As federações de montanha de São Paulo (Femesp), do Rio de Janeiro (Femerj) e o Clube Alpino Paulista (CAP) não emitiram nenhuma conclusão sobre o material das escaladas do alpinista brasileiro Waldemar Niclevicz no K2, McKinley e Carstensz. Um vídeo e fotos digitais atribuídas aos cumes dessas montanhas foram enviados em janeiro passado a órgãos de imprensa por Niclevicz. O Webventure os repassou à essas instituições. O objetivo era que elas avaliassem o conteúdo e, no caso do CAP e da Femerj, que intermediassem o envio do material à UIAA, a federação internacional de alpinismo. Trata-se do órgão máximo da modalidade no mundo e ao qual o CAP e a Femerj são filiados.
Representantes das entidades alegaram que não tiveram condições de avaliar o conteúdo. Afinal, no K2, por exemplo, Niclevicz é considerado o primeiro e até agora único brasileiro a chegar ao cume. Apesar de o CAP ser um clube fundado em 1959 e com tradição em escalada em gelo e alta montanha, não temos nenhum alpinista que tenha estado nessas montanhas, afirmou o presidente do Clube Alpino, Renato Affonso.
O melhor que pudemos fazer foi o contato com o Abele Blanc, destacou Silvério Nery, presidente da Femesp. Manifestando-se pela primeira vez sobre a escalada que fez com Niclevicz, Blanc confirmou à Femesp que os dois estiveram juntos no cume do K2, em 2000.
Contato com a UIAA – Em relação ao envio do material à UIAA, o CAP levou esta idéia ao Conselho e ela não foi aprovada. Nos isentamos disso porque Niclevicz não é sócio do clube, justificou Affonso.
A Femerj chegou a contactar a federação internacional questionando se era possível a verificação da autenticidade das fotos e vídeos. Recebemos uma resposta negativa, diz Bernardo Collares, presidente da Femerj. Na resposta, a entidade diz que adotou, em assembléia geral, em outubro de 2000, um texto dizendo que o o montanhismo é um esporte que se auto-regula e funciona com base em que os montanhistas e alpinistas falam a verdade em relação a seus feitos. E que se deve acreditar no sucesso das escaladas a menos que uma forte evidência sugira o contrário.
O texto diz ainda que a UIAA reconhece que não existe prova conclusiva para uma alegação. E que dúvidas podem surgir, mas se recomenda que, na consideração de qualquer dúvida, sejam levadas em conta as afirmações acima.
E a UIAA completa: Talvez seja do interesse do próprio alpinista ir atrás de fotos de outras expedições comprovando que suas próprias fotos ou imagens em vídeo provem o sucesso de sua escalada.
Entidade confirmou cume do K2 – Posteriormente, o Webventure também fez contato com a UIAA e o presidente da Comissão de Expedições da entidade, Joss Lynam, concordou em receber os dados das escaladas de Niclevicz e, consultando registros, confirmou o cume do K2, mas relembrou também a postura da entidade de sempre acreditar na palavra dos montanhistas (leia a reportagem completa).
Este texto foi escrito por: Luciana de Oliveira