque nos informa que as empresas que jogaram lixo já foram notificadas, o que é sem dúvida uma mudança marcante em relação a anos anteriores. E com esse tipo de ação, o Parque Estadual do Jaraguá tem condições de continuar melhorando.

Também neste final de ano, uma revista brasileira totalmente voltada para o mercado de escaladas e um ou outro trekking mais pesado, foi lançada no mercado. É uma iniciativa de Eliseu Frechou e de Filippo Croso, que dispensam apresentação no mundo do alpinismo brasileiro. Deverá chegar às bancas só na segunda quinzena de janeiro, mas posso antecipar que a “Headwall – Escalada & Aventura” poderá ser, apesar ainda do mercado restrito, um sério canal para mostrar atualidades da escalada no Brasil e no mundo, locais interessantes para a prática, análise de equipamentos e sua manutenção, a questão dos treinamentos específicos para montanhistas, de tipo de alimentos, de saúde, debates.

E ainda no final expõe os endereços dos sites de escalada, de lojas, clubes e associações, academias, muros, manuais, refúgios, distribuidores e fabricantes. Nesse primeiro número fala da Esfinge, um big wall de granito nos Andes Peruanos, de escaladas em Andradas e na Serra Gaúcha, além do trekking do Annapurna.

Esperamos que essa iniciativa tenha vida longa e que os editores e jornalistas tenham a coragem de abrir espaços para a amplitude de modalidades e de opiniões, sem cair no lava roupa suja que às vezes acontece quando se juntam dois ou três montanhistas neste país.

Para finalizar, só posso desejar “montanhas e montanhas” de boas ações para a preservação da natureza e, por que não, das montanhas e seus caminhos. Que 2002 seja um ano de excelente convívio entre as pessoas e das pessoas com a natureza.

Este texto foi escrito por: Helena Coelho