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Feridas do gelo: fotos e histórias da última temporada de expedições na Antártica


A bolha no pé do britânico Mark Wood (foto: Mark Wood)

Foi uma grande festa: um número sem precedentes de visitantes no Polo Sul comemorou o aniversário de 100 anos do feito do norueguês Roald Amundsen (leia aqui sobre o centenário da conquista polar), em episódios cheios de ação e vários novos recordes mundiais de distância.

Fechando a temporada, fotos do campo de batalha mostram evidências de uma luta difícil. Alguns se recuperam rápido, mas outros terão de viver com seus “souvenirs” para o resto da vida. Sorte que a logística moderna tem poupado o alto preço cobrado dos pioneiros britânicos da equipe de Robert Scott [concorrente de Amundsen], que faleceram na expedição de 1912.

Bolhas. As bolhas são comuns, especialmente no início de uma expedição polar de esqui. Existem medidas preventivas que envolvem talco e fita adesiva, mas, às vezes, as lesões acontecem. Nesses casos, uma infecção pode abortar todo o esforço, antes mesmo de começar. Em sua expedição solo, o britânico Mark Wood percebeu isso cedo. “Depois de 7 milhas, eu me sentei no trenó e tirei as botas”, relatou. “Dei um jeito de enfaixar o pé e continuar por mais 8 milhas. Só senti a ferida quando fiz uma pausa, então tentei me manter em movimento a maior parte do dia”.

“Tudo isso foi culpa minha, mas a recuperação foi rápida”, disse Mark. “Ainda que meus pés estivessem muito ruins no início da expedição, o ambiente antártico é bem seco e acabei me recuperando rapidamente. Todas as noites minha prioridade era tratar as feridas, o que funcionou bem”. As bolhas também são motivo de preocupação porque podem facilitar o congelamento.

A escolha arriscada de Sebastian. Sebastian Copeland que fez em dupla uma nova rota de kite-esqui no continente tem cuidado de seus frostbites (extremidades congeladas) por semanas.

Como a maioria dos montanhistas sabe, o tratamento rápido do frostbite é crucial para a recuperação completa. Além disso, extremidades congeladas em desertos remotos, como a Antártida, podem se tornar rapidamente uma ameaça à vida, especialmente se ocorrem complicações como a septicemia (envenenamento do sangue), o que pode ser uma infecção mortal.

Sebastian teve a lesão antes de chegar ao polo e decidiu continuar após ponderar diferentes recomendações médicas. Chegando à base de apoio no Glaciar Union, Sebastian correu para a tenda hospitalar. “Os médicos tinham monitorado a condição dos meus dedos pelo telefone e estavam ansiosos para verem eles mesmos”, disse.

“Todos ficaram impressionados com o quão limpo e livre de infecções eu consegui ficar. Parece que eu vou manter meus dedos, mas ainda estão discutindo os procedimentos a tomar. A coisa mais importante será manter as feridas limpas. Um dos meus dedos do pé está quase recuperado, especialmente agora, nas baixas altitudes, onde o oxigênio é abundante e o sangue é bombeado com fartura, podendo continuar com seu trabalho de cura. Outro dedo pode ficar com o osso exposto quando a escara cair, o que exigirá cuidado extra para prevenir uma infecção e a necessidade de um enxerto de pele”.

“Alguns momentos após o término da expedição, meus pés estão pulsando mais do que eu já tenha percebido. Eu acho até difícil imaginar como consegui espremê-los dentro de uma bota de esqui diariamente, em semanas de abuso na neve irregular antártica. Incrível como podemos ficar resilientes quando necessário”, reflete.

Devido à morte do tecido contínuo, a extensão completa de um congelamento (e sua recuperação) é descoberta em torno de três meses após o dano ter sido infligido.

Outras feridas. Com uma costela quebrada, queimaduras e frostbites nos pés, o sueco Johan Ernest pareceu ansioso por cuidados médicos em seu último despacho de áudio, feito a partir da base no Glaciar Union.

Esquiando distâncias recorde sem o uso de kite, ligado ao trenó por um pesado arreio, Aleksander Gamme apresentou hematomas profundos nas coxas e nos quadris, causados pelas tiras apertando os músculos. Os australianos James Cassistrion e Justin Jones ficaram com os pés lesionados, além de queimaduras no rosto.

Um equipamento de confiança é crucial em condições cruéis. Botas ruins puniram o inglês Byrony Balen com bolhas e inchaço, até que o despacho aéreo de um novo par salvou o dia.

A perda de peso. Todos os esquiadores relataram perder muito peso, algo em torno de 10 a 20 quilos. A drástica perda de peso nas áreas polares é um resultado da longa e dura caminhada sem lojas de conveniência pelo caminho. Em parte também é devido aos esquiadores se estufarem de comida antes da expedição, criando uma espécie de isolamento, e porque é divertido comerem tudo o que quiserem. Grande parte do peso volta rápido. Depois de perder 30 quilos, Jonesy teria recuperado oito já na base do Glaciar Union, graças aos abundantes refeições servidas lá.

Do portal ExplorersWeb.com, parceiro de conteúdo do Webventure

Este texto foi escrito por: Da Redação