Falta de apoio financeiro prejudica o atleta (foto: Arquivo pessoal/ Felipe Camargo)
Felipe Camargo, o Felipinho, acaba de voltar da Guatemala com o título de sua categoria, no Campeonato Centrosulamericano de Escalada Esportiva. O campeonato é destinado a três categorias: Juvenil A, Juvenil B e Junior. Com 15 anos, Felipe compete na Juvenil B. Na via final, a mesma para todas as categorias, apenas Felipinho conseguiu fazer o top. Foi bem legal. Muito bom. Estava com a cabeça para ganhar, afirmou o atleta.
O primeiro dia de competição na Guatemala foi destinado a duas eliminatórias. O dia seguinte seria a final. Eram as mesmas vias, durante todo o campeonato, para todas as categorias. No primeiro dia, as vias estavam muito boas. A primeira estava um VIIIa e a segunda um IXa. Na primeira bastante gente completou mas, da minha categoria, só eu completei, explicou Felipe.
A eliminatória II estava um IXa e, de novo, da minha categoria, só eu completei. Das outras categorias, apenas mais dois atletas completaram, explica o atleta. Com isso, Felipinho passa para as finais fechando todas as vias.
Top – De todas as categorias, o brasileiro foi o único que completou a via final. Quero agradecer ao Kesler Jamal [técnico] que, sem ele, eu nem teria viajado, commentou o atleta.
O próximo desafio de Felipe é a final do Campeonato Brasileiro de Escalada Esportiva, que acontece no início de dezembro, em São Paulo. O atleta sonha em poder participar de etapas da Copa do Mundo, no ano que vem, e do Mundial Juvenil, que acontecerá no Equador.
Para isso, o atleta busca patrocínios, para não ter que custear suas viagens. Neste ano, ele já poderia ter ido a etapas da Copa do Mundo, por ser um dos cinco melhores do Brasil, mas não teve condições de custear a passagem e despesas.
Conversando com atletas de outros países durante a competição, Felipinho constatou que apenas o Brasil e a Costa Rica tinham competidores que custearam as próprias viagens. Conversando com os atletas, eles ficaram impressionados em saber que eu que tinha pago para estar lá, comenta.
Do Brasil, foram mais três atletas, além de Felipe, e o pai de um deles para acompanhar. A Venezuela foi com 12 atletas, um delegado e um treinador. Eram 14 pessoas com tudo pago pela federação deles, disse indignado.
Com os outros países foi a mesma coisa. Cada federação custeou a viagem e hospedagem de sua delegação. Do Chile eram nove competidores e dois acompanhantes e, do Equador, oito atletas e um acompanhante.
Salário – A maioria deles [atletas] recebe salário para treinar. Não gastam dinheiro nem com equipamentos. A Federação banca tudo. O garoto da minha categoria, que ficou em segundo, me disse que esse ano eles foram para o Mundial Juvenil na Áustria, passaram quatro semanas na Europa treinando e competindo, com tudo pago pelo Governo e pela Federação, explicou Felipe.
Os únicos países que os atletas tiveram que pagar para ir foram o Brasil e a Costa Rica, que foi apenas um atleta. Do Brasil, foram quatro atletas mais o pai de um dos meninos. Cada um pagando sua parte, comenta. Eu não fui para o Mundial por falta de grana.
Este texto foi escrito por: Thiago Padovanni