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Felipe Camargo volta da Europa e projeta 2010 de olho na evolução deste ano


Felipinho teve seu melhor resultado no Europeu em Munique (foto: Arquivo pessoal/ felipegcamargo.blogspot.com)

Foram seis meses na Europa, em busca de evolução na escalada esportiva e também aproveitar o que pôde na escalada em rocha. Esta foi a temporada de Felipe Camargo em 2009, que resultou na participação do Mundial Juvenil, junto da seleção brasileira da categoria, a inédita 6ª colocação no Campeonato Europeu, considerado pelo atleta o melhor deste ano, além de três etapas da Copa do Mundo e o Open na França. Para 2010, ele conta que quer retornar para o Velho Continente, e já está na busca por incentivos.

Em entrevista exclusiva ao Webventure, Felipinho revelou os planos para o próximo ano e como conseguiu se manter, sem patrocínio, na Europa.

Com coragem e apoio dos amigos, o atleta de apenas 18 anos resolveu se aventurar em dois países, para praticar a modalidade em distintos ambientes: em ginásios e em rocha. “Já sabia que queria ir para a Espanha, para escalar em rocha e na Áustria, para treinar em ginásios, pois é o melhor lugar para praticar, com os melhores lugares. E tenho alguns amigos que moram lá e que puderam me ajudar. Fiquei de casa em casa, com os amigos”, contou Camargo, que também fez parte da viagem na companhia de dois atletas norte-americanos, que tinham carro e dividiam despesas.

Sem apoio, o brasileiro teve que mudar seu planejamento para este ano. Diferente de 2008, que realizou três viagens para competição, este ano Felipinho optou por uma viagem só, mais longa. “Acabei ficando seis meses fora, embarquei em abril e já sabia que queria ir para a Espanha e Áustria”, explicou. Na Europa ele pôde conviver com os melhores escaladores do mundo na atualidade, como Dani Andrada, Patxi Usobiaga, entre outros.

Escolhas – A escolha de Camargo em escalar na Espanha foi, primeiramente, pela vontade de escalar rochas. O brasileiro chegou a cogitar não competir mais para passar os seis meses que tinha em mente no país. “Fiquei cerca de dois meses por lá só escalando rocha e estava tão motivado e focado nisso, que quase desisti de participar de campeonatos para ficar só nas rochas nessa temporada. Na última hora, meus amigos começaram a me chamar para ir competir e me convenceram. Por mim, eu ficaria na Espanha mesmo, me apaixonei, é demais”, contou o atleta.

Um dos feitos mais importantes de Felipinho na Europa foi a conquista da via Los Inconformistas, em Rodellar, na Espanha. Graduada em 11C (9a francês), o brasileiro tentou por 10 dias e se tornou o primeiro brasileiro a fazer um 11C.

Mesmo encantado com os desafios e com as diferenças nas vias rochosas, Felipe foi convencido a voltar para os campeonatos de escalada esportiva por seus amigos. Na Áustria, em um dos maiores ginásios da Europa, ele começou a rotina de treinos, que não considerou tão pesada. “Lá a rotina de treinamento não foi tão puxada quanto aqui no Brasil. A estrutura é tão boa e tanta gente forte praticando, vias difíceis, que não precisei treinar tanto”, explicou Camargo que, uma semana depois, já estava competindo no Mundial Juvenil da modalidade.

De volta aos treinos na Áustria, dentro do ginásio, Felipinho já tinha um desafio marcado: o Mundial Juvenil em Valence, na França. Este foi o primeiro campeonato que o atleta contou com a Seleção Brasileira. Sem um bom desempenho, Camargo ficou com a 12ª posição na competição, e seguiu seus treinamentos na Europa.

Tempos depois, pôde comprovar que sua evolução nas técnicas e nas competições. “Com certeza, tive uma evolução muito legal. No Campeonato Europeu, eu tive três semanas de treinamento e fiquei em 6º. Isso fez muita diferença e acho que isso mostrou minha evolução”, contou.

Felipinho conta que o Campeonato Europeu, realizado em Munique (Alemanha) foi, de fato, seu melhor desempenho em 2009. Na competição, o brasileiro conquistou um inédito resultado para a escalada esportiva brasileira, com a 6ª posição. “Lá é como se fosse a Copa do Mundo, apesar de ser europeu, conta com atletas de outros países também. Estavam todos os atletas que participaram do Mundial Juvenil, que tinha acontecido duas semanas antes, na França. Mas foi o meu melhor campeonato, foi muito bom”.

Diferenças – O atleta já planeja seu retorno para a Europa em 2010 e admite que está atrás de novos patrocínios. As diferenças de treinamento na Europa foram visíveis para o brasileiro, que destaca os ginásios de treinos.

“Primeiro que a quantidade de vias difíceis montadas nos ginásio é grande. Os locais têm 17 metros de altura, são paredes texturizadas, como no Mundial, as agarras não agridem tanto a pele e dá para treinar bem mais. E o nível dos escaladores é bem alto, pude aprender bastante coisa, tive oportunidade de fazer amizades com o pessoal que está no topo da Copa do Mundo”.

Para Felipinho, existe uma grande diferença do tratamento que é dado à escalada no Brasil e na Europa. “Lá na Áustria, no ginásio que treinei, muitas crianças de 8 anos treinavam todos os dias e escalavam muito bem. No Brasil eu não vejo isso, e o número de pessoas com menos de 18 anos escalando é mínimo. Eles começam desde a escola, que visitam os ginásio pelo menos uma vez por semana, Nisso eles pegam gosto e começam a praticar”, explicou.

Este texto foi escrito por: Bruna Didario